A água do rio apresenta cor esverdeada, que estaria sendo causada pela presença do ?geosmina? Foto Reprodução

Campos – A polêmica sobre a qualidade da água consumida em Campos dos Goytacazes (RJ) continua; principalmente porque o odor e o cheiro semelhantes a “pó de broca” permanecem. A concessionária Águas do Paraíba, responsável pelo abastecimento do município, insiste que o produto está dentro dos padrões para consumo. Porém, não convence e o prefeito Wladimir Garotinho acaba de cobrar clareza à empresa.
Por meio da rede social pessoal, Wladimir diz que a prefeitura já notificou Águas do Paraíba para que apresente laudo sobre a potabilidade da água fornecida no município, “mediante ao cheiro forte que o produto vem apresentando”, desde o final da última semana, “sob pena de multas diárias”.
Nova notificação foi feita nesta quinta-feira (25). O objetivo agora é saber quais medidas foram adotadas pela empresa para tirar o gosto e cheiro estranhos relatados pelos consumidores e o que será feito para compensar a população pelos dias que não receberam o produto adequado, conforme estabelece o contrato de concessão. O prazo estabelecido para resposta
da nova notificação é de 24 horas.
“As informações iniciais são de que algas estão se multiplicando no leito do Rio Paraíba do Sul, devido ao longo período sem chuva e não apresenta risco”, ressalta o prefeito que cobra: “Queremos os laudos técnicos e precisos, para termos garantia de que o nosso povo está em segurança e que não teremos problemas no abastecimento do município”.
Quanto às cobranças para que a concessão dada à empresa pelo governo municipal seja revogada, Wladimir afirma que não é uma coisa tão fácil como se imagina: “Não é tão simples como se fala; a concessionária possui um contrato vigente. Eu fui o único prefeito da história da cidade que negou todos os reajustes; o que eles conseguiram foi na Justiça. Vamos criar uma agência reguladora municipal, para termos maior capacidade de fiscalização e cobrança, como é feito em todo lugar”.
Segundo Wladimir, a prefeitura tem acompanhado a situação do Paraíba, por meio de diversos órgãos. Notificada pela Secretaria de Obras e Infraestrutura, Águas do Paraíba apresentou exames laboratoriais que descartam o risco de contaminação. A Subsecretaria de Meio Ambiente também acompanha o trabalho da concessionária.
NOVA NOTIFICAÇÃO - A primeira notificação do setor de Fiscalização de Contratos da Secretaria de Obras foi feita nessa quarta-feira (24); a empresa apresentou dois exames laboratoriais apontando não haver problemas de contaminação da água. Por iniciativa do prefeito, nesta quinta-feira nova notificação foi emitida à concessionária.
Confirmando o que havia dito à reportagem de O Dia na última terça-feira, o subsecretário de Meio Ambiente, René Justen, realça que a inspeção de qualidade da água bruta do Rio Paraíba do Sul é de responsabilidade Inea: “Nós estamos acompanhando a situação junto a Águas do Paraíba. Na análise da concessionária não foi apresentada toxicidade. Também foi informado pela empresa que está sendo adicionado carvão ativado no tratamento da água para eliminar o odor”.
Já a Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) informa que está atenta às denúncias de preços abusivos de água mineral. Segundo o secretário, Carlos Fernando Monteiro, o órgão tem recebido denúncias de que alguns comerciantes estariam aumentando o preço do produto em virtude da situação do Rio Paraíba do Sul.
“As pessoas não chegaram a relatar qual seria o estabelecimento que estaria praticando esse preço abusivo”, assinala Monteiro orientando: “Para que possamos atuar, é preciso que as pessoas digam qual é o estabelecimento. Peço a colaboração de todos os consumidores de Campos, que assim que encontrarem algum estabelecimento praticando preço abusivo entrem em contato com a gente”.
A água do rio em Campos apresenta cor esverdeada; para os consumidores, ela está chegando incolor; porém com cheiro e gosto ruins. Biólogos afirmam que a causa é a presença de ‘geosmina’ no Rio Paraíba, fato ressaltado pela Biovep Qualidade Ambiental – empresa licenciada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para atuar no ramo de controle de pragas e limpeza de reservatórios de água.
OPORTUNISTAS - “O que provoca esta mudança no sabor e no cheiro da água é a presença de uma substância chamada ‘geosmina’, produzida por alguns microrganismos”, realça a empresa afirmando que o que a substância “está presente na água do rio em maior quantidade devido a alguns fatores como a época de estiagem, temperatura e luz ideal”.
No entanto, Águas do Paraíba divulga que não confirma a presença de ‘geosmina’ e reforça: “O Rio Paraíba do Sul está sendo monitorado diariamente e em nenhuma destas análises foram detectadas presenças de algas e toxinas fora dos padrões definidos na Portaria nº 888 – Padrões de potabilidade de água”.
Desconfiadas, as pessoas evitam consumir o produto fornecido pela concessionária. Principalmente, porque o Inea aponta que já verificou a possibilidade de vazamentos acidentais de substâncias que possam causar alterações na qualidade da água, e que até o momento não foram identificadas fontes de contaminação.
A Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) informa que está atenta às denúncias de preços abusivos de água mineral. Segundo o secretário, Carlos Fernando Monteiro, o órgão tem recebido denúncias de que alguns comerciantes estariam aumentando o preço do produto em virtude da situação do Rio Paraíba do Sul.
“As pessoas não chegaram a relatar qual seria o estabelecimento que estaria praticando esse preço abusivo”, assinala Monteiro orientando: “Para que possamos atuar, é preciso que as pessoas digam qual é o estabelecimento. Peço a colaboração de todos os consumidores de Campos, que assim que encontrarem algum estabelecimento praticando preço abusivo entrem em contato com a gente”.
CONCESSIONÁRIA - Após a manifestação do governo municipal, a concessionária divulgou a seguinte nota, nesta quinta-feira: “Águas do Paraíba informa que o período de seca prolongada com grandes alterações na temperatura e a baixa vazão dos rios no noroeste Fluminense, ocasionaram a proliferação de algas cianofíceas no Rio Paraíba do Sul, afetando a qualidade da água bruta em diversos municípios da região, inclusive, Campos dos Goytacazes.
A concessionária esclarece que essas manifestações são temporárias e eventuais efeitos de gosto e/ou odor, que possam ser percebidos por parte da população na água tratada, não apresentam nenhum risco à saúde. Apesar da última análise laboratorial (recebida em 25/07) ter identificado a presença dessas algas na água bruta captada no rio, a água tratada está em conformidade com os parâmetros da Legislação, própria para consumo.
Todas as medidas de controle e tratamento estão sendo tomadas para garantir a qualidade da água distribuída. As estações de tratamento de água da concessionária contam com tecnologias avançadas e estão preparadas para tratar com eficiência a água nessas condições.
Em anos anteriores, esse evento já ocorreu no município e toda a água tratada fornecida à população sempre esteve dentro dos padrões de potabilidade. A empresa está monitorando ativamente a situação, conforme a orientação do Ministério da Saúde, por meio de sua Portaria GM/MS nº 888”.