As curas espirituais acabam atraindo os ateus, os médicos ortodoxos, os religiosos dogmáticos e até os indiferentes, que acabam se surpreendendo com os ensinamentos valiosos da vida imortal
Espíritos curam corpos ou espíritos? Antes de responder a esta pergunta, sempre é bom destacar que o Espiritismo ou a Umbanda não tem como finalidade principal a cura das doenças do corpo. A doutrina ajuda, mas não visa competir com a Medicina. As entidades espirituais cooperam sem a intenção de interferir na profissão dos médicos, destaca Edvaldo Kulshesky. Os espíritos, no máximo, inspiram e cooperam nas atividades terapêuticas utilizando os médiuns, mas sem qualquer intenção de enfraquecer a profissão dos médicos, cujo conhecimento acadêmico deve prevalecer acima da atuação de nós, leigos.
As curas obtidas por intermédio da mediunidade têm por objetivo principal o alívio físico do enfermo, muitas vezes despertando no paciente o entendimento para a existência da vida espiritual. É no centro espírita ou no terreiro de Umbanda que aprendemos o mecanismo da vida. É uma espécie de hospital onde as feridas do sentimento encontram medicação e todas as inquietudes recebem repouso.
Esses lugares, além de escolas, são hospitais de almas, onde se ministram passes, onde se oferece água fluidificada, onde se favorece a desobsessão, onde se abre canais de ajuda espiritual pela força da prece e do esclarecimento e onde se revigora a esperança e torna a fé inabalável. Nos hospitais, o corpo é tratado. Nas casas espíritas, o tratamento é dirigido às almas, já que são corrigidas as mazelas do espírito.
É fundamental o cuidado, salienta Kulshesky, com essa febre que temos visto nas sessões de fluidoterapia prometendo curas. O Espiritismo e a Umbanda não competem com a Ciência e, portanto, não devemos trazer para os centros espíritas o que pertence aos outros ramos do conhecimento.
A missão de curar é do médico. As casas espíritas não são consultórios médicos. A conclusão é que os centros são clínicas onde a alma é tratada, não o corpo. A cura poderá vir por consequência, pois nem sempre conhecemos as origens das doenças que nos afligem. Se a finalidade do hospital é curar o doente, quando esta cura acontece, o hospital alcançou o seu fim. Aí o paciente recebe alta e vai embora.
Já no centro espírita ou umbandista, a cura do mal físico ou espiritual deverá dar ao paciente motivo e condições para que preferencialmente o paciente continue frequentando a Casa, pelo menos, por algum tempo, buscando entender as razões pelas quais a doença o trouxe até ali e o porquê da cura. Não é o objetivo do Espiritismo ou da Umbanda remendar corpos, e sim, cuidar de almas.
Definitivamente, a finalidade precípua do Espiritismo ou da Umbanda é a de curar o espírito enfermo. Não se constituem de uma organização mundial de assistência médica espiritual. É bem verdade, que há médicos mais bem assistidos do que muitos médiuns de cura. Assim como é verdade que, infelizmente, certas criaturas mercenárias ainda usam a sua faculdade mediúnica para fins desonestos, aliando a prática da caridade com a remuneração financeira.
Muitos médicos alegam que a cura espiritual é uma intromissão desleal que afeta a sua esfera profissional, lembra Kulshesky. A medicina acadêmica ainda não consegue curar todas as enfermidades do corpo físico. E também se mostra incapacitada para solucionar as doenças psíquicas de origem obsessiva. Por isso, que os médicos não têm condições de censurar os esforços do tratamento mediúnico, que tenta suprir as próprias deficiências médicas no tratamento das moléstias espirituais.
A medicina oficial, embora torça o rosto para a inclusão do médium na sua área profissional, fracassa diante dos casos de obsessões, quando pretende tratá-las de modo diferente da técnica tradicional adotadas pelos médiuns. Na verdade, o médico e o médium devem se transformar em instrumentos abençoados, quando se preocupam em aliviar os pacientes de sua dor. O médico também pode desempenhar junto aos enfermos as funções de médium, caso seja uma criatura afetiva e sensível.
As curas espirituais acabam atraindo os ateus, os médicos ortodoxos, os religiosos dogmáticos e até os indiferentes, que acabam se surpreendendo com os ensinamentos valiosos da vida imortal. Muitas criaturas, depois de exaustas em razão da via-crúcis pelos consultórios e hospitais, já decepcionados e descrentes das ressonâncias magnéticas, dos eletrocardiogramas, das radioterapias e cirurgias, acabam aceitando a inclusão dos tratamentos espirituais.
A prioridade de cura espiritual é sempre das pessoas que estão com suas provas cármicas terminadas, as de melhor graduação espiritual. Ou as que se encontram no fim de suas provas cármicas dolorosas pelo sofrimento. Esses pacientes são os eleitos a serem beneficiados pelas irradiações fluídicas e passes mediúnicos.
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