Anitta - Eduardo Bravin/Divulgação
AnittaEduardo Bravin/Divulgação
Por O Dia
Esta é a primeira vez que a coluna ganha duas páginas inteiras. Mas a entrevistada merece. Na conversa a seguir, Anitta abre o coração e fala que voltaria a cantar com Ludmilla, rasga elogios ao seu novo irmão, explica seus negócios e revela os planos na carreira internacional. A cantora ainda refuta a fama de brigona e afirma estar aberta para novos relacionamentos.Com vocês, uma Anitta que esta colunista nunca viu.
Este foi um ano dedicado a muitas parcerias internacionais, além das nacionais. Em 2020 podemos esperar uma carreira exclusivamente internacional?
De jeito nenhum. Eu tive muitas parcerias nacionais também! Leo Santana, Vitão, Marília Mendonça, a Combatchy agora com as meninas todas, teve 'Onda Diferente', teve Caetano Veloso, que é uma estratégia para alcançar outro tipo de público... Então nunca vai existir uma carreira exclusivamente internacional porque eu não me vejo abandonando quem eu sou.
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Você acha que o Brasil tinha preconceito com o funk?
Sim! O ritmo não entrava em festivais. Quando comecei era muito difícil tocar nas rádios. No meu show eu fazia funk, mas para as rádios eu tinha que deixar tudo meio pop, porque era uma rejeição muito forte. Fora que havia um projeto de lei pra criminalizar o funk. Eu percebi que o funk só seria respeitado quando o ritmo virasse global, quando as pessoas de fora dessem valor e elogiassem o ritmo. E a partir disso eu fiz da minha vida essa missão.
Qual era o seu grande sonho?
Eu queria fazer o funk ser conhecido em tudo que é lugar, ter uma música conhecida no mundo inteiro, e isso aconteceu com 'Downtown'. 'Paradinha' é muito conhecida na Europa. Outro sonho que eu tinha era que meus ídolos soubessem quem eu sou. Eu sou cantora por causa da Mariah Carey e eu tive a oportunidade de dizer isso pra ela e de ela falar comigo sobre o meu trabalho.
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Você quer ficar mais tranquila em 2020?
Eu quero estar mais com a minha mãe, com meus cachorros, minhas tias... Não que eu vá parar de trabalhar, mas eu tive até conversando isso recentemente que mesmo que eu trabalhar 20% de tudo que trabalhei hoje, ainda assim vou trabalhar muito, porque é um ritmo muito surreal. Então pretendo continuar trabalhando nos dois, tanto aqui no Brasil, quanto lá fora, só que de uma forma mais light, sem precisar ficar fazendo 700 shows pra fazer dinheiro.
Você já avisou isso à sua equipe?
Toda minha equipe foi muito legal comigo, por mais que todos eles ganhem grana e porcentagem de tudo que eu trabalho, e automaticamente eu trabalhando menos eles vão ganhar menos, todos me apoiaram.
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Você acredita que o seu sucesso incomoda as pessoas?
Eu acredito que em geral o sucesso incomoda algumas pessoas. Mas não só a mim, acredito que em todas as profissões. Você como jornalista, se você se destaca, vai incomodar outras pessoas do seu meio. Todo mundo que se destaca acaba incomodando pessoas que estão preparadas.
Você foi a primeira artista no Brasil a ser contratada por uma grande marca internacional como AMBEV para atuar no marketing. Como vê isso?
Foi muito natural. Eu fui contratada para ser a garota-propaganda da cerveja Skol. Só que eu gostei muito do outro produto, que é a Beats, e eles viram que eu sempre tinha ideias para esse outro selo. Então me chamaram para fazer parte da direção criativa de tudo e eu amei. Está dando muito certo, está crescendo muito. Os produtos que a gente está lançando ganham uma proporção imensa e sem eu colocar muito a minha cara. Pela primeira vez eu estou fazendo só as estratégias de onde lançar, qual evento, para onde mandar.
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Qual teu maior desafio na direção de criação de uma marca de bebidas?
