Mercado de locação vive momento aquecido, impulsionado por fatores econômicos, demográficos e culturaisFreepik
Um em cada cinco brasileiros mora de aluguel no país
Especialistas em locação confirmam tendência apontada pelo IBGE
O estigma de que morar de aluguel era uma escolha de quem não podia comprar um imóvel está desaparecendo no país. Prova disso é que um em cada cinco brasileiros mora de aluguel (21%), segundo o Censo 2022, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira. Especialistas do setor ouvidos pela coluna confirmam a tendência. “O mercado de locação no Brasil vive um momento de forte aquecimento, impulsionado por uma série de fatores econômicos, demográficos e culturais que transformaram o comportamento dos brasileiros em relação à moradia. A demanda por imóveis para alugar cresceu consideravelmente pós-pandemia e já está refletindo nos dados do IBGE”, avalia Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio (Sindicato da Habitação).
Segundo ele, dados do sindicato comprovam essa realidade. “Observamos uma valorização média de mais de 61% no preço do metro quadrado e uma queda de 44% nas ofertas de 2019 para cá. Se antes comprar um imóvel era visto como a principal meta para quem desejava estabilidade, hoje o aluguel desponta como uma alternativa cada vez mais atraente e desmistificada”, afirma Schneider.
Marco Freitas, diretor-adjunto de Locação da Abadi, observa que a tendência reflete as mudanças nas prioridades da população, que busca mais flexibilidade e praticidade em suas escolhas habitacionais. “O aluguel surge como uma solução viável para muitas famílias, especialmente diante do elevado custo de aquisição de imóveis e das condições desafiadoras de financiamento imobiliário, que frequentemente incluem altas taxas de juros e exigências de entrada significativa”, analisa Freitas.
Daniele Souza, gerente de Locação da Precisão Empreendimentos Imobiliários, concorda que a instabilidade econômica e as altas taxas de juros têm levado muitos consumidores a optarem pela locação. “A aquisição de um imóvel envolve um investimento inicial elevado e compromissos financeiros a longo prazo, o que pode ser desafiador em tempos de incerteza econômica. Além disso, o estilo de vida contemporâneo, que valoriza a mobilidade e a flexibilidade, tem impulsionado a demanda por locações. Muitas pessoas, especialmente os mais jovens, preferem alugar, pois isso permite que mudem de cidade ou país com mais facilidade, sem os entraves da venda de um imóvel”, diz Daniele.
Solange Portela de Andrade, diretora da JB Andrade Imóveis, lembra que o segmento está sempre movimentado e, por isso, há uma carência de imóveis, principalmente, pelos que estão prontos para entrar e morar, que são super disputados. “Com os juros mais altos e o financiamento um pouco mais restritivo, algumas famílias retardaram a decisão da compra e permaneceram no aluguel. A minha dica para os proprietários que desejam lucrar com este cenário é investir em benfeitorias, desde pequenas intervenções como pintura e modernizações até reformas completas. O investimento valerá a pena”, recomenda Solange.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.