Por daniela.lima

Rio - Um Rio em todas as suas faces, como diz o fotógrafo, entre a “violência e a ternura”. São 45 anos de uma carreira jornalística atrás das lentes, passando por todos os jornais cariocas e capturando de forma apaixonada o inesperado de cada instante. Como a foto que foi primeira página do DIA durante a greve geral de 1989 — mostrando o motorista de um ônibus se protegendo do vidro estilhaçado por um manifestante — e acabou estampada no jornal francês ‘Libération’. 

O cartaz da exposição%2C com mão de um traficante morto e revólverDivulgação


A imagem faz parte do mosaico de situações retratadas na exposição ‘Caçador de Imagens’, do fotógrafo Acyr Cavalcanti, que inaugura no sábado, dia 7, no Centro Cultural Justiça Federal (3261-2550).

“Trabalhei em todas as editorias e jornais, e me adaptava a cada linha proposta. Fazia coluna social, Carnaval, morei na Rocinha para o ‘Jornal do Brasil’ e fiz ensaio que acabou em Paris, e fui rotulado pela violência urbana quando ganhei o prêmio da Kodak”, diz Acyr, sobre a foto que é o cartaz da exposição, mostrando apenas mão de um traficante morto ao lado do revólver, com o meio-fio banhado em sangue.

A imagem é uma das 34 ampliadas, e 200 que serão projetadas nos salões. Como uma outra sequência que marcou a carreira do fotógrafo, que foi processado com base na Lei de Segurança Nacional por ter retratado a vida de um casal de mendigos na Rua do Santana, em reportagem com texto de Tim Lopes, publicada no jornal alternativo ‘O Repórter’.

Aos 74 anos, mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense e professor universitário, Alcyr analisa certos aspectos das mudanças na profissão com a fotografia digital e a internet: “A tecnologia tem sempre os dois lados. As coisas estão extremamente rápidas. O fotógrafo tem menos tempo para a boa foto, na pressa da concorrência, de enviar tudo em tempo real, pode acabar perdendo a melhor imagem”, opina.

Você pode gostar