Lá pelas tantas, naquele 1 a 0 para o adversário, o tradicionalismo pede que a torcida tricolor conclame a ajuda de João Paulo II. A cantoria faz até o tímido vibrar. “A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça” toma conta da arquibancada, fazendo com que o resto da letra seja ou ignorada ou substituída por “Neeeeense”. Muitas vezes o time corresponde, entendendo que o apelo é para os céus, mas também para os terráqueos. Já vi empates e até viradas acontecerem após a ligação divina.
Carismático, o polonês e ex-goleiro Karol Józef Wojtya se tornou Papa em 1978. Escolhendo o nome de João Paulo II, homenagem ao antecessor João Paulo I, ficou 26 anos à frente do Vaticano. Como líder religioso e chefe de Estado, rodou o mundo. Em 1980, pela primeira vez na história, um Papa esteve no Brasil. A música de recepção foi essa que a torcida do Fluminense não cansa de ecoar. Em solo carioca, Wojtya recebeu uma camisa do tricolor das Laranjeiras de um pequeno torcedor e viu a perseguição enlouquecida do “beijoqueiro”, disposto ao que fosse necessário para encostar os lábios na face sagrada – só foi conseguir em Manaus dar uma sequência de estalinhos nos pés do encabulado João.
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Meses depois da vinda do Papa, a decisão do primeiro turno do Cariocão parecia ter um vitorioso decretado por todos: o Vasco. O jogo contra o Fluminense, de Cláudio Adão, Edinho e Mário Jorge, parecia figuração para cumprir tabela. Artilheiro Cruzmaltino, Roberto Dinamite era uma máquina de fazer gols. Arrebentava tudo e todos. Era botar em campo e ver o massacre. Foi assim que os dois times encararam um Maracanã abarrotado em outubro de 1980. Seguindo a aposta, o Vasco abriu o placar. O Fluminense conseguiu arrancar o empate e levar para os pênaltis. Com a cantoria nas alturas, só sobrou ao goleiro tricolor Paulo Goulart ser uma barreira intransponível.
Na grande final do Cariocão de 1980 os dois clubes voltariam a se enfrentar. Roberto Dinamite, mordido com a derrota, prometia revanche. Zagallo, técnico vascaíno, treinou a equipe para não dar espaço ao adversário. De nada adiantou. Já com a letra decoradinha e se tornando talismã nos momentos bons e especialmente desafiadores, a torcida do Fluminense empurrou o time para levantar aquele caneco. O zagueiro Edinho marcou o gol da vitória. Quase 110 mil pagantes foram testemunhas dessa conquista e do começo da perpetuação do cântico.
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João Paulo II faleceu em 2005. Cinco anos depois se tornou Santo, pela Igreja Católica, e Padroeiro do Fluminense, pelo Fluminense mesmo. Quantas e quantas vezes, antes de provas no colégio, cantei baixinho “A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça”? Inúmeras. Da mesma forma que estava lá na terceira divisão pedindo intervenção do ainda vivíssimo Papa.
Que João nos ajude nessa complicada Libertadores. Já tô até preparado. Nada melhor que o Fluminense dar esse presente no dia em que se comemora 101 anos do nascimento do hoje Santo Papa.
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Final do Carioca em Brasília?
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Complicado de acreditar. Só cantando ao Santo Papa. A bênção e... paciência.
Lá pelas tantas, naquele 1 a 0 para o adversário, o tradicionalismo pede que a torcida tricolor conclame a ajuda de João Paulo II. A cantoria faz até o tímido vibrar. “A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça” toma conta da arquibancada, fazendo com que o resto da letra seja ou ignorada ou substituída por “Neeeeense”. Muitas vezes o time corresponde, entendendo que o apelo é para os céus, mas também para os terráqueos. Já vi empates e até viradas acontecerem após a ligação divina.
Carismático, o polonês e ex-goleiro Karol Józef Wojtya se tornou Papa em 1978. Escolhendo o nome de João Paulo II, homenagem ao antecessor João Paulo I, ficou 26 anos à frente do Vaticano. Como líder religioso e chefe de Estado, rodou o mundo. Em 1980, pela primeira vez na história, um Papa esteve no Brasil. A música de recepção foi essa que a torcida do Fluminense não cansa de ecoar. Em solo carioca, Wojtya recebeu uma camisa do tricolor das Laranjeiras de um pequeno torcedor e viu a perseguição enlouquecida do “beijoqueiro”, disposto ao que fosse necessário para encostar os lábios na face sagrada – só foi conseguir em Manaus dar uma sequência de estalinhos nos pés do encabulado João.
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