Por daniela.lima

Rio - Aos 72 anos, Ney Matogrosso já fez quase tudo nessa vida. Quase... “Nossa, nunca empunhei uma guitarra antes... Como faz com essa correia, me ajudem aqui que estou enrolado!”, diverte-se o cantor — que já declarou ter experimentado maconha, cocaína, LSD, haxixe, chá de cogumelo, Santo Daime, além de sexo grupal — ao posar pela primeira vez com o instrumento-símbolo do rock. 

Ney Matogrosso protagoniza cenas picantes com a roqueira Marília Bessy em show André Mourão / Agência O Dia


A foto, que ilustra a capa desta edição do Caderno D, registra o descontraído ensaio que acompanhamos para a apresentação que Ney faz hoje, no Theatro Net Rio, em Copacabana, com a roqueira carioca Marília Bessy, lançamento do CD e DVD ‘Infernynho’ (com ‘y’ mesmo), que gravaram juntos.

“Eu vim do rock!”, ressalta ele, lembrando que despontou no grupo Secos & Molhados. “É o gênero musical que mais mudou a mentalidade do planeta. O mundo está muito careta. A música que aprendi a amar é intensa, diferentemente da que vem sendo feita atualmente, muito light”.

A crítica de Ney, claro, passa longe da companheira Marília. “Eles têm em comum uma proposta sexy e libertária. Rolou uma química natural”, atesta o jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour, que assina a direção do espetáculo. 

Ney e a roqueira Marília Bessy durante ensaio para o show em CopacabanaAndré Mourão / Agência O Dia


Ela, que já lançou um CD chamado ‘Doce Devassa’ (“A Marília sempre foi uma vagabunda, agora que está largando essa vida”, brinca Faour), conta que esse lado ‘safadinha’ vem desde cedo. “Sempre causei polêmica entre a minha turma de amigos. Acho que, por isso, eu nunca autorizaria a minha biografia!”, diverte-se ela. “O inferninho do título é um puteiro mesmo, um lugar democrático onde as pessoas vão para se divertir. O show é isso: dançante e sensual”, define.

No roteiro, estão ritmos e letras provocantes, como ‘Folia no Matagal’ (Eduardo Dussek), ‘Fogo e Paixão’ (Wando) e ‘Conga, Conga, Conga’ (sucesso de Gretchen, a rainha do rebolado, na qual a dupla protagoniza uma pegação séria no palco).

“O artista tem que ousar e provocar, tem que se expor com liberdade”, decreta Ney.
E, por falar em liberdade, qual sua opinião sobre a polêmica questão das biografias não-autorizadas? “Muita coisa ainda vai mudar sobre isso... veja que até o Roberto Carlos parece que mudou de opinião! Mas eu acho que, se for lançada uma série na televisão sobre um artista ou um livro, esse artista também merece ser remunerado”, opina ele. “A minha biografia, podem escrever à vontade. Afinal, já contei tudo de mais íntimo da minha vida em entrevistas!”. 


NEY EM DOSE DUPLA

Hoje, Ney Matogrosso canta com Marília Bessy em Copacabana. O incansável setentão volta aos palcos cariocas sexta-feira, no Circo Voador, para participar do show da banda Tono junto de Gilberto Gil (o grupo conta com Bem, filho de Gil).

A apresentação marca o lançamento do terceiro disco do Tono, chamado ‘Aquário’. “Neste CD, eles seguiram uma trajetória mais limpa, eu gostei muito dessa evolução. O primeiro e o segundo, embora sempre originais e criativos, eram bem sujos”, avalia Ney, que é fã da banda e já vem cantando em suas apresentações duas músicas deles, ‘Não Consigo’ e ‘Samba do Blackberry’.

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