Por tabata.uchoa

Rio - O filme ‘Praia do Futuro’ só chega ao Brasil em 1º de maio, mas já gera burburinho internacional após sua recente exibição no 64º Festival de Berlim. Aliás, o local não poderia ser mais significativo para o protagonista Wagner Moura e o diretor Karim Aïnouz. Desde 2008 uma produção brasileira não competia ao Urso de Ouro. Foi justamente ‘Tropa de Elite’, que marcou a carreira do ator baiano, que levou o prêmio de melhor filme na ocasião. Mas desta vez, o tema está longe das favelas cariocas. Trata-se de uma história de um amor entre dois homens.

Wagner Moura e o ator alemão Clemens SchickDivulgação

“Sem contar que a filmagem de ‘Praia do Futuro’ também foi aqui”, comenta Wagner, ressaltando que além de ser importante para ele, a participação no festival alemão também é ótima para o cinema brasileiro. Karim, diz que ficou eufórico ao mostrar seu filme para uma sala lotada com 1.600 pessoas. “A sensação que tive é que nascia um filho. Agora ele não é mais meu, é do mundo!”, define o cineasta, que jura que o nervosismo não passou daí. “Sinceramente, não criei nenhuma expectativa. O resultado é independente do nosso desejo, né? Só de eu ter sido indicado já é um prêmio!”, diz ele.

Entre Fortaleza e Berlim é contada a história do salva-vidas Donato (Wagner). Após se apaixonar pelo alemão Konrad (Clemens Schick), ele abandona sua família e reconstrói sua vida no país de seu novo amor. Anos depois, seu irmão Ayrton (Jesuíta Barbosa) vai em busca dele, em um acerto de contas. Após a projeção do longa, chegou a ser noticiado pela imprensa nacional que a recepção de ‘Praia...’ foi morna e que algumas pessoas chegaram a sair da sala durante as cenas de sexo. Indignados, Karim e Wagner são taxativos e classificam o ocorrido como puro preconceito.

“Isso foi uma nota equivocada de uma jovem jornalista. E é raro que existam aplausos calorosos neste tipo de sessão. O filme foi muito bem recebido. Este é um filme que fala de identidade, coragem e paternidade. Essas cenas foram muito mais difíceis que as cenas de sexo”, defende o ator. O diretor reitera: “O foco é outro, o filme é uma história de amor. Estamos em 2014, não dá para entender esse tipo de coisa. Acho isso anacrônico”.

Polêmicas à parte, a dupla é só felicidade. Wagner, diz que perseguiu Karim por muito tempo até conseguir o papel. “Sempre quis trabalhar com ele”, entrega. Já o cineasta explica porque escolheu o ator: “O Wagner já fez de tudo — teatro, televisão, cinema — com papéis bem diferentes. E tem outra coisa, o filme fala de coragem e, para mim, cada um dos três personagens tinha uma coisa de super-herói.”

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