Por daniela.lima

Rio - Bruno Zolotar, diretor de Marketing do Grupo Record, divide seus conhecimentos com autores, profissionais do mercado do livro e interessados no assunto em dois sábados, 31 de maio e 7 de junho. Ele ministra o curso Introdução ao Mercado do Livro e ao Marketing Editorial para Autores, Estudantes e Profissionais do Setor nessas duas datas, das 9h ao meio-dia, em Niterói.

Batemos um papo com Bruno sobre algumas peculiaridades do mercado de livros hoje em dia. O curso acontece no Instituto Cultural Germânico (Av. Sete de Setembro 13, Niterói). Para saber mais sobre o curso e se inscrever, é só ir no site http://www.cursomarketingdelivros.com ou ligar para (21) 2714-0879 ou pelo site. A inscrição custa R$ 300 (estudantes pagam R$ 150).

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Muita gente diz que é muito difícil ser um autor novo hoje em dia e ser lançado. As editoras estão atentas a novos autores ou não? Qual seria o principal critério?

Uma coisa que as pessoas precisam entender é que o mercado é muito competitivo. As grandes redes de livrarias cadastram mais de cem novos títulos ao dia. Esse número parece alto, mas ele não engloba toda produção das editoras. Tem muito livro que fica de fora. Então as editoras tentam encontrar aqueles livros que terão apelo para o público e para o livreiro. A análise de originais é muito em cima de feeling ou do histórico de vendas anteriores. Na área de não ficção, por exemplo, se você escreve um livro sobre um assunto em que o mercado já oferta um grande número de títulos, provavelmente não será publicado, a não ser que venha com uma visão original. Por outro lado, se você já tem uma audiência, um público formado, isso ajuda. Hoje, com a internet e a auto publicação, tem muito autor que primeiro acontece na internet, em publicação independente e depois vai para uma grande editora.

Se há tantas livrarias entrando no mercado e tantas editoras pequenas surgindo, por que insiste-se em falar que o brasileiro não lê?

O brasileiro lê, mas lê menos, por exemplo, que o inglês. Lá, com uma população bem menor que a nossa, a venda é muito maior. E isso se deve a fatores como a questão da escolaridade. Mas o número de livros vendidos no Brasil não é desprezível, tanto que há movimentação de editoras e livrarias no mercado. O mercado vem crescendo aos poucos e, principalmente, no segmento do público jovem. Se você fizer uma análise das listas dos mais vendidos em 2007 e agora, vai ver que o perfil, principalmente da ficção mudou totalmente. A maioria dos títulos da lista é dirigido ao público jovem de 13 a 30 anos. Basta você ir a Uma Bienal do livro, ver a quantidade de gente jovem e a correria e gritaria atrás de autores como Meg Cabot, Lauren Kate e Eduardo Spohr para confirmar isso.

Há quem diga também que editoras não dão lucro e que é um negócio que só deve ser montado se a pessoa amar muito o que faz, porque a possibilidade de ganhar dinheiro é pequena, etc. Isso é verdade?

Quando você monta uma editora, pensa muito na linha editorial e nos livros que vai publicar. Mas tem um ponto fundamental que é a questão financeira. Você tem que pensar em como vai alavancar e sustentar a sua editora. É fundamental ter fôlego e capital de giro, porque o prazo entre você produzir o livro e receber pela venda é longo e, neste meio tempo, tem que produzir outros livros, que obviamente, têm que vender na ponta, caso contrário, eles retornam. Eu diria que o risco de quebrar é alto, as margens baixas, poucos os clientes e um mercado ultra competitivo. Para manter uma editora até que ela estabilize e dê lucro você precisa ter muita afinidade com aquele produto, além de ser um bom gestor.

Qual seria o principal conselho que você daria a quem quer se aventurar no mercado editorial?

Se for como autor, que comece formando o seu público na internet. Faça um blog, escreva nas mídias sociais, se autopublique. Ouça com atenção o que dizem do que você escreve. Peça opiniões para seus amigos e inimigos e vá melhorando com base nisso. Concorra em concursos literários e busque sempre uma obra que seja original. No início, não se preocupe tanto em ser publicado em papel, mas em ser lido. As pessoas precisam ter uma reputação sobre você. Se você quer abrir uma editora, pesquise bem o mercado, os modelos de editoras, os nichos, o que não está sendo bem atendido. Faça um plano de negócios. Teste sua idéia no papel e tente estimar os números numa planilha. Faça cursos. Depois disso, se achar que vale, vá em frente. Mas lembre-se: você tem que ter fôlego financeiro. Tem que pensar em como vai bancar um negócio que por muito tempo vai ficar no vermelho.

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