O homem sempre viveu em guerra, desde a era das cavernas. Numa correta análise, nosso irmão Felipe Gama lembra que desde que as primeiras tribos passaram a lutar por algum recurso natural ou pela sua soberania, os povos se dividiram em estados, países e regiões. Eu acrescentaria: a conquista de territórios sempre foi o mais potente propulsor das guerras.
O resultado da guerra é a segregação de homens em classes sociais, etnias, grupos religiosos e até povos com diferentes ideologias econômicas. A guerra sempre foi uma solução imediatista com graves consequências, mas como a espiritualidade vê as guerras? Como podem ser permitidas por Deus? E as mortes? O soldado que mata na guerra está cometendo assassinato?
A guerra é a predominância do nosso instinto animal de superioridade pela força, continua Felipe Gama. Devido a nossa ainda pouca evolução espiritual, acreditamos que somente seremos entendidos e respeitados se “gritarmos mais alto” para valer nossos argumentos. Deus permite ao homem o seu livre-arbítrio, sendo a guerra um caminho escolhido pelos homens para resolver suas diferenças.
Só que a guerra nunca será o caminho preferido pela espiritualidade amiga que inclusive busca sempre dissuadir os poderosos de uma ideia de conflito bélico. A guerra é a preferência do homem pela força à razão. Por outro lado, se Deus permite a guerra é porque, através dela, o homem pode tirar lições valiosas em razão do seu livre-arbítrio. A ironia, destaca Felipe Gama, é que através dos acontecimentos tristes das guerras é que tivemos avanços sociais e tecnológicos. Sem falar nas guerras que buscavam a liberdade de povos oprimidos.
A guerra é permitida por Deus para que possamos através de nossos erros, compreender suas leis de forma mais clara e criteriosa. Isso leva a sermos atacados pelo mal que escolhemos e assim, aprender na prática que aquela atitude deve ser extinta de uma sociedade em evolução. Surpreendentemente, alguns conflitos levaram à criação de boas coisas como a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Deus não encoraja a guerra, ela é consequência da nossa natureza enrijecida no mal, pontua Felipe Gama. Nós, em nossa imperfeição - e teimosia - buscamos forçar situações para que ocorram à nossa maneira. Queremos estar certos e nosso orgulho impede admitir nossos erros, criando situações que levam à guerra.
Aqueles que provocam a guerra em seu proveito é o verdadeiro culpado. Muitas existências serão necessárias para expiar todos os assassinatos pelos quais tenham sido responsáveis. E aí surge a pergunta: se a guerra é um mal ocorrido em razão do nosso livre-arbítrio, seria condenado o soldado que numa guerra, mata o seu semelhante?
Durante uma guerra, o soldado está sob o comando de algum superior responsável, encontrando-se numa situação delicada. Se mata, estaria transgredindo a lei divina? Mas, se morre, por não se defender, em tese, estaria praticando suicídio indireto. É uma situação complexa. O soldado não é culpado pelos assassínios que comete durante a guerra quando surge a necessidade de sobrevivência do indivíduo.
A guerra desaparecerá, algum dia, da face da Terra quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus; então, todos os povos serão irmãos.