Por clarissa.sardenberg
Rio - Sol, calor. Quem nunca saiu de casa e sentiu estar "derretendo" dentro da roupa? Mesmo em dias nublados, a sensação térmica não tem dado trégua em terras tupiniquins e se vestir em qualquer ocasião pode desanimar até os mais descolados. No entanto, você pode economizar alguns minutos em frente ao armário se souber em quais tecidos apostar nesta temporada, já que muitas vezes uma peça que parece leve pode virar uma "verdadeira sauna".
Paula Ara é estilista e dona da ARA RioClarissa Sardenberg / Agência O DIA

Chega a ser óbvio, mas o ideal é deixar a "pele respirar". Fibras naturais como algodão, linho, seda e viscose, que é artificial, mas extraída da natural, são as apostas ideais, de acordo com o professor e coordenador de Design de Moda, da Universidade Veiga de Almeida, Roberto Francisco de Abreu.

Fato é que a crise afetou todos os setores e com a moda não foi diferente. "Esses tecidos para o calor não são de baixo custo e ultimamente a moda tem feito uso de tecidos mais baratos que dificultam a transpiração", explicou ele. "A roupa é leve, mas não permite que o corpo respire, a gente vira uma estufa", ilustrou o especialista.

Viscose é leve no corpo e no bolso

Tecidos leves dão charme àqueles 'casaquinhos' que podemos usar no escritório para fugir do frio do ar-condicionadoClarissa Sardenberg / Agência O DIA

Quem vem procurando uma alternativa para oferecer um produto final de qualidade e sobreviver no mercado é a estilista Paula Ara, da marca Ara Rio. No mercado desde 2011, acostumada a fazer peças coloridas e muitos vestidos, Paula contou que no início preferia trabalhar com materiais mais "encorpados" — aqueles que podem ser muito usados nos vestidos e saias "lady like" — mas acabou percebendo que o clima carioca não favorecia muito as vendas.

"Eu fazia muitos vestidos que as pessoas falavam: É lindo, mas é muito quente", contou, sorrindo, ao lembrar. Sem deixar a identidade de lado, ela mudou e alavancou as vendas. "Percebi ao longo do tempo que a preferência é pela viscose. É o mais fresco. Vejo que é o que mais sai", disse.

Bisbilhotando um dos croquis da estilista Paula Ara...Divulgação/ ARA Rio

Uma das vantagens da viscose é que ela não acrescenta volume, pode ser encontrada em outras composições e entre as opções para enfrentar o calor é uma das que mais cabem no orçamento.

"Chifon é bom, mas ainda é sintético. Tem gente que 'implica' com ele porque é 100% poliéster", opinou a estilista.

Há quem fale que roupas sintéticas no calor fazem a pele pinicar. A tal "implicância" vem de uma sensação incômoda do tecido na pele com as altas temperaturas. Para os alérgicos, a junção dos dois é terrível.

Blusa de linho e macaquinho mix de linho com vicose da loja TrêsDivulgação/ Loja Três

No entanto, ainda há algumas alternativas para escapar à regra do natural versus sintético... Os tecidos muitas vezes não são puros, pode haver um crepe de chifon, por exemplo, e o tecido já não será "tão sintético". Fique de olho na composição da peça que vem especificada na etiqueta, dependendo da porcentagem sintética, talvez seja melhor deixá-la na arara.

Para não se enganar ao comprar tecidos, confira as dicas:

Não há mistério para entender os tecidos, é só pensar que quanto mais composição sintética existir, mais quente será a peça. A regra é básica: Fuja de sintéticos com base de poliéster. "Os de poliamida ainda permitem um respiro maior", explica o professor Roberto.

Longos e calças fresquinhos do Cantão Divulgação/ Cantão

Fibras naturais também podem ser pesadas, ou com as "tramas" do tecido mais fechadas, mas não são as indicadas para o calor. No caso desses tecidos, é mais comum encontrá-los em formas mais versáteis. Já no caso dos sintéticos, até há no mercado tecidos que apresentem a trama artificial mais aberta, segundo ele, mas não é tão comum encontrá-los disponíveis.

Isso, de "trama" aberta ou fechada é, de forma simplificada, a própria composição do tecido e o que permite que a pele respire dentro da roupa. 
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O fato é que o estilista até procura, mas nem sempre consegue unir preço com o que a empresa ou ele próprio pode pagar. O consumidor, por sua vez, paga o que quer, leia-se o que pode, mas vale ficar esperto na hora da compra e consumir com consciência.