Perdi a conta de quantas vezes as pessoas me perguntaram como saber o que elas foram em outras vidas. Aliás, vamos repetir a pergunta do nosso irmão Décio Pattini: quantas vidas já tivemos? E o que fomos nessas vidas?

Eu também sempre gostei de instrumentos musicais, mas por falta de oportunidade, acabei não aprendendo o mínimo para desenvolver a habilidade necessária. Deve ser por isso que não consigo deixar de ficar extasiado quando vejo vídeos de crianças pequenas geniais dedilhando pianos ou tocando violinos como adultos. Reencarnação, sem qualquer dúvida.

Tenho uma razoável habilidade motora e me pergunto quantas vezes teriam sido necessárias até eu aprender a tocar de forma correta? Repetição: este é o truque dos músicos, bailarinos, atletas e acrobatas. Os jogadores aprendem a bater faltas e a cobrar escanteio, repetindo, pontua o Décio Pattini.

Aprender a dirigir é a mesma coisa: são alguns poucos comandos que temos que dominar. E até dominá-los, leva um bom tempo, pois temos que repetir muitas vezes. Tudo é repetição. Tudo é treino. Se essas coisas relativamente fáceis nós demoramos tanto para aprender – e alguns de nós pensam que não serão capazes de aprender nunca –, quantas vezes nós teremos que reencarnar até desenvolvermos determinadas características morais?

O número de reencarnações é diretamente proporcional ao nosso nível de aprendizado espiritual. A evolução espiritual é fundamental. Nas primeiras vezes que reencarnamos, ainda primitivos, não conseguimos nem entender o que sejam questões morais – assim como quem tenta tocar uma música de ouvido não acha nem o primeiro acorde.
Vamos reencarnando, reencarnando e desenvolvendo, bem devagarinho, algumas qualidades morais, do mesmo modo que a música, aos poucos, vai saindo das cordas do violão, ainda em tímidos acordes, descompassados e lentos.
Por fim, já sabemos perfeitamente as qualidades morais que temos que desenvolver. E fazemos o que está ao nosso alcance para concretizá-las, para ajudar nossa evolução espiritual, igualzinho à música que flui, nítida e límpida, dos acordes ajustados, lembra Pattini. Só que demora muito para tocar perfeitamente. Tem sempre algum errinho, seja no dedilhado, seja na afinação do instrumento, onde resvalamos.

E é assim como nossa existência, onde o aprendizado dá sempre uma resvalada. Por isso, a necessidade de mais reencarnações. No Espírito Imortal, Morel Felipe Wilkon, isso é bem definido. Nem sempre notamos o progresso, por isso, a necessidade de "treino", isto é, de aprimoramento moral.

A gente consegue, não é difícil. Quando nos referimos às qualidades morais, não são aqueles conceitos antigos, que restringiam a liberdade do ser humano. Não se trata da "moral e os bons costumes" e, sim, desenvolver a capacidade de se fazer o bem e verdadeiramente, amar o próximo, de verdade.
Átila Nunes