Campos – Cheiro e gosto ruins, semelhantes a “pó de broca” (produto utilizado para combater insetos nas lavouras). Assim amanheceu a água consumida em vários bairros de Campos dos Goytacazes, ao norte do Estado do Rio de Janeiro nessa segunda-feira (22) e permanece nesta terça.
As reclamações são muitas; mas a concessionária Águas do Paraíba, responsável pelo abastecimento do município, informa que o produto atende a todos os parâmetros de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde, e possui todas as características físicas, químicas e biológicas, sem a ocorrência de quaisquer efeitos adversos à saúde da população.
“A concessionária esclarece, ainda, que monitora todo o sistema operacional, bem como o tratamento de água e controle de qualidade”, diz nota divulgada pela assessoria de imprensa da empresa. No entanto, embora houvesse insistência para que fossem explicados o cheiro e o gosto estranhos, não houve esclarecimentos.
A falta de informações mais claras geraram inúmeras especulações; uma delas, por meio de áudio, sugerindo que se “evite consumir a água, mesmo filtrada, porque o Rio Paraíba teria recebido uma carga pesada de metal poluente”. Outra sugestão especulativa foi: “É melhor fechar o registro, para evitar que essa água continue entrando na caixa”.
Contactado, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) adianta que agendou uma coleta extraordinária para verificar a qualidade da água dos rios Pomba e Paraíba, “em complementação ao monitoramento que está sendo realizado pelas concessionárias locais”. No caso de Campos, o órgão assinala que monitora a situação junto a Águas do Paraíba.
Quanto ao cheiro e gosto desagradáveis da água, o Inea também não explica. No entanto, extraoficialmente, há informação de que podem estar sendo provocados pelo baixo nível do Rio Pomba, que deságua do Paraíba e do próprio, que abastece Campos e desemboca no Pontal de Atafona, em São João da Barra.
ALGAS EEFLETEM - O aparecimento de algas na superfície dos dois rios seria reflexo do baixo nível do Paraíba, agravado pela presença de esgoto lançado nas águas. Especialistas explicam que esse tipo de vegetação faz parte do ecossistema do rio; mas, o excesso de nutrientes na água não é normal e causa um fenômeno chamado eutrofização.
Outra situação observada é que as algas estarem no rio não prejudica e sim a grande quantidade delas; porque dificulta que outros seres vivos realizem fotossíntese. Nesse caso, a água fica verde, com gosto de ruim, cheiro desagradável e pode ser perigosa para o consumo não estando devidamente tratada.
Águas do Paraíba tranqüiliza que o monitoramento é frequente e que não há nenhum problema que ameace o consumo. O subsecretário de Meio Ambiente de Campos, Renê Justen afirma que está em contato com o Inea, responsável pelo controle do manancial e acompanha a situação junto ao órgão estadual.
“A concessionária Águas do Paraíba também está fazendo acompanhamento”, confirma o subsecretário reforçando que as concentrações da água consumidas no município estão dentro dos padrões de potabilidade regidos pela portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 888/2021.
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