Só faltava mesmo o momento mágico de apagar as velinhas. Foi quando o aniversariante respirou fundo e se concentrou muito bem no pedido, dando àquele instante o poder de realizar desejosArte: Kiko

A torta salgada era a estrela da festa, ao lado, é claro, do aniversariante. A guloseima estava no centro da mesa, coberta com uma toalha especial para a ocasião. As camadas de pão de forma tinham sido cuidadosamente colocadas, com recheio de frango. Por fora, os arremates tornavam o prato ainda mais bonito: batata palha nas laterais; cenoura ralada, milho, azeitona verde e pedaços de presunto em cima. Ainda havia ovos de codorna para adornar a iguaria, que ganhou velinhas de aniversário mesmo com um bolo de cenoura já prontinho, prestes a ganhar uma calda de chocolate quente.
A festa ainda contava com empadinhas de queijo, que chegaram à mesa em menor número do que haviam sido encomendadas. Culpa dos apressadinhos, que argumentaram ser preciso degustar o salgadinho antes dos demais convidados para ter a certeza de que estavam realmente bons. Também havia frios, molho rosé e refrigerante. Enquanto a anfitriã não dava sinal verde para a comilança, um convidado colocava a mão na torta a todo instante, tirando um pouquinho de batata palha das laterais. Mas ao seu lado alguém o dedurava: "Está pegando aqui!"
A anfitriã andava de um lado para outro da cozinha, sem parar quieta. Diziam que ela lembrava a avó, retratada naquele mesmo cômodo em um lindo retrato feito pelo neto artista. Quando a cobertura da torta salgada ainda estava sendo finalizada, um comentário foi ouvido: "Não tem passas? Ficaria bonito". Não tinha, mas o adorno ficou lindo mesmo assim. Os convidados já estavam impacientes quando a largada para os comes e bebes, enfim, foi dada. Não sem antes registrar tudo em uma foto, é claro! Enquanto as delícias eram degustadas, algumas recordações passaram a ser saboreadas em um bate-papo descontraído. Assim surgiu a lembrança do clássico bolo de coco embrulhado em papel alumínio dentro de uma armação fake. É incrível como naquela estrutura cabe tanta mágica e doçura. Também foram citados jogos típicos de infância, como o 'Cara a Cara', de tabuleiro e adivinhação. A noite, aliás, ainda teve videogame, com meninas e meninos se revezando na brincadeira.
Nessa comemoração, cheia de presente e entremeada de recordações, o aniversariante estava radiante pela festa do jeito que ele queria. O sorriso largo, às vezes transformado em gargalhada, entregava a sua felicidade. Passou o tempo todo sentado à mesa, de costas para o painel decorativo de temática botafoguense, com direito à estrela solitária. Foi registrado em muitos cliques. Na hora de cantar os parabéns, as luzes foram apagadas e todos entoaram a clássica música. Palmas também não faltaram. Até o cachorro da família, da raça Akita, entrou no clima, demonstrando euforia e tentando entender o que se passava ao seu redor. O curioso é que nem todos ali davam importância para uma festa nesses moldes, mas fizeram questão de que o homenageado tivesse seu desejo atendido. É mesmo belo quando entendemos e respeitamos que há certas coisas que não são tão importantes para a gente, mas fazem muita diferença para o outro. Tanto que, na hora da entrega do primeiro pedaço de bolo, todos entoaram o coro tradicional: "O cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais".
Só faltava mesmo o momento mágico de apagar as velinhas. Foi quando o aniversariante respirou fundo e se concentrou muito bem no pedido, dando àquele instante o poder de realizar desejos. É lindo quando se pode viver de fato a infância, fechar os olhos e mentalizar que algo será possível. É mágico quando a chance de festejar um novo ciclo de vida é compartilhada com guloseimas, risos e simplicidade. Isso pode acontecer com diferentes crianças - pequenas ou já crescidas, como era o caso do aniversariante, que estava festejando 38 anos. Os convidados? Também eram todos adultos em tamanho, mas com diferentes idades na alma.