“Já estamos chamando a atenção nos ensaios abertos que fazemos no MAM (Museu de Arte Moderna) ou no Parque Guinle. Porque não é comum, a mulher está inserida no mundo da música mais como cantora do que como instrumentista. Você não vê muitas mulheres tocando tuba, por exemplo. A Damas de Ferro vai ter esse charme a mais”, ressalta Carol.
Banda Damas de Ferro se prepara para estrear no Carnaval 2014
Com metais em brasa e percussão pulsante, grupo se orgulha de ser a primeira banda carioca de fanfarra só com mulheres
Rio - ‘É fanfarra, mas sem fanfarrões!”, decretam, quase em uníssono, as integrantes da Damas de Ferro, orgulhosas ao se proclamarem a primeira banda carioca de fanfarra (grupo musical formado por instrumentos de sopro de metal e de percussão) só de mulheres. “Os meninos estão doidos, querem participar da banda, mas só se for vestido de mulher!”, diverte-se a trombonista Carol Schavarosk.
Elas integram o que chamam de neo-fanfarrismo carioca, uma espécie de movimento no qual destacam-se também grupos como Orquestra Voadora (boa parte das meninas da Damas de Ferro veio do bloco da OV), Os Siderais, Sinfônica Ambulante, Cinebloco e Go East Orkestar. Ao som de trompetes, trombones, saxofones, tubas, caixas e alfaias, e repertório eclético, que inclui versões para clássicos de Belchior (‘Velha Roupa Colorida’) a sucessos da vez como ‘Get Lucky’, do Daft Punk,elas se preparam para estrear no Carnaval de 2014.
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A busca pelas instrumentistas foi uma saga. “No início, achei que não iria além de um quarteto, até que, pouco a pouco, começamos a encontrar outras meninas que tocavam sopros ou percussão”, comemora Bubu Gabi Góes, que toca surdo e também é produtora cultural.
Todas, aliás, têm outra atividade além da música. E dão seu jeito para espremer no tempo livre a Damas de Ferro e ainda a família e namoros. Mas, às vezes, rola estresse. “Meu marido reclama muito que não tenho tempo para nada. Tento conciliar os ensaios com os dias das reuniões dele”, conta a trompetista (e bióloga) Maysa Salles.
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Mas elas estão entusiasmadas. E, mesmo com tantas mulheres tocando juntas, juram que não temem a eclosão de uma TPM coletiva. “Mesmo na TPM, a gente está pegando leve, porque estamos com muita vontade de apresentar esta banda”, entusiasma-se Sabrina Bairros, saxofonista e publicitária.
A trompetista (e designer) Marcela de Paula, porém, faz uma ressalva: “Ah, só não pode uma aparecer com a saia igual à da outra!”, diverte-se.
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E para lidar com o assédio da rapaziada animada no Carnaval, como vai ser? “Sempre vai ter um para soltar uma piadinha. Já ouvi: ‘Tá sobrando mulher aí, passa uma pra mim!’ Olha, se a cantada for original, até que pode ter chance”, provoca Irene Milhomens, trombonista e bailarina.
Contar apenas com mulheres na escalação, acreditam as integrantes da Damas de Ferro, tem ainda uma outra vantagem: “Na hora de passar o chapéu, só com meninas, esperamos que as pessoas se entusiasmem mais a dar um dinheiro”, brinca Sabrina, ao que Thaís Bezerra, tocadora de caixa, completa: “Mas o apelo não pode ser só por sermos mulheres... Tem que ter qualidade!”, decreta.
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