Por daniela.lima
Rio - Baseado em fatos reais, o drama paraibano ‘Tudo Que Deus Criou’ é um filme de contrastes. O primeiro longa realizado por André Costa Pinto deixa a desejar nos principais quesitos técnicos. Ao mesmo tempo, é capaz de envolver o espectador com uma história corajosa, encenada com paixão pelo elenco.
Letícia Spiller e Paulo Vespúcio atuam no longa ‘Tudo Que Deus Criou’%2C do diretor André Costa PintoDivulgação


Já na primeira cena vemos simultaneamente dois cômodos de uma mesma casa. Em um, há dois homens transando. No outro, uma senhora reza com fervor. No desenrolar da trama, o impacto visual dos primeiros minutos vai se consolidando nas revelações do roteiro. Na verdade, não se trata de uma transa, mas de um estupro. 

Em segredo, Miguel Arcanjo (Paulo Philippe) sofre abuso sexual do cunhado (Claudio Jaborandy) há anos. Ele se submete às agressões por medo de que sua homossexualidade seja revelada à sua mãe (Maria Gladys) e à sua irmã (Guta Stresser).

Fora de casa, ele leva uma vida secreta como travesti que se prostitui. Amor e paz só são encontrados por Miguel na figura do vizinho João (Paulo Vespúcio). Até que Maura (Letícia Spiller) cruza o caminho dos dois.
Maura é cega e cresceu sendo reprimida pela mãe. Aos 30 anos, ela ainda é virgem, mas não suporta mais essa situação. Atormentada pela curiosidade do sexo, ela passa a assediar João. Aos poucos, o envolvimento do trio vai determinar o destino de cada um deles.
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O elenco se entrega e defende o filme com garra. Letícia também mergulha em sua personagem, mas peca por uma atuação over — o que talvez seja um problema de direção e não da atriz. Além de desencontros técnicos, esse drama nos provoca a todo instante, convidando à reflexão sobre vários tabus da sociedade.