Por nara.boechat
Rio - Recostado em uma cadeira do bar Astor, em Ipanema, Marcelo Serrado saboreia um tira-gosto com suco de fruta. O sucesso no cinema e na TV é o acompanhamento principal. Na conversa com O DIA, na última sexta-feira, o cardápio vai desde o fenômeno de bilheteria ‘Crô — O Filme’, longa que já foi visto por 1,2 milhão de pessoas, passando pela série ‘A Mulher da Sua Vida’, quadro estrelado por ele no ‘Fantástico’, e a estreia, hoje, do especial de fim de ano ‘Alexandre e Outros Heróis’, em que interpreta o cantador de embolada Mestre Libório.

“Foi um ano de resguardo, no começo. Depois, me aprofundei no teatro. Mas está culminando agora com o quadro do ‘Fantástico’ e o especial. Me senti trabalhando num grupo teatral. O público pode gostar ou não do especial, mas é um produto de altíssima qualidade, um trabalho memorável”, classifica o ator.

Marcelo Serrado no bar AstorJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

Em ‘Alexandre e Outros Heróis’, adaptação de dois contos de Graciliano Ramos e homenagem aos 60 anos da morte do escritor, Marcelo Serrado está quase irreconhecível. Quem já o viu na pele do mordomo afetado Crô na comédia dirigida por Bruno Barreto, com roteiro de Aguinaldo Silva, vai levar um susto com a caracterização para o especial. O ator clareou o cabelo, fez permanente, colocou fios sintéticos nas sobrancelhas e no bigode, e ainda aumentou as orelhas com uma prótese.

“Fiquei chocado quando me olhei no espelho. Esse cara não sou eu!”, brinca ele, que se esforçou fisicamente para gravar no sertão alagoano. “Foi muito intenso, cansativo. Libório tem 1,60m, mas eu meço 1,68m. Tive que fazê-lo meio curvado e com a boca torta. Fiquei com dores nas costas”, conta.
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Na volta ao Rio, o ator estava fora do peso e precisou fazer tratamento para aliviar as dores no corpo. “Lá, fiquei ansioso demais e comi muito. Não sou gordo, nunca fui. Mas, quando cheguei aqui, malhei na praia e fechei a boca. Emagreci quatro quilos e meio, e já estou com o corpo pronto para outro trabalho”, avisa.
No cinema, Marcelo só tem motivos para comemorar. Crô, o personagem saído da novela ‘Fina Estampa’, de Aguinaldo Silva, cresce na bilheteria a cada fim de semana. “É um fenômeno. As crianças o adoram. Recebo muitas mensagens pelo Twitter. Isso tudo devo ao Aguinaldo Silva, que tem essa capacidade incrível de criar tipos populares”, elogia ele.
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Apesar do êxito de público, o filme teve muitas críticas negativas. Para o ator, isso não influencia a ida às salas de projeção. “O grande público não lê crítica. Dou importância às críticas, sim, mas, no caso do filme, não li, porque sabia que haveria preconceito. Mas não me importo. Queríamos atingir uma grande plateia e atingimos”, diz.
Marcelo não acredita que o mordomo gay emplaque uma segunda vez na TV, mas admite que uma continuação na telona é bem possível, desde que o longa siga a tendência de aumento de bilheteria e ultrapasse a barreira dos 2 milhões de espectadores. A conferir.
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“O personagem é adorado e ficou maior do que eu. O que um ator pode querer mais? Adriana Esteves ficou marcada como a Carminha de ‘Avenida Brasil’ e Mateus Solano agora faz sucesso com o Félix, em ‘Amor à Vida’. Todo artista quer um papel assim. Me sinto honrado, acarinhado. Isso não tem preço”, comemora.
Casado com a bailarina Roberta Fernandes, com quem teve os gêmeos Felipe e Guilherme em abril deste ano, o ator mostra como é complicada a busca pela mulher amada no quadro do ‘Fantástico’. Os esquetes de seis minutos têm uma pegada de humor e romantismo. “Acho que muitos homens estão à procura da mulher perfeita. Outros são cachorros por natureza”, brinca. “No último quadro, vamos mostrar como descobrir que a mulher da sua vida não é a parceira ideal.”
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Histórias de um velho mentiroso do sertão de Alagoas
O elenco de ‘Alexandre e Outros Heróis’, comandado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, ensaiou por dois meses e meio em um galpão do Projac. Depois, passou dez dias gravando em Pão de Açúcar, cidade no sertão de Alagoas, terra natal de Graciliano Ramos.
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Para Marcelo Serrado, o personagem Libório é um risco prazeroso. “Ele é um músico que canta embolada, criado no sertão. Completamente diferente de mim, um cara criado em Ipanema. Acho saudável para o artista passar por essa transformação, sair da zona de segurança. Com Luiz Fernando, você tem que se arriscar mesmo. Senão, está morto”, decreta.
A trama gira em torno das histórias contadas pelo velho Alexandre (Ney Latorraca), um típico mentiroso do sertão que ficou com o olho torto ao cavalgar uma onça, quando menino. O elenco traz ainda Flávio Rocha (Gaudêncio), Marcélia Cartaxo (a beata Das Dores), Flávio Bauraqui (o cego Firmino) e Luci Ramos (Cesária, a musa de Alexandre).