A questão do 'mundo cão' é muito relativa no Brasil que socialmente é um dos países que mais sofre com a desigualdade no mundo. Está mais do que provado isso! A política brasileira relega o povo ao segundo plano, então a gente não tem educação, não tem segurança e não tem saúde acima de tudo. Isso coloca o povo brasileiro entre os índices mais baixos de divisão de renda e acesso às igualdades. Isso deixa o brasileiro completamente desamparado e cria um cargo de cultura extremamente violento. Se bem que tem um principio básico: se a gente tem 13 milhões de desempregados, que mesmo desempregados não roubam, não assaltam e não matam, prova que o povo brasileiro além de muito honesto é um povo que luta no dia a dia, pegando três, quatro conduções para trabalhar ou então procurar emprego. São para essas pessoas que eu falo todos os dias, para quem é brasileiro de verdade, para quem, apesar da dificuldade do país, acredita que haja uma esperança apesar da nossa combalida classe política. Essas pessoas se veem nos iguais e por isso assistem televisão, por isso que veem na televisão o fantasma terrível da violência. Você só vê na televisão o que acontece nas ruas. A gente não cria fatos! Os fatos existem no dia a dia das cidades e não é só o Rio que é violento, o Brasil é violento. As capitais brasileiras são violentas. As secretarias de segurança revelavam quantas pessoas morriam durante e semana, faziam balanços e hoje pararam. Viram que os números são maiores que em qualquer uma das zonas de conflitos no planeta. Por isso que a gente tem que um dia acreditar que nós vamos ter representantes na classe política que realmente pensem no povo e não no bolso. O nosso povo é o que tem de melhor no nosso país.
Comigo aconteceu de eu sair um dia, encerrar o programa em uma emissora e começar no dia seguinte em outro lugar. Isso é muito relativo, mas eu costumo dizer o seguinte: primeiro que eu sou o único cara em televisão no mundo que pagou uma multa de 10 milhõs de dólares - hoje um pouquinho mais de 40 milhões de reais - e eu paguei essa multa para a Record porque não cumpri com o contrato. Acabei pagando uma multa milionária. Aliás, eu era quem deveria receber na época por conta da situação que eu coloquei de que era empregado e não era empresa. Hoje em dia todo mundo está colocando essa ação na Justiça e está ganhando, mas como eu fui para a Record e assinei uma confissão de dívida que se eu saísse antes de quatro anos teria que pagar, acabei pagando a multa. Me disseram na época: "por que você não enrola, procura meios jurídicos para não pagar...". Respondi que se eu fizesse isso, estaria fazendo na vida real o que não faço na televisão e eu não posso falar uma coisa na TV e fazer outra fora dela. Assinei uma confissão de dívida e paguei uma multa que eu perdi quase tudo o que eu tinha, fiquei quase zerado, mas trabalhando eu iria conseguir me recuperar. Então é muito relativo você ser fiel e leal ao lugar que trabalha. Você tem que ser fiel e leal ao lugar que você trabalha enquanto te respeitam nesse lugar. Quando você não dá mais resultado, o patrão não pensa duas vezes na hora de ter mandar embora. Por que eu não posso mandar embora também o patrão? Paguei caro por isso? Paguei muito caro, mas te confesso que eu fiquei com uma ponta de felicidade.
Não tenho vergonha absolutamente nenhuma de falar das minhas fraquezas e dos meus problemas porque isso é próprio do ser humano. Com a velhice vai chegando uma série de dificuldades. É legal você ficar mais velho, ter mais experiência, mas também tem os seus problemas e problemas sérios. Sou uma cara sobrevivente: operei um câncer, um tumor no pâncreas há 13 anos, e sobrevivi. Me lembro que quem praticamente operou na mesma época foi o Pavarotti e morreu dois meses depois. O Steve Jobs morreu com a mesma doença e eu sobrevivi, graças a Deus. Com isso e com a idade vieram uma série de problemas e a necessidade de usar uma aditivo para ter relação com a minha esposa. Claro que eu tenho dificuldade nesse aspecto assim como muitos diabéticos, mas a gente vai levando a vida de acordo com as dificuldades. A vida não é feita só de coisas positivas, você tem que fazer um equilíbrio do que tem de legal e do que tem de ruim. O caminho do meio sempre é o melhor e nesse equilíbrio de coisas boas e coisas ruins, você vai vivendo a vida. Apesar dos pesares estou vivendo legal, estou vivendo bacana uma vida de 42 anos com a minha esposa, cinco filhos e seis netos. Já fiz a minha parte e me sinto feliz e realizado.
Essa história de domingo me dá uma dor no peito profunda e é quase como se fosse um infarto profissional. Eu queria mesmo fazer um programa de domingo e acho que não deu certo por uma série de fatores. Primeiro porque havia pessoas na emissora que não gostavam de mim. Ninguém é unanimidade no lugar em que trabalha ou até mesmo na vida em si. Tem quem goste e quem não goste. Então muitas dessas pessoas que não gostavam de mim apostaram que daria errado. É um projeto muito difícil emplacar de repente um programa de domingo com essas feras que você já tem há muito tempo apresentando programas no domingo. Silvio Santos, Faustão, Rodrigo, Faro, Eliana... As emissoras têm potencial muito grande e já sabem fazer programas de domingo. A forma exata do meu programa era dar tempo ao tempo. Sete meses foi muito pouco tempo, não foi um tempo necessário. Um dia chegamos a dar 12 pontos de pico na audiência, ficamos em segundo lugar com seis de média, o que era um milagre para a Band, que dá muito menos do isso no domingo. Tanto que nunca mais se recuperou nesse dia. A média geral do programa era de 3, 4 pontos, o que também não era ruim. No jornalismo, que era a parte boa do programa porque era curto e dava notícias do dia antes do 'Domingo Espetacular' e do 'Fantástico', o jornalismo fazia média de 4 pontos todos os domingos. E em cima do Faustão, que é um gênio. Então se esperasse um pouquinho mais, o programa daria certo. Ele tinha que ficar mais curto com uma hora de atração musical e olha que a gente só levou gente boa como Anitta, Bruno & Marrone, Alok, Iza, Ludmilla, Jota Quest, Skank... Muita gente acreditou no projeto e eu acho que se a Band tivesse maturado um pouquinho mais, o programa de domingo teria dado certo. Teria que ser menor e dar as notícias antes das concorrentes. Eu curti fazer.
Não sei. Talvez um programa jornalístico no domingo, antecipando o noticiário que vem depois nas outras emissoras, talvez fosse uma boa. Entre o futebol e o 'Domingo Espetacular' na Record e o 'Fantástico', na Globo. Ali caberia fazer um programa jornalístico de peso e que daria resultado. Pena que eu não faria mais a parte musical, que era a coisa que eu mais curtia. Foi uma pena ter acabado esse projeto e eu fiquei muito, muito triste. A vida é assim, você vive de alegrias e de tristezas. A gente tem um programa que já dura 20 anos só na Band e chega a fazer o segundo lugar na frente das grandes emissoras do país, pegando de uma audiência não muito boa de todo geral da Band, às vezes ficando até não muito distante da Globo, em um mercado muito competitivo que é São Paulo, todos os dias por três horas e meia... Pô, é um 'Fantástico' por dia e com uma equipe pequena de jornalismo já é uma honra. Mas está bom e eu acho que eu vou me aposentar mais ou menos mesmo nessa faixa de fazer programa jornalístico. Se tiver alguma outra coisa ligada ao jornalismo, acho que vale a pena arriscar. Até um talk-show. Mas para fazer um programa de domingo... Vamos deixar para as estrelas que já fazem e tem capacidade de apresentar um programa de domingo. Talvez, eu não tenha mesmo essa capacidade.
Essa é uma questão muito difícil de resolver. Já tive duas tentativas de ser pré-candidato, uma para prefeito e não fui e a outra para o senado que eu cheguei a ser lançado e desisti no meio do caminho quando eu comecei a ver coisas da política que não iria combinar muito comigo.
Eu acho que sim porque eu deixei uma conta aberta porque eu tinha condição de ser eleito. As pesquisas apontavam que talvez eu fosse eleito com uma margem de segurança boa. Mas eu resolvi não ir e não é que eu tenha desistido. Eu simplesmente não fui. Me apresentei como pré-candidato a candidato a candidato. Se eu fosse candidato, eu teria ido até o fim e é por isso que eu estou ouvindo proposta de todos os lados, quase todos os partidos. Desde o presidente Bolsonaro que me disse que a política era muito difícil e que eu tinha que pensar bem, mas se eu fosse candidato talvez me apoiasse até a esquerda. O Márcio França, que foi um candidato seríssimo e quase derrotou o Dória, é um deles e quase todos os outros partidos. Não sei. Ainda estou pensando. O prazo é janeiro e eu nunca tive tão próximo de ir para a política, mas também nunca tive tão distante de desistir e esperar pela próxima eleição para o senado. O senado ainda é uma forma legal de entrar na política e aprender a lidar com os políticos. Um cargo executivo assim para lidar direto com os caras teria que depender de um secretariado muito bom, depender de gestores bons e uma equipe muito boa e São Paulo todo mundo sabe que não é muito fácil de administrar porque é uma das maiores cidades do planeta e tem uma prefeitura que tem grandes dívidas por incompetência dos administradores anteriores. Aliás, isso é o quadro geral do Rio, o quadro geral de Porto Alegre, de Belo Horizonte, das regiões norte e nordeste e é o quadro geral do Brasil. Em janeiro, eu decido.
Bom, se o Luciano Huck é candidato a presidente da república eu poderia ser prefeito de São Paulo. Ou talvez governador. Eu ainda penso na política sim porque é uma forma de mudar as coisas que estão aí. Como dia minha avó: falar é fácil e só não adianta. Eu já percebi que como profissional da imprensa, você pode ter a sua opinião ouvida todos os dias, mas esses políticos não ligam para a imprensa. Eles ligam mais para as redes sociais. A gente pode falar, pode criticar e encher bem o saco desses caras, mas não muda nada para eles. Talvez, você jogando no campo dele, possa alterar alguma coisa. De uma coisa você pode ter certeza: seria um ladrão a menos na política se eu entrasse. Porque roubar, eu nunca roubei na minha vida. Seria competente para administrar uma cidade como São Paulo? Não sei. Mas pior do que esses caras que já passaram por aqui, acho que eu não seria.
Você faz algumas perguntas que tocam na alma de verdade. Eu estava pensando nisso agora. A vida inteira eu fui um cara ausente da minha família porque você não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. Lei da física. Mas, fazendo uma reflexão... Eu trabalho desde os meus 15 anos. Fui obrigado a trabalhar em outras regiões. Eu morava em Ribeirão Preto e trabalhava em São Paulo. Primeiro na TV Globo em São Paulo e depois na Bandeirantes e era muito difícil porque eu tinha que pegar ônibus três vezes por semana e dava quase três mil quilômetros por semana e voltava para casa. Então dificilmente eu ficava com a minha família, mas eu estava correndo atrás do sustento da minha família. Claro que eu não pude ser um pai presente e eu queria ter sido mais.Hoje, apesar de uma condição completamente diferente, eu trabalho demais. Eu saio de casa por volta das 11h e volto tarde da noite. Minha rotina é essa. Eu não vou as festas, não vou aos lugares badalados e eu não vou a lugar nenhum. Só vivo para o meu trabalho e para a minha família. A gente se vê menos do que gostaria de verdade. Eu me sinto muito mal nesse aspecto. Apesar das dificuldades no começo, eu dei tudo que eu podia dar para fazer da vida deles uma vida legal e mesmo depois que eu comecei a ganhar dinheiro como profissional de televisão, eu tentei dividir com eles o que eu ganhava. Eles tiveram um vida muito difícil enquanto crianças, mas quando eu comecei a ganhar grana, eu comecei ajudá-los da forma que eu podia. Até mais do que eu deveria. Dizem que a gente deve dar a vara e não o peixe. Eu dei a vara e o peixe. E para falar a verdade não acho que fiz errado. Hoje, eles se sustentam, trabalham, são bons meninos e meninas. Porque eu tenho a Letícia que é uma menina batalhadora. Agora, ela está em Berlim fazendo uma cobertura internacional para uma revista de São Paulo e trabalha ainda fazendo coberturas de automobilismo para uma televisão chilena. Meus filhos são trabalhadores e sérios.
Ameaça de morte a gente recebe todos os dias, mas eu parto daquele ditado: 'cão que ladra, não morde'. Eu tenho mais medo de quem não ameaça. Essa coisa de falar que é corajoso e não tem medo é balela. Não existe uma pessoa no mundo que não tenha medo, mas esse medo me impulsiona mais a lutar contra essa bandidagem que existe por aí. É um medo que me deixa mais com vontade de ver esse Brasil mais justo e livre dos criminosos.
Eu gostaria de lembrar mais do que ser lembrado. Acho que quando eu fechar os meus olhos desse plano, quero lembrar do que foi uma vida correta. Não quero ser lembrado e eu acredito que na vida eterna eu possa continuar vendo a vida com esperança. Essa história de deixar legado, ser lembrado pelo que eu fiz não me interessa.
É um assunto que eu não gosto de falar. Eu já comentei muito, já expus demais esse assunto que eu vivi dentro da minha família e eu posso te garantir com certeza que o maior presente que eu recebi de Deus foi fazer com a droga saísse de dentro da minha casa. Quando ela entra, destrói famílias. Eu tenho pena de quem tem familiares que não conseguem se afastar de qualquer vício, principalmente drogas, mas tem também o álcool que socialmente é aceito, mas é execrável. Eu tive problemas. Hoje, meu filho é um cara super recuperável, é um cara que tem uma família linda e graças a Deus esse foi o maior presente que eu recebi na vida. Acho que as pessoas que são viciadas têm o direito ao tratamento justo e com carinho maior por parte da família e tem que ser tratada por especialistas. A gente não pode tratar um dependente químico como bandido. Quem merece ser preso, condenado e execrado pela sociedade é o traficante, não o coitado que foi aliciado pelo traficante e teve a sua vida roubada. O que me ajudou muito nessa história foi Deus.
Sinto muitas saudades. Márcia era uma companheira muito bacana e para você ter uma ideia, ela me passava com 11 pontos na audiência e eu dava 9, 10 de média e até com 17 de pico naquela época. A Globo no horário das 16h, hoje, tem dado 12 pontos. Naquela época não existiam as mídias sociais, web e aí o povão ficava mais ligado em televisão. Mas veja que, apesar de todos os meios virtuais que temos agora, a televisão sobrevive. Principalmente o jornalismo, que resiste muito. Os programas de entretenimento também resistem até por causa do streaming. Se você não assistir a novela naquele determinado horário, você hoje pode assistir em outro horário. O jornalismo do jeito que a gente faz ainda tem audiência porque tem muita coisa ao vivo e as pessoas querem ver o que está acontecendo.
Kajuru continua sendo um irmão querido, um cara que eu curto e praticamente foi decapitado da televisão porque falava o que pensava, dizia o que sentia e obviamente têm pessoas que não gostam disso, não aceitam. Praticamente expulsaram o Kajuru da televisão e foi um dos maiores talentos que eu vi na minha vida. Para falar ao vivo, nunca vi um cara tão capaz. Hoje, ele é um senador da república e acho que o céu é o limite para ele. Kajuru pode virar um governador! Ele vai longe. É meu irmão.
Não. Essa história de bandido bom é bandido morto é balela. Violência não se combate com violência. A violência se combate com a lei. Enquanto a gente tiver essas leis libertárias como a gente tem e ficar dizendo que o pacote do Sergio Moro é extremo, fica difícil. Desde que os governos relegaram ao segundo plano a questão de segurança pública, o Brasil se tornou um país quase que inviável. Hoje, você não bota o nariz na rua com medo da violência. Primeiro temos que ter lei e ela precisa ser cumprida. Temos que parar de soltar bandidos a toda hora, saída provisória para quem não merece. Para maníaco sexual, para quem comete crimes hediondos, para quem participa de crimes organizados, chefe de facções... Para essas caras não pode ter moleza, tem que ter leis. No outro lado da moeda, a Justiça brasileira tem que funcionar. Tem gente que roubou galinha ou uma bicicleta e dentro da cadeia ele vai se aliar ao crime organizado se não ele morre. Nós temos que ter um sistema judiciário mais justo prenda quem tem que prender e não quem roubou uma galinha. Como disse o ministro Raul Jungmann, cadeia é escritório de bandido. Quem manda a cadeia é o bandido e as autoridades precisam recuperar esse poder dentro do sistema penitenciário.
Sou casado com a Matilde há 42 anos e conheço há quase 50 anos. Conheci com 13 anos de idade e ela é a coisa mais importante da minha vida. Ela teve problemas sérios de saúde nos últimos tempos e quando eu vi a perspectiva de perdê-la, a única oração que eu fiz a Deus era que me levasse antes dela e graças a Deus, ela sobreviveu. Eu não quero ir depois da minha mulher para não ter a dor de perdê-la. Ela sempre foi e vai continuar sendo a coisa mais importante da minha vida. Eu sou um cara difícil para caramba. Eu sou na vida real o que eu sou na televisão e eu não sou um cara na televisão tão legal assim. Dá para perceber que eu sou invocado, brigo e discuto, mas sempre mantendo o respeito. Ela é tudo para mim.
Na verdade, eu quase não tenho horas vagas, mas o que eu mais gosto de fazer é olhar o mar. Não é ir a praia e pisar na areia. Eu gosto de ver o mar, ficar pertinho do mar. Dizem que paulista não gosta do Rio e eu devo ser uma exceção porque eu amo o Rio de Janeiro desde muito tempo. Quando eu vou ao Rio profissionalmente, eu fico olhando das janelas dos hotéis e fico imaginando como existe uma cidade tão linda. Eu me sinto bem vendo o mar e um dos lugares mais lindo que eu considero dentro do meu peito é o Rio de Janeiro. Copacabana, Aterro do Flamengo, Enseada do Botafogo, São Conrado... Queria conhecer a Prainha... Queria conhecer Búzios. Gosto também do litoral norte de São Paulo, Florianópolis, que é a minha segunda casa, e Fernando de Noronha. Quando eu fechar os meus olhos para esse plano, eu gostaria muito que fosse perto mar.