Rio - Em tempos de manifestações, ‘Cazuza — Pro Dia Nascer Feliz, o Musical’ promete emoções fortes para os fãs do cantor de ‘Exagerado’. Dirigida por João Fonseca (com roteiro de Aloísio de Abreu), a peça, que estreia amanhã no Theatro Net, em Copacabana, não esquece nem do dia em que Cazuza, enraivecido, cuspiu numa bandeira brasileira atirada ao palco de um show seu, em 1988.
“O Cazuza ainda diz que cuspiria de novo”, conta Aloísio. “Era o Brasil da morte do Chico Mendes, dos 900% de inflação. É como se ele estivesse falando de hoje”, lembra o roteirista sobre o cantor, que, se fosse vivo, seria um veterano de 55 anos.
As músicas dão o tom do espetáculo. ‘Pro Dia Nascer Feliz’ abre a peça numa cena em que Cazuza escreve poesia, observado pelos pais (Lucinha e João Araújo, interpretados por Susana Ribeiro e Marcelo Várzea). Músicas como ‘Exagerado’, ‘Ideologia’ e ‘Codinome Beija-Flor’ pontuam brigas com a família, farras com os amigos (como Bebel Gilberto, interpretada por Yasmin Gomlevsky), a entrada para o Barão Vermelho (o parceiro Frejat é interpretado por Thiago Machado).
Temas como drogas e homossexualidade não ficam de fora. E, ao contrário do que aconteceu no filme ‘Cazuza — O Tempo Não Para’, de Sandra Werneck e Walter Carvalho, Ney Matogrosso, que teve um romance com o cantor, aparece. É interpretado por Fabiano Medeiros.
“Há cenas de beijo entre eles. Mas focamos no fato de ele ter sido padrinho musical do Cazuza”, conta João. “Nessa época de (Marco) Feliciano (presidente da Comissão de Direitos Humanos), é importante falar do Cazuza. Antes de qualquer rótulo, ele era um jovem livre”.
O ator escolhido para o papel principal, Emílio Dantas, tem o que a equipe chama de “vibe Cazuza”. “Fui ao teste sem ter decorado todas as cenas. Não decorei porque passei o tempo todo vendo vídeos do Cazuza e lendo sobre ele”, garante Emílio, que usa perucas para interpretar o Cazuza jovem e os últimos dias do cantor. “Fui ao teste totalmente porra-louca, abraçando todo mundo, falando palavrão pra caramba. A Lucinha disse que eu falo palavrão de forma doce, igual a ele. Acredito que o Cazuza seja um estado de espírito”.