Eu achei que ia ser difícil porque eu não consigo estar sempre na sede da AMBEV, mas eu expliquei que coordenava a minha empresa por telefone. Eles entenderam a dinâmica e fazemos igualzinho. São grupos no celular. Debato com uma equipe gigantesca e não sou só eu que dou a palavra final. Tem agência, tem tudo e eles respeitam bastante a minha opinião porque o selo 'beats' acabou crescendo muito depois da nossa parceria. Criar ideias que atingem o nosso publico é o que eu mais gosto. Até a nova bebida, a 150 BPM, fui eu que dei o nome por causa da nova batida do funk. É uma batida que acelera mais.
Acho que o fato mais marcante em 2019 foi encontrar seu novo irmão Felipe Terra. Como tem sido a vida agora com os novos membros?
Sem dúvidas essa foi uma das descobertas mais felizes da minha vida inteira. Eu sempre quis isso desde pequena porque eu amo casa cheia. O meu irmão Renan tem uma esposa que já tinha um filho e ele não veio do meu irmão, mas eu trato como se fosse meu sobrinho de sangue e o meu irmão também. Tem isso de família, querer ter família. Não importa se é menina ou menino, eu gosto dos dois... Gosto igual e brinco com eles. Tem que ter pique. Fui brincar 15 minutos com os dois e fiquei cansada (risos). Eu já amo o Felipe e ele é um cara muito legal.
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Como você lida com as perseguições que tem sofrido? Te assusta?
Já assustou muito. Já fiquei muito mal, mas agora nem tanto porque eu aprendi a lidar. Na verdade, eu lamento porque os ataques só acontecem para quem está em evidência. Mesmo assim, mesmo com o sucesso, machuca. A gente não é de ferro. Quem persegue não tem ideia do mal que faz à pessoa quando escreve sem saber os fatos ou baseado em alguma coisa que leu e não tem certeza se é verdade. É uma pena que hoje, com a internet, as pessoas propagam ódio e coisas que em segundos viram verdades... Preferem propagar o ódio do que torcer, comemorar as conquistas dos outros. Eu ganhei de uma grande amiga um caderninho com as coisas boas que aconteceram na minha vida e aí quando começo a sentir uma energia ruim, eu pego esse caderninho e vejo quantas coisas boas já aconteceram... Óbvio que eu tenho coisas ruins. Eu não sou perfeita, eu não sou Deus e tenho defeitos também, mas foco só nas coisas boas. Tenho também a minha família que são aquelas pessoas que eu obrigo a serem verdadeiras comigo. Se eu tiver perdendo a linha eles vão me falar.
Depois de ter feito um grande trabalho administrando sozinha sua carreira, acha que tirou um peso das costas ao ter passado o gerenciamento da sua carreira para o Brandon Silvertein?
Sempre foi a minha vontade, mas eu não tinha encontrado alguém que eu tivesse essa confiança.
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Não tem receio em perder o controle da sua carreira agora que já não está mais à frente de tudo?
Não tenho esse receio. A vida e na carreira de qualquer pessoa é feita de altos e baixos. É praticamente impossível uma carreira feita só de acertos e coisas boas. Tudo na minha carreira aconteceu muito intenso. Eu trabalhei muito. Eu não estou mais preocupada. Tudo tem como reverter. Chega um momento em que a gente tem que ser justa com a gente e eu vou completar 10 anos de carreira no ano que vem. Nunca imaginei conquistar tudo o que conquistei.
Na minha opinião, as duas músicas que você e Ludmilla atuaram juntas foram grandes sucessos. Acredita que tudo o que aconteceu foi por causa do disse me disse?
Não. O sucesso foi porque as duas músicas são boas mesmo. Houve um ruído de comunicação, mas nem quero opinar, falar sobre esse assunto. Estou nessa vibe de paz e amor e está tudo certo. Está ótimo, está tudo 'mara' e as músicas já eram um sucesso e não foi por isso, não.
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Existe chances dessas duas grandes personalidades brasileira voltarem a cantar juntas?
