Por daniela.lima

Rio - Quase cinco décadas se passaram desde a instauração da ditadura, em 1º de abril de 1964. Mas muitas das memórias daquela época continuam bem vivas. A partir de amanhã, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), essas lembranças ganham forma através de fotografias, obras de arte e documentos históricos da mostra ‘Resistir é Preciso’ — vista por 200 mil pessoas em Brasília e São Paulo, por onde passou até chegar por aqui. 

Mostra ‘Resistir é Preciso’ já montada nas salas do CCBB, no RioDivulgação


“Participei intensamente da luta pela liberdade, mas o tempo apaga tudo”, comenta o curador-geral, Fábio Magalhães. Exatamente por isso, tanto é falado até hoje sobre um dos períodos mais sombrios da nossa história. “Meus filhos e netos precisam saber pelo o que passamos. Por isso, a mostra é voltada para a juventude e só conta a história de quem resistiu e como é importante resistir sempre”, defende Magalhães, hoje aos 71 anos.

No caso da exposição, a resistência continua através de 48 obras, assinadas por artistas como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Anna Maria Maiolino, Cildo Meireles, Lygia Pape e Rubem Grilo, entre outros. “Muitas obras foram destruídas e vandalizadas, mas foi um período muito rico de rebeldia. O foco da exposição é político, mas aquela época também foi de grande mudanças de costumes”, comenta o curador.

Organizada pela Instituto Vladimir Herzog, ‘Resistir é Preciso’ teve como embrião uma série de documentários dirigidos por Ricardo Carvalho, sobre a imprensa alternativa na época da ditadura. Aliás, a morte do jornalista Herzog é citada por Magalhães como um divisor de águas no movimento de resistência.

“Foi daí em diante que os movimentos de massa se intensificaram e a sociedade começou a reagir com mais força”, diz ele, que voltou do exílio político ao Brasil justamente em 1975, ano da morte do jornalista. “Essa mostra foi sucesso por onde passou, mas ganha uma importância ainda maior no Rio, onde estará em cartaz na data que marca os exatos 50 anos da resistência.”

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