Colunista Rafael Nogueirareprodução
De várias maneiras, a tecnologia transforma a cultura. E a maneira como pensamos, imaginamos, criamos, vivemos.
Quando a pólvora foi inventada, abrindo as portas para as armas de fogo, deve ter sido bem surpreendente. As pessoas devem ter sentido que estavam à beira de uma catástrofe. O mesmo aconteceu com as máquinas a vapor sendo usadas em navios e trens. A velocidade era ao mesmo tempo assustadora e estimulante. E com o motor de combustão interna, veio uma mobilidade quase ilimitada — e isso foi imenso e libertador. A tecnologia atual é ainda mais impressionante, porque não possui limites físicos: acontece também dentro das mentes e dos corpos.
Museus, bibliotecas e arte estão mudando e continuarão a mudar. O espaço físico do museu está sendo ampliado para abranger o espaço virtual, oferecendo aos visitantes experiências interativas e imersivas. As exposições agora podem transcender as limitações físicas e alcançar um público global instantaneamente.
Por muito tempo, a peça de arte ilustrou a identidade cultural da igreja, de um governante ou de um nobre que encomendava a peça. Permanecia na casa de alguém ou pendurada nas janelas da igreja local e era vista apenas por aqueles que entravam nas instalações. Passou-se um tempo, mas o limite físico ainda permanecia como um obstáculo insuperável.
Agora, na era digital, a arte pode, em tese, ser vista por qualquer um. Os artistas podem expô-las on-line, aos olhos de milhões de pessoas. Acervos imensos podem ser acessados em qualquer lugar do mundo, como a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional; não é preciso mais estar no Rio de Janeiro.
Mas a fusão de tecnologia e cultura também nos desafia com questões éticas. A manipulação digital de imagens levanta preocupações sobre autenticidade e verdade nas representações. O acesso ilimitado à informação pode levar à disseminação de desinformação e ao colapso da confiança nas fontes tradicionais.
Podemos e devemos abraçar o potencial revolucionário da tecnologia. Mas é preciso fazê-lo com consciência crítica e compromisso com a preservação do que é essencial na cultura humana. A medida do seu impacto na cultura dependerá da forma como navegamos nesse novo mundo, mantendo a integridade da expressão artística e enfrentando os dilemas morais que surgem a partir disso.
De todo modo, a intersecção entre arte e tecnologia me parece um terreno fértil para a criatividade. Na era do streaming, o acesso à cultura global é instantâneo. Plataformas digitais trazem filmes, músicas e séries que transcendem fronteiras. A tecnologia não apenas dissemina a cultura, mas também nos mergulha em contextos históricos de forma vívida; presentifica de modo marcante outras vidas e outros tempos.
Há quem acredite que a tecnologia está matando a forma tradicional de arte visual. Penso que o mundo digital está, na verdade, transformando a criatividade, expandindo-a à sua maneira e, com isso, inspirando mais e mais pessoas para um novo formato, a desafiar não apenas os limites do tempo, mas também do espaço.
Quando a pólvora foi inventada, abrindo as portas para as armas de fogo, deve ter sido bem surpreendente. As pessoas devem ter sentido que estavam à beira de uma catástrofe. O mesmo aconteceu com as máquinas a vapor sendo usadas em navios e trens. A velocidade era ao mesmo tempo assustadora e estimulante. E com o motor de combustão interna, veio uma mobilidade quase ilimitada — e isso foi imenso e libertador. A tecnologia atual é ainda mais impressionante, porque não possui limites físicos: acontece também dentro das mentes e dos corpos.
Museus, bibliotecas e arte estão mudando e continuarão a mudar. O espaço físico do museu está sendo ampliado para abranger o espaço virtual, oferecendo aos visitantes experiências interativas e imersivas. As exposições agora podem transcender as limitações físicas e alcançar um público global instantaneamente.
Por muito tempo, a peça de arte ilustrou a identidade cultural da igreja, de um governante ou de um nobre que encomendava a peça. Permanecia na casa de alguém ou pendurada nas janelas da igreja local e era vista apenas por aqueles que entravam nas instalações. Passou-se um tempo, mas o limite físico ainda permanecia como um obstáculo insuperável.
Agora, na era digital, a arte pode, em tese, ser vista por qualquer um. Os artistas podem expô-las on-line, aos olhos de milhões de pessoas. Acervos imensos podem ser acessados em qualquer lugar do mundo, como a hemeroteca digital da Biblioteca Nacional; não é preciso mais estar no Rio de Janeiro.
Mas a fusão de tecnologia e cultura também nos desafia com questões éticas. A manipulação digital de imagens levanta preocupações sobre autenticidade e verdade nas representações. O acesso ilimitado à informação pode levar à disseminação de desinformação e ao colapso da confiança nas fontes tradicionais.
Podemos e devemos abraçar o potencial revolucionário da tecnologia. Mas é preciso fazê-lo com consciência crítica e compromisso com a preservação do que é essencial na cultura humana. A medida do seu impacto na cultura dependerá da forma como navegamos nesse novo mundo, mantendo a integridade da expressão artística e enfrentando os dilemas morais que surgem a partir disso.
De todo modo, a intersecção entre arte e tecnologia me parece um terreno fértil para a criatividade. Na era do streaming, o acesso à cultura global é instantâneo. Plataformas digitais trazem filmes, músicas e séries que transcendem fronteiras. A tecnologia não apenas dissemina a cultura, mas também nos mergulha em contextos históricos de forma vívida; presentifica de modo marcante outras vidas e outros tempos.
Há quem acredite que a tecnologia está matando a forma tradicional de arte visual. Penso que o mundo digital está, na verdade, transformando a criatividade, expandindo-a à sua maneira e, com isso, inspirando mais e mais pessoas para um novo formato, a desafiar não apenas os limites do tempo, mas também do espaço.
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