Eu não tenho motivo nenhum para que isso não aconteça. Eu não briguei com ninguém. Por mim está tudo certo. Eu canto. Está tudo ótimo.
Você nunca escondeu o desejo de sair do país pra investir na sua carreira lá fora. Quando essa mudança acontecer, você vai continuar mantendo o funk como seu principal gênero ou pretende expandir e estar aberta a novos gêneros musicais?
O funk é quem eu sou, de onde eu vim. Achei legal uma entrevista em que o jornalista me chamou de embaixadora internacional do funk. Eu me sinto assim, mas não soberbamente. Com toda humildade, eu e minha equipe nos sentimos um pouco orgulhos disso porque a gente trabalhou muito para abrir essas portas. Agora estou apresentando meu 'pagodão baiano'. Eu nunca fui fechada para um estilo. Cresci ouvindo tudo.
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É inegável que você tem toque de Midas nas coisas que se propõe a fazer. Até seu pai virou febre nas redes sociais do seu programa. Quais as novidades para 2020 além da carreira internacional?Não estou pensando tão a longo prazo assim como as pessoas acham. Na verdade porque eu sempre fui assim. Estou tentando ficar mais relax. A minha vida muda a toda hora. A gente se planeja e aí de repente aparece uma oportunidade e a gente muda tudo. Estou focada em terminar o meu projeto 'Brasileirinha' com as coisas em português. Tem o Carnaval, que vai ser top e o resto eu vou avisando ao longo do caminho porque eu ainda estou vendo. O que eu defini mesmo é que 2020 eu não quero dedicar 100% do meu tempo ao trabalho. Eu quero me dedicar também para a minha pessoa, a Larissa. Essa é a certeza que eu tenho.
Como você lida com o sucesso da sua família? Cada um direciona suas redes sociais e aparições como quer ou você também coordena as atividades deles?
Para mim cada um faz o que quer. Se eu não gostar de alguma coisa, eu vou falar. Se a pessoa quiser corrigir, ok, mas eu não tenho como controlar. Eu não posso mandar. Eu tento, mas de vez em quando eu não consigo. Eu aconselho quando acho demais, quando acho desnecessário, sou direta, sou transparente, mas acho que também faz parte. As paradas na minha carreira tomaram proporções legais e doidas ao mesmo tempo porque as pessoas têm muito interesse em saber da minha vida. A galera reconhece a minha família nas ruas...
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Podemos esperar Anitta atuando em filmes em Hollywood?
Olha. Já rolou convite, mas na época eu estava muito focada ainda na música. Eu acho que o trabalho tem que ter um foco. Não adianta atirar para tudo quanto é lado. Na época do convite eu ainda tinha muito a percorrer na música, nas minhas realizações e eu preferi ficar focada. Mas agora que eu realizei o que que quis, eu estou mais livre para estudar... quem sabe? Se rolar um convite, eu estou aberta a qualquer coisa. Nem precisa ser Hollywood, Brasil mesmo.
Em muitas das recentes polêmicas envolvendo teu nome você optou pelo silêncio em vez de se defender. Por quê?
Porque eu estava ocupada fazendo coisas maravilhosas pra mim, pro meu trabalho crescer e para a minha família. Não tenho tempo para isso não. Preferi focar o meu tempo em coisas que vão me somar...
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Você é visionária e quando acredita em algo investe do próprio bolso. Soube que os investimentos de sua carreira internacional são bem grandes, mesmo sendo um mercado muito concorrido. Você está pronta para o sucesso e o fracasso lá fora?
