Por tabata.uchoa
A princípio%2C que seja realmente novo no sentido amplo%2C trazendo novidades%2C oportunidades novas e novas esperançasAgência O Dia

Rio - Comecei minha vida profissional na imprensa do Rio em publicação de humor, na ‘Mad’, onde o editor, Ota, assinava revistas do mundo inteiro. Assim conheci os mestres dessa arte. Colaborei com ‘O Pasquim’ (onde estavam todos os grandes nomes do humor brasileiro, como Jaguar, Ziraldo, Millôr, Ivan Lessa, Nani, Guidacci, Amorim...), ‘Ovelha Negra’ (onde pintaram Angeli, Laerte, Geandré, Luiz Gê, Glauco...), ‘Roleta’, ‘Humordaz’, ‘Bicho’ (editada pelo genial e saudoso Fortuna), ‘Vírus’... Tive colunas do gênero em ‘Última Hora’, ‘O Dia’, ‘Jornal dos Sports’, ‘Papafigo’... Editei ‘Bundas’ e ‘Opasquim21’...

Tudo isto para dizer que boa parte de minha carreira foi ao lado de cartunistas, chargistas, quadrinhistas e redatores de humor. A insanidade que se abateu na semana passada sobre a redação do semanário francês ‘Charlie Hebdo’, causando tantas mortes — inclusive a do genial Wolinski, seis décadas de traço e de texto —, me deixou arrasado, triste e cada vez mais descrente da humanidade.
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O que se esperar de um ano novo que começa tão mal?
A princípio, que seja realmente novo, pois de velho basta o que passou. Novo no sentido amplo, trazendo novidades, oportunidades novas, novas esperanças, novíssimos projetos e a sempre renovada vontade de trabalhar, de insistir, de enfrentar as dificuldades — que, não se iludam, os anos novos também as trazem, que nem os velhos.
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Que venha (já veio!), portanto, esse 2015 que no horóscopo chinês é o ano da cabra (cabra da peste?), sem reservar para nós as experiências desagradáveis que tivemos que enfrentar em 2014. Sei que bom cabrito não berra, mas ser enxovalhado, goleado em casa, na Copa do Mundo, ninguém merece. Perder a vida como aconteceu com o fotógrafo Santiago Andrade, vítima da insanidade das ruas em manifestações que fugiram ao controle ou ao entendimento, ninguém merece.
O que merecemos são governantes que façam a sua parte. Que garantam transporte, escola, hospitais, emprego, qualidade de vida, parques para as crianças, segurança para os idosos, rampas e acessos amplos para deficientes. É blábláblá? Repetição de chavões? É. Dizer feliz ano novo também. E ninguém se furta de repetir, mesmo que não transmita com os votos a menor sinceridade.
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Portanto, 2015, venha com calma. Não maltrate, não ofenda, não humilhe. Não prossiga na esteira da desgraça. Passe sem pressa, pois essa correria desenfreada que os anos têm exibido ultimamente nos deixaram atônitos, angustiados, precocemente envelhecidos. Traga­nos o que há de bom: mais música, mais poesia, mais amor, mais trabalho, mais alegria. Não repita 2014, faça com que possamos sentir alguma saudade de você quando 31 de dezembro chegar.
Portanto, 2015, venha com calma. Não maltrate, não ofenda, não humilhe. Não prossiga na esteira da desgraça.
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