Por daniela.lima
Luis Pimentel%3A Eu Também fui a Buenos AiresDivulgação

Rio - Com atraso considerável, venci a preguiça de viagens a passeio e fui fazer o que todo mundo já fez: conhecer Buenos Aires. Sonho antigo que este ano foi reforçado pelos elogios feitos à cidade por tantos amigos e pela enxurrada de mensagens no Facebook mostrando, a toda hora, o que eu estava perdendo.
A viagem foi bem curta, mas também já tenho histórias para contar. Fiz boa parte do que os experimentados recomendam, menos tomar um trago no famoso El Boliche do Roberto, que argentinos e brasileiros como Jorge Sapia e Rogério Lessa garantem ser o Bip Bip portenho (mas vem cá, pode existir Bip Bip sem o Alfredinho?!). Deixei para o último dia e fui atropelado por uma gripe safada.

Saboreei as carnes e os vinhos, que fazem por merecer a fama. Alguns passeios são mesmo inesquecíveis; outros, apenas para turista perder tempo. Mas a visita aos principais museus me deixou de queixo caído (e coluna moída, claro). Não me recordo de já ter visto, em um só lugar, talvez nem no Louvre, tanta preciosidade junta quanto no Belas Artes de Buenos Aires. De El Greco a Rodin (inclusive o portentoso ‘O Beijo’, assim, a meio metro da gente), de Lautrec a Portinari. Um travesseiro para a alma. No Malba, de arte latino-americana, com arquitetura linda e elegante, está uma exposição histórica e gigantesca de um dos maiores gênios do século 20, o filho da terra Antonio Berni (1905­1981), a primeira coisa que recomendarei a quem quer que me peça uma indicação de programa.

Bebi branco em Porto Madeiro, tinto na Galeria Pacífico, comprei disco de Mercedes Sosa e livro de Ricardo Piglia na El Ateneo e fiz, que nem todos, foto em frente à Bombonera e nos becos do Caminito — onde a melancolia profissional do casal de tangueiros de rua, ele de sapatos furados e ela de saia surrada, me comoveram amargamente.

Em crônica antiga, Rodolfo Konder descreve uma tarde quase parisiense em bistrô de Buenos Aires, com “homens de terno e gravata tomando café cortado e mulheres de cabelos grisalhos, discretas e elegantes, bebendo chá”. Segundo ele, eram cinco horas da tarde. Como no lindo poema do espanhol García Lorca (que amava os argentinos e era amado por eles, há até placa na porta do hotel onde se hospedou quando da estreia portenha de ‘Bodas de Sangue’), “às cinco em punto de la tarde”.

Para não dizer que fiquei só no turismo, colhi material para livro que estou organizando, ‘Piadas de Sacanear Argentino’ (nada pessoal, já fiz ‘Sacanear Baiano’, Gaúcho, Advogado, Médico, Político, Flamenguista, Vascaíno...), brincando com o ego dos hermanos. Um aperitivo:
— Papa, quando crescer yo quiero ser como usted.
— Y por que, mi hijo? — pergunta o orgulhoso pai argentino.
— Para tener um hijo como yo...


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