Mudar é uma tarefa difícil, ainda mais quando se trata de outra pessoa; é uma tarefa quase impossível. A verdade é que cada um de nós carrega uma bagagem única, moldada por experiências e vivências que se transformaram em memórias ao longo do tempo. Nossa trajetória não é feita apenas de momentos felizes; também enfrentamos sofrimentos, e a soma desses fatores ajuda a moldar nossa verdadeira identidade. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor.” (Provérbios 16:1).
Tentar mudar tudo isso seria como tentar reescrever um livro sem respeitar as emoções e experiências de quem o escreveu. Isso não significa que não podemos ajudar as pessoas. Podemos apoiar aqueles que amamos, mas a verdadeira ajuda e apoio consistem em auxiliar cada um a descobrir seu próprio “eu”, a voz interna que os torna protagonistas de suas próprias histórias.
Devemos nos esforçar para sempre proporcionar em nossos relacionamentos um ambiente acolhedor e receptivo a isso, em vez de somente exigir, criticar ou tentar controlar os outros. “A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira.” (Provérbios 15:1). Quase sempre somos tendenciosos a recorrer a estratégias mais atrevidas, usando chantagens emocionais ou críticas severas, acreditando que isso está ajudando os outros. Na verdade, isso apenas leva o outro a se fechar e construir muros, em vez de pontes.
Precisamos nos policiar para não errarmos; se persistirmos, é como tentar guiar alguém por um labirinto escuro, onde, ao invés de ajudarmos a encontrar a saída e a transformação, levamos a um beco sem saída. Essa forma de tentar lidar só acaba gerando conflitos que sufocam o desenvolvimento e tornam as pessoas cada vez mais rígidas e inflexíveis. “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” (Salmos 1:1).
Às vezes, usamos essas estratégias defensivas porque parecem simples e rápidas. Criticar é algo que fazemos quase instantaneamente e requer pouco esforço. No entanto, a verdadeira mudança requer um esforço muito mais profundo. A Bíblia nos adverte: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” (Colossenses 3:12). É necessário promover relacionamentos mais significativos e instigar nas pessoas o desenvolvimento pessoal. Claro que isso exigirá muita paciência, empatia e envolvimento genuíno — valores que, embora difíceis de alcançar, são muito mais eficazes a longo prazo.
Quando agimos assim, criamos um universo de oportunidades, ajudando alguém a passar de coadjuvante a protagonista de sua própria vida. “Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” (Filipenses 2:4).
Essa transformação pode gerar uma nova perspectiva, onde o indivíduo se torna autor de sua própria história, em vez de ser apenas um personagem passivo. Esse empoderamento também depende da bondade, da generosidade, da receptividade e da capacidade de absorção de cada indivíduo.
Eu te desafio a tentar não observar os outros ao seu redor, especialmente fora do ambiente ao qual você já está habituado. Escolha ignorar as diversas nuances e comportamentos sutis, mesmo quando poderia percebê-los. Por quê? Antes de ser um profissional em suas funções, você é apenas um ser humano, dotado de falhas e fraquezas.
Em um relacionamento, tentar ser um psicólogo ou terapeuta, acreditando que podemos transformar as pessoas como se fôssemos cirurgiões emocionais, é uma das piores estratégias. Homens e mulheres buscam companheirismo que os inspire, que estejam dispostos a enfrentar juntos os altos e baixos da vida, e não terapeutas. Infelizmente, alguns encaram o outro como um projeto a ser consertado, ignorando sentimentos e provocando discussões desnecessárias. “E tudo o que vocês fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17).
Ore comigo: Senhor, ajuda-nos a confiar em Ti em todas as coisas, reconhecendo que só Tu conheces o coração de cada um. Dá-nos sabedoria para apoiar aqueles que amamos com paciência, empatia e graça. Em Nome de Jesus, Amém.
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