Os bailes das comunidades não são proibidos. Proibidos são os bailes em clubes e isso é muito complicado. Hoje, se um clube quiser promover um baile funk precisa ter um nada opor da Polícia Militar. Se for promover qualquer outro evento de samba, sertanejo ou forró, por exemplos, ele não precisa. Temos cinco comunidades no Rio que promovem bailes funk lá dentro, direto, todo mundo sabe, e não acontece absolutamente nada. A própria autoridade empurra o funk para a marginalidade. Nós queremos estar no asfalto, mas somos proibidos de tocarmos, de nos apresentarmos e é por isso que temos que resgatar esse movimento dos clubes promoverem os bailes. Antigamente, a favela cantava para o asfalto e, hoje, a favela canta para favela e aí que nasceram os proibidos, as letras mais para o lado da pornografia. Precisamos ter os bailes em clubes.
A Xuxa super ajudou na divulgação do funk nos anos 90. Você participava do programa dela. Como era a sua relação com a rainha dos baixinhos? E como anda hoje? Ainda se falam? Chegou a levá-la a algum baile funk? Conta pra gente uma história de bastidores divertida com ela, vai...
A Xuxa foi fundamental para o sucesso do funk e foi ela quem desmistificou o preconceito em cima do ritmo em todo o Brasil e em um momento mais grave e de perseguição da sociedade. As pessoas associavam o funk como uma coisa de preto e favelado e de repente veio uma loira, linda, de olho azul e rica e diz é funkeira! Isso trouxe um ponto de interrogação na cabeça das pessoas que passaram a olhar o movimento com outros olhos. A Xuxa ajudou a quebrar o preconceito.
O que o funk tem apresentado de novo? Você curte o som de Anitta, Ludmilla e Iza?
O legal do funk é que ele está sempre se renovando, se transformando, se adaptando e se reinventando. Essas vertentes mais pop agora, tipo Anitta e Iza, também é muito bacana e precisa agradar o público de 0 a 100 anos, todas as classes sociais, todas as religiões. O que eu luto é para que o funk tenha essa responsabilidade de ser feito para agradar todos os públicos e não ficar preso a um só nicho, não tematizar em uma só direção.
Que surpresas podemos esperar para a sua participação no réveillon de Copa esse ano?
Toquei no palco principal, em 2008, e lembro que todos os outros palcos tocavam também funk, mas ali naquele principal são aproximadamente 3 milhões de pessoas. É uma emoção incrível e tenho certeza que vou ficar ansioso. Temos que lembrar que estamos comemorando 30 anos de funk ! Nós vamos viajar no tempo, vamos passar por todas as fases do funk. Quem for ao evento vai ficar muito feliz! Montei sete blocos e um deles só vão ter hits de cantoras como Anitta, Ludmilla, Lexa, Iza, Dani e outras mulheres. É o bloco do poder feminino. Vamos ter também um bloco da cidade com todas as músicas que falam do Rio. Eu sou muito de improviso, né?
Para 2020, o que o DJ Marboro espera?
Já estamos com tudo na agulha para o Festival de funk no Brasil inteiro.Vamos descobrir novos talentos de norte ao sul deste país. Estou organizando com a CUFA (Central Única das Favelas). Quero fazer outros eventos em comemoração aos 30 anos e quero continuar firme e forte com o meu Programa Big MIX, que não é só uma programa de rádio, ele também é de televisão porque é mixado com videoclipes, o primeiro e único programa no mundo de funk em rede mixado ao vivo por um Dj. Estamos com 50 emissoras e eu quero dobrar esse número em 2020.