Com apoio dos governos e do mercado, as startups encontram o ambiente ideal para prosperarMarcelo Camargo/Agência Brasil
Construindo o futuro: a importância do investimento em CT&I
Como a ciência, tecnologia e inovação impulsionam o crescimento econômico do RJ, melhoram a qualidade de vida e garantem um futuro sustentável para a sociedade.
Empreendedores são verdadeiros arquitetos do futuro. Eles enxergam oportunidades onde muitos veem obstáculos. Transformam ideias em realidade e desafiam o status quo com inovação e coragem. Criam soluções, geram empregos e impulsionam a economia. Centenas deles – talvez milhares – estão nas universidades e centros de pesquisa do estado do Rio de Janeiro. As bancadas acadêmicas fervilham de bons projetos. Com o apoio certo, eles podem virar negócios promissores.
Na linguagem dos negócios, um conceito muito conhecido é a “Tríplice Hélice”. Desenvolvido pelos estudiosos Henry Etzokowitz e Loet Leydesdorff, ele enfatiza a interação entre universidades, indústria e governo como um mecanismo essencial para o desenvolvimento econômico baseado em conhecimento.
O modelo da Tríplice Hélice reconhece que as universidades são fontes primárias de conhecimento e pesquisa, fornecendo a base científica e tecnológica para a inovação. As empresas são responsáveis por transformar conhecimento em produtos e serviços. E o governo atua como facilitador, criando políticas, regulações e incentivos para fomentar a colaboração e o investimento em inovação.
A união dos três é fundamental para transformar ideias em empreendimentos e alimentar um ecossistema forte na área de tecnologia e inovação. Negócios desse perfil costumam gerar empregos qualificados e movimentar a economia. Bons exemplos não faltam, como o Vale do Silício (EUA), o Porto Digital de Recife (PE) e o parque tecnológico de Santa Rita do Sapucaí (MG).
Na última década, governos fluminenses abraçaram esta causa, tornando-se a pá da hélice que sempre faltou para o Brasil fortalecer seu ecossistema de ciência, tecnologia e inovação. Um bom exemplo é o Programa Startup Rio. Através dele, a Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) oferece suporte financeiro, técnico e estrutural para transformar ideias em negócios sustentáveis. Desde sua criação, em 2013, o programa já apoiou 260 startups, consolidando o Rio de Janeiro como referência nacional em inovação.
Em 2019, a Faperj lançou o Doutor Empreendedor. Como grande parte dos projetos de incubação têm origem nas salas e laboratórios das universidades e institutos de ensino superior, a iniciativa pioneira ofereceu financiamento de bolsas a doutores formados ou em fase final de conclusão de doutorado que desejassem aplicar seu conhecimento em projetos com potencial de mercado.
Os bons ventos do empreendedorismo sopram também no interior. O Programa Startup Campos, desenvolvido pela Prefeitura de Campos, financia projetos de empreendedores com perfil inovador através do Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) - um fundo criado para impulsionar a economia com recursos dos royalties do petróleo. Em três edições, o programa capacitou 38 startups através da TEC Incubadora – uma incubadora de negócios de base tecnológica sediada na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), mas com personalidade jurídica própria, cuja gestão é compartilhada por diversas instituições, como Prefeitura de Campos, universidades locais, Faperj, Sebrae e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Exemplos de sucesso não faltam.
Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, Fernanda Arêdes desenvolveu uma solução inovadora para tornar a cultura do mamão papaya mais competitiva. Com apoio da Faperj, ela criou a empresa MF Papaya, que substitui a sexagem tradicional do mamoeiro pela sexagem molecular. O novo método identifica plantas hermafroditas ainda na fase de viveiro, analisando um pequeno fragmento da primeira folha, reduzindo o tempo de espera de meses para apenas três horas. Testado em 400 plantas, o processo teve 100% de precisão, garantindo maior eficiência na produção.
Fundada em 2020, a Casgen Biotecnologia em Mudas utiliza micropropagação in vitro para clonar mudas ornamentais, frutíferas e florestais, garantindo uniformidade, resistência e reduzindo a dependência de importações. Neste ano, prevê investir mais de R$ 1 milhão em 2025 para construir um laboratório modelo em Tanguá, impulsionada por um investidor anjo e pelo apoio da Faperj. Com tecnologia de ponta, incluindo biorreatores de imersão temporária, a nova estrutura ampliará a produção de mudas de alta qualidade, consolidando a cidade como polo de inovação.
Ideias de bancada como essas, que se transformam em negócios bem-sucedidos, são motivos para comemorar. A cada novo edital, o modelo da Tríplice Hélice se mostra essencial para promover a necessária sinergia entre academia, governo e empresas, gerando um ambiente favorável ao empreendedorismo e às startups.
A ciência, a tecnologia e a inovação são os motores que impulsionam um estado rumo ao futuro. Seja nas bancadas de universidades, nos centros de pesquisa ou nas startups que desafiam o convencional, o futuro está sendo moldado por aqueles que ousam inovar. E é esse espírito inovador que continuará movendo o mundo para frente.
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