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Caio Paduan fala sobre relato de abuso de Julia Konrad
Atriz namorou com o ator durante três anos
Por O Dia
O relato emocionado de Julia Konrad, que afirma ter sofrido abusos em um antigo relacionamento longo mexeu com o emocional de todos os que leram sua carta aberta à revista Claudia. Entre muitas coisas, ela afirmou ter sido estuprada (sim, amores, muita gente não sabe, mas, mesmo casada é preciso que a relação sexual seja consentida pela mulher). Julia namorou durante três anos o ator Caio Paduan e, talvez por isso, não demorou muito para que o nome do ator aparecesse como autor dos fatos. A coluna, então, procurou o ator, que respondeu através de sua assessoria jurídica: "Caio Paduan não sabe nada dos fatos e não responde a processo criminal ou mesmo a investigação".
Galeria de Fotos
Quinzinho (Caio Paduan) em Verão 90
Divulgação/Globo
Quinzinho (Caio Paduan) em Verão 90
Reprodução/Globo
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divulgação/globo
Caio Paduan
Globo/Estevam Avellar
Caio Paduan
Globo/Estevam Avellar
Caio Paduan
Danilo Borges
Caio Paduan e Julia Konrad
Reprodução de internet
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A coluna reproduz um trecho do que Julia contou ao site da revista: "Na noite que ele chegou, fiz o jantar e bebemos vinho. Completamente hipnotizada por aquele olhar, acreditava em tudo que saía daquela boca. Suas histórias de trabalho, onde ele era injustiçado constantemente, apesar de sua ética impecável, sua enorme habilidade. Seu coração partido, machucado, sofrido, o trauma de um relacionamento anterior. A vontade de formar uma família. De viajar o mundo. E de dividir tudo aquilo comigo. Algo dentro de mim se incomodava com aquela rapidez toda, mas calei meu instinto. Era rápido porque tudo isso já estava escrito, éramos almas gêmeas, nenhuma outra explicação para tudo aquilo que eu estava sentindo era possível. Escondi todas as bandeiras vermelhas. Estava completamente embriagada, e naquele estupor, nos beijamos apaixonadamente na minha sala.
De repente, algo mudou. Vi uma mudança no olhar enquanto ele me levava pro quarto. Lembro de ter sido surpreendida pela força. Fui jogada na cama. Tentei beijá-lo para acalmar um pouco aquela afobação toda, mas de nada adiantou. Segundos depois minha roupa já tinha sido arrancada, ele tirava as calças com uma velocidade absurda, e antes que pudesse pensar em reagir, fui penetrada. Tudo acabou tão rápido como tinha começado. Não tive sequer tempo de pedir que ele usasse camisinha. Lembro de falar pra ele, imediatamente após o ato, que não transava sem proteção, mesmo usando pílula, já que uma gravidez não planejada não seria minha única preocupação. Ele percebeu meu desconforto e garantiu que sempre se cuidava, mas que não tinha conseguido pensar direito, tinha se deixado levar por um arroubo de paixão. Me abraçou, me beijou, a doçura retornava e me envolvia mais uma vez. Decidi ignorar a dor que sentia entre minhas pernas. Já iria passar. E ele era perfeito, não era? Foi só um desencaixe. As próximas vezes seriam melhores… nos conheceríamos mais. Eu poderia dizer o que gosto. Poderia ensinar algumas coisas. Não se descarta um homem desses assim tão fácil… certo?
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Errado. Esse foi o primeiro de vários estupros que sofreria durante anos de relacionamento. A sociedade patriarcal nos ensina a normalizá-los, chamá-los de outros nomes, pois dessa forma fica mais difícil de identificar. Um desses nomes é ‘dever’. O ‘dever da mulher’, algo que era constantemente jogado na minha cara sempre que manifestava minha negativa ao sexo. E eu acreditava e cedia, em meio às constantes ameaças de que me deixaria. Eu, já isolada da minha família, afastada dos meus amigos, com dívidas de empréstimos para pagar nossas contas sempre feitos no meu nome, aprendi a ceder. Se eu não cumprisse meu dever de mulher, ele me deixaria. Eu cumpriria meu dever de mulher, por medo. Medo de ficar sozinha. E depois da tempestade, do dever cumprido, vinha reconquista. O pedido de desculpas, a explicação dos traumas do relacionamento passado. Presentes, surpresas, declarações públicas de amor.
Consentimento é um território nebuloso, especialmente quando se trata de um casal. Se eu deixei, é porque eu queria, certo? Foi consentido, apesar do sangramento que virou rotina pós-sexo. Aprendi a lidar com a dor ao urinar. O problema era meu, afinal, eu era frígida, teria algum bloqueio mal resolvido, insinuava ele. A única vez que tentei conversar sobre como eu gostava de transar, fui humilhada, enquanto ele gritava que eu não sabia o que era sexo com um homem de verdade. Chorei calada enquanto escutava cada ofensa. Era meu dever satisfazer aquele homem. Mesmo não querendo. Mesmo sentindo repulsa do toque. Mascarava a situação quando meu corpo, estremecido, reagia se afastando dele. Eu disfarçava, dizendo que eram só cócegas. Tinha medo do que ele faria se eu falasse a verdade. Acabei acreditando na narrativa de que o problema era meu, de que o problema era eu. Criei táticas para tudo aquilo acabar o mais rápido possível – se eu ficasse de quatro e fingisse um orgasmo, ele gozava logo. E então poderia cuidar do meu corpo e mente dilacerados, e ganhar algumas semanas de sossego. Durante anos, fui estuprada sem saber, cumprindo meu ‘dever de mulher’'.
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Só fui entender anos depois do término desse relacionamento que essa coação psicológica que sofria para ceder meu corpo a esse homem se chama estupro conjugal, e é um dos principais tipos de violência doméstica sofrida por mulheres, que muitas vezes são incapazes de reconhecer a violação. E, assim como eu sofria, centenas de milhares de mulheres sofrem caladas, vítimas desse crime ainda tão normalizado na nossa sociedade".