Com certeza. Tem que estar preparada e tudo bem também porque não é uma competição. As pessoas precisam entender que isso faz parte da vida de um artista. Eu canto, optei ser artista. Sigo o meu caminho e a imprensa desenhou uma Anitta obstinada, estrategista como se eu acordasse e dormisse pensando em lacrar. Pelo amor de Deus, desconstruam isso! O fato de eu amar trabalhar e me dedicar acaba fazendo valer essa percepção, mas não é isso. Se eu não lacrar também está tudo bem. Principalmente hoje em dia. Eu tenho uma carreira internacional que já acontece. Só não é do tamanho que é no Brasil e eu estou super feliz do jeito que ela é. Estamos chegando em lugares inacreditáveis como Tomorrowland, Rock in Rio e vários amigos cantando por aí, fazendo feats com artistas internacionais e isso pra mim é muita coisa, é sucesso. Fracasso faz parte da vida. Eu prefiro tentar e fracassar do que não tentar por medo.
Imagino que diante das mudanças para sua nova fase da carreira, tão cedo não veremos Anitta em um relacionamento sério novamente. Correto?
Não tenho como prever. Se acontecer, aconteceu. Eu estou super aberta lá fora ou aqui dentro. Eu só não estou caçando. Acho tem que acontecer. Se eu conhecer alguém que eu goste e me envolva, acho é complicado pelo meu trabalho, mas se eu conhecer eu não estou nem aí se é do Brasil ou fora, se é rico, se é pobre, se é famoso ou anônimo. Tem que me fazer bem. Estou super aberta. Não tem como prever. Tem que sentir. Enquanto isso a gente vai experimentando (risos).
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Lá no começo, quando lançou o 'Show das Poderosas', imaginava que teria o poder que tem na publicidade, mídia e com fãs?
Quando eu faço música, eu gosto de fazer além de só uma música para dançar e bombar. Eu gosto de dizer algo diferente para o povo bater, debater. As pessoas logo falam que eu gosto de polêmicas... não é isso. O entretenimento é a maneira mais rápida de levar uma mensagem para a massa. O povão está sempre ligado em música, filme, televisão e eu gosto de usar isso para provocar o debate. Com essa música, e foi meu grande primeiro hino, eu queria levar empoderamento.
Na mesma música você diz que as poderosas expulsam as invejosas. Diria que chegou o momento da sua vida em que está selecionando quem faz parte dela para agregar e quem só faz volume?
Sempre é boa hora para isso. É meu exercício diário. Desde criança eu sempre fui assim de fazer amigos na esquina e chamar para a minha casa. Eu adoro fazer amizades e se não for legal a gente bota pra correr.
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Dizem que você briga com todo mundo com quem trabalha. Essa sua fama é verdadeira?
Eu não vejo dessa maneira. Todos os seres humanos têm a sua desavença ou suas complicações de relações com alguém, seja no trabalho ou na vida pessoal. O problema é que eu sou uma pessoa pública e as pessoas obviamente sempre dão mais enfase para as partes negativas do que as positivas. É impossível um ser humano nunca ter brigado com ninguém. Qualquer pessoa que esteja lendo essa entrevista já brigou com alguém. Pode já ter resolvido ou pode não ter resolvido e as coisas mudam. Se acontece em família, não vai acontecer no trabalho? Tem tantas pessoas que eu colaborei e continuo sendo amiga como o Projota, o J Balvin, o Kevinho, o Nego do Borel, o Maluma, a Jojo Todynho, Harmonia do Samba e tantos outros artistas com quem eu fiz parcerias e mantenho até hoje. Mas as pessoas vão dar ênfase aos poucos que porventura tenha acontecido algum desentendimento.
Tão nova e você já conseguiu feitos que muitos artistas levaram anos e até agora não conseguiram. Diante de tantas realizações, estuda a possibilidade de parar?
Eu também penso em me aposentar ou pelo menos diminuir o ritmo. Não vou parar agora, mas vou dar mais atenção para a minha vida pessoal. Sinto necessidade. Assim como antes eu sentia necessidade de alcançar as coisas que eu queria na carreira, agora sinto necessidade de desfrutar tudo que eu conquistei com a minha família. Antes a gente não tinha estrutura para escolher o que quisesse comer, passar o dia na piscina e viajar para onde quiser. Hoje em dia a gente pode. Eu sempre mandava eles e ficava só vendo. Agora eu sinto a necessidade de fazer parte. Quero curtir mais. A vida é um sopro.
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