
Chega a ser óbvio, mas o ideal é deixar a "pele respirar". Fibras naturais como algodão, linho, seda e viscose, que é artificial, mas extraída da natural, são as apostas ideais, de acordo com o professor e coordenador de Design de Moda, da Universidade Veiga de Almeida, Roberto Francisco de Abreu.
Fato é que a crise afetou todos os setores e com a moda não foi diferente. "Esses tecidos para o calor não são de baixo custo e ultimamente a moda tem feito uso de tecidos mais baratos que dificultam a transpiração", explicou ele. "A roupa é leve, mas não permite que o corpo respire, a gente vira uma estufa", ilustrou o especialista.
Viscose é leve no corpo e no bolso

Quem vem procurando uma alternativa para oferecer um produto final de qualidade e sobreviver no mercado é a estilista Paula Ara, da marca Ara Rio. No mercado desde 2011, acostumada a fazer peças coloridas e muitos vestidos, Paula contou que no início preferia trabalhar com materiais mais "encorpados" — aqueles que podem ser muito usados nos vestidos e saias "lady like" — mas acabou percebendo que o clima carioca não favorecia muito as vendas.
"Eu fazia muitos vestidos que as pessoas falavam: É lindo, mas é muito quente", contou, sorrindo, ao lembrar. Sem deixar a identidade de lado, ela mudou e alavancou as vendas. "Percebi ao longo do tempo que a preferência é pela viscose. É o mais fresco. Vejo que é o que mais sai", disse.

Uma das vantagens da viscose é que ela não acrescenta volume, pode ser encontrada em outras composições e entre as opções para enfrentar o calor é uma das que mais cabem no orçamento.
"Chifon é bom, mas ainda é sintético. Tem gente que 'implica' com ele porque é 100% poliéster", opinou a estilista.
Há quem fale que roupas sintéticas no calor fazem a pele pinicar. A tal "implicância" vem de uma sensação incômoda do tecido na pele com as altas temperaturas. Para os alérgicos, a junção dos dois é terrível.

No entanto, ainda há algumas alternativas para escapar à regra do natural versus sintético... Os tecidos muitas vezes não são puros, pode haver um crepe de chifon, por exemplo, e o tecido já não será "tão sintético". Fique de olho na composição da peça que vem especificada na etiqueta, dependendo da porcentagem sintética, talvez seja melhor deixá-la na arara.
Para não se enganar ao comprar tecidos, confira as dicas:
Não há mistério para entender os tecidos, é só pensar que quanto mais composição sintética existir, mais quente será a peça. A regra é básica: Fuja de sintéticos com base de poliéster. "Os de poliamida ainda permitem um respiro maior", explica o professor Roberto.

Fibras naturais também podem ser pesadas, ou com as "tramas" do tecido mais fechadas, mas não são as indicadas para o calor. No caso desses tecidos, é mais comum encontrá-los em formas mais versáteis. Já no caso dos sintéticos, até há no mercado tecidos que apresentem a trama artificial mais aberta, segundo ele, mas não é tão comum encontrá-los disponíveis.