Colunista Rafael Nogueirareprodução
A mal chamada "Inteligência Artificial" (IA), na verdade uma simulação computacional de certos processos inteligentes, ainda está no início - mas assim como as redes sociais foram do IRC ao Instagram, e os telefones móveis foram do Nokia ao iPhone, creio que muito em breve ChatGPT e similares estarão guardados em nossa memória junto dos dinossauros.
Essa espécie de calculadora que pode realizar tarefas complexas e fornecer respostas discursivas, imagéticas e robóticas carece da compreensão e consciência genuína da verdadeira inteligência humana. Inteligir é mais do que calcular e processar dados com velocidade e precisão, é sobretudo perceber a realidade e saber que percebe, é entender e saber que entende, é saber e saber que sabe. Essa distinção é crucial para analisar os impactos na sociedade.
Por um lado, essas ferramentas podem funcionar como "neurônios auxiliares", ampliando nossa capacidade de processar informações e enfrentar desafios complexos, beneficiando áreas como medicina, cultura, finanças e educação. Por outro, há sérios riscos associados ao seu uso indiscriminado. À medida que essas tecnologias avançam, surgem preocupações legítimas sobre privacidade, segurança de dados e manipulação de comportamento, podendo gerar uma vigilância excessiva e ameaça à liberdade individual.
Ademais, a dependência excessiva dessas ferramentas pode levar à perda de habilidades e à redução da capacidade humana de realizar tarefas sem auxílio tecnológico, resultando em uma automatização que pode se tornar uma perda de tempo sofisticada ou até uma nova fonte de enfermidades, quando usada sem discernimento ou para propósitos questionáveis.
À medida que a IA avança, surgem preocupações quanto à segurança de dados, já que a coleta massiva de informações pode gerar riscos à privacidade das pessoas. Quanto ao temor da substituição de empregos, acredito que temos o dever de nos adaptar, e talvez a IA possa criar novas oportunidades de trabalho. A compreensão dos algoritmos de IA e sua tomada de decisão, conhecida como "caixa-preta", também é uma preocupação, já que a opacidade pode dificultar a responsabilização.
Apesar de não ser uma "inteligência" verdadeira, a aplicação auxiliar da automatização pode trazer vantagens significativas. Já podemos ver no horizonte a Era da Superinteligência, desde que isso signifique que essa automação avançada será auxiliar à consciência humana. É fundamental ter cautela para evitar consequências negativas. Ninguém quer ver circulando robôs assassinos ultra-avançados. A tecnologia deve trabalhar a nosso favor, capacitando-nos, mas preservando a essência do que significa ser humano.
Na medicina, a IA tem se destacado no diagnóstico precoce de doenças complexas, como o câncer. Robôs cirúrgicos e assistentes virtuais otimizam procedimentos, tornando-os mais precisos e seguros. Nas finanças, instituições empregam algoritmos de IA para analisar grandes volumes de dados e tomar decisões de investimento mais informadas. Já na educação, a IA facilita a personalização do ensino, adaptando o conteúdo de acordo com o perfil e ritmo de aprendizado de cada aluno. Na cultura, tradutores, preparadores, roteiristas, escritores e técnicos de luz e som podem contar com enormes vantagens.
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