Rio - “Umas empresas sugeriram que se comemorasse o Dia dos Namorados no dia 11, e não no dia 12, por causa da abertura da Copa. Mas não dá, né? Os casais precisam é torcer juntos”, diz, rindo, Panmela Castro, grafiteira conhecida mundialmente pelo codinome Anarkia Boladona. Sob o signo da coincidência de datas — e da reflexão sobre a situação atual da mulher —, ela comanda hoje uma etapa importante da campanha ‘Graffiti pelo Fim da Violência Doméstica, Na Torcida’, na comunidade Tavares Bastos, a partir das 9h.
A campanha passou por cinco cidades brasileiras que recebem os jogos da Copa. E chega ao Rio convocando mais de cem artistas para a produção de um mural com o tema ‘Nesta Copa, Violência Contra a Mulher Não Ganha Jogo’. “Está sendo bem legal ver a adesão dos rapazes à campanha”, alegra-se Anarkia. Criadora da Nami, rede feminista de arte urbana, ela recebe turmas como a do FleshBeckCrew e do El Ninho, além dos autores dos melhores grafites feitos nos outros locais da campanha. E também dá vez a outras 40 mulheres em atividade na arte.
“Quando começamos, conseguimos, com muito custo, reunir 13 grafiteiras. Agora já temos 40!”, comemora. A Nami realiza encontros pelo Brasil para incentivar as mulheres a grafitar. “O menino é acostumado desde cedo a ir para a rua. A mulher, não. E ela ainda corre riscos, como o da violência sexual. Mas a gente também carrega lata de tinta e também faz grafites.”
O evento ainda tem customização de camisetas e o grupo Interferência Sistema de Som nas carrapetas. Às 16h, os melhores grafites do dia, escolhidos por um júri, serão apresentados — e vão para votação online, para a escolha do melhor. Quem quiser assistir à partida Brasil x Croácia é só se juntar à turma às 17h. “Pena que falta um jogo feminino na Copa. E nós temos a maior jogadora de futebol do mundo, a Marta. O Brasil é o país do futebol, mas isso é só para os homens”, lamenta Anarkia.