Rio - Das cantoras portuguesas que vem renovando o fado, Carminho é a que mais tem afinidade com a música brasileira. Não é por acaso que seu terceiro álbum, ‘Canto’, apresenta no repertório músicas inéditas de Marisa Monte e Caetano Veloso, cedidas para ela. Belíssimas canções, aliás. Parceria de Marisa e Arnaldo Antunes, ‘Chuva no mar’ versa poeticamente sobre a eterna mutação das coisas e das pessoas. Carminho canta com Marisa esta música cuja melodia leve soa como um sopro no ar, reiterando a inspiração da obra autoral de Marisa com Arnaldo.
Primeira parceria de Caetano Veloso com seu filho caçula Tom Veloso, ‘O sol, eu e tu’ é outra canção de grande beleza melódica e poética. A boa letra de Caetano celebra a cumplicidade e o amor a dois, se ajustando com perfeição à melodia assinada também pelo compositor e violonista Cezar Mendes.
Com lançamento no Brasil previsto para este início de ano, ‘Canto’ é CD que eleva o fado nos tons altos das interpretações de Carminho, que já gravou duetos com Nana Caymmi, Milton Nascimento e Chico Buarque para a edição especial de seu disco anterior, ‘Alma’, de 2012.
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Além da voz potente, veículo ideal para o canto de temas densos como ‘Ventura’ (outra grande canção inédita, oferecida por Miguel Araújo e gravada com o violoncelo e o arranjo de Jaques Morelenbaum), Carminho interpreta com alma. O clichê se justifica quando se ouve músicas como ‘A ponte’ (fado feito sobre poema de Reinaldo Ferreira), ‘Na ribeira do rio’ (poema de Fernando Pessoa musicado por Mário Pacheco) e ‘A canção’ (fecho sublime da edição simples do CD).
Há temas animados e brejeiros no disco (‘Contra a maré’, ‘Destino’, ‘Saia rodada’), mas Carmimho se eleva nos temas embebidos em tristezas e mágoas, como o fado ‘Andorinha’. Carminho voa alto.
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