Rio - Muitas vezes, quando ando pelas ruas da cidade, ou mesmo quando estou no metrô, ou num evento qualquer, me pego olhando para diferentes gentes ao meu redor e pensando: “Em que cada uma dessas pessoas é especial, diferente das outras?”
Nos últimos dias, prestei ainda mais atenção nisso, principalmente depois de ter assistido ao novo filme dos X-Men no cinema.

Gosto de achar lógica e aplicabilidade na ficção. Acredito no fundo verídico das histórias inventadas.
Os mutantes estão por aí em cores e formatos diferentes, misturados entre si e tentando sobreviver em meio a tantas diferenças. Todos temos algo especial que nos torna diferenciados, sejam superpoderes explícitos ou implícitos. Todos somos heróis (ou anti-heróis) para um alguém ao menos. A humanidade não se constitui de uma série incontável de tijolos iguais na parede, imagem eternizada pelo Pink Floyd. E, justamente porque não somos tijolos idênticos, precisamos saber lidar com a aldeia de mutantes em que vivemos e convivemos.
Existem, sim, indivíduos com dons e capacidades especiais, e que fazem a diferença onde chegam. Aceitá-los e tolerá-los é processo social complexo, mas possível — trate-se de entendimento da nossa engrenagem biológica e social.
Entendimento de que temos constituições genéticas diferentes que nos tornam melhores em algum aspecto e piores em outros. Até o Superman tem seu ponto fraco. Todos temos. E essa é a dança da humanidade.
A luta dos X-Men por inclusão é uma boa ilustração ficcional de como devemos proceder enquanto elementos sociais.
A “briga” dos mutantes deve ser a de todos nós.
Briga por aceitação de todos os gêneros, gostos, opções, habilidades e inteligências.
Briga por inclusão, tolerância e respeito.
Briga por felicidade e paz.
De certa forma, estamos em constante mutação nesse planeta. Se nos enxergarmos assim, a trama ficcional dos X-Men passa a fazer até mais sentido real. Passamos a aceitar intransitivamente, sem objeto direto.
Nunca fomos e nunca seremos os tijolos do muro. Somos elementos que nos completamos na diversidade sem muros.
Não tenho dúvida. A briga dos X-Men é de todos nós!