Rio - Rodrigo Santoro já se declarou workaholic várias vezes. Não que ele pretenda mudar, mas seus planos para o futuro incluem mais equilíbrio entre a agenda de trabalho lotada e a vida pessoal. Após um ano agitado, o ator volta às telas no dia 12 de março com ‘Golpe Duplo’ e diz que, depois de mais de uma década levando uma vida quase nômade, começa a poder se planejar melhor.
“Minha casa é aqui no Rio. Mas eu me ajusto conforme a situação. Fico muito em Los Angeles, onde é a base de tudo que tenho feito. Mesmo assim, desde que comecei a viajar, nunca passei mais de dois meses e meio direto fora do Brasil. Sinto muita falta. Até porque todo mundo está aqui, a família toda”, diz Santoro, que, nos últimos dez anos tem se dedicado principalmente a trabalhos internacionais.
“Tenho ficado nesse vai e volta, mas tenho, cada vez mais, encontrado uma forma de equilibrar”, completa ele, acreditando que terá uma rotina mais organizada com o cronograma das gravações da série ‘Westworld’, com estreia mundial em outubro, na HBO. Baseado no filme homônimo de 1973, o programa gira em torno da rotina de uma cidade fictícia onde robôs começam a perder o controle.
Antes disso, suas energias estão voltadas para o lançamento de ‘Golpe Duplo’. Na trama, ele encarna Garríga, um empresário das competições automobilísticas que contrata um trapaceiro (Will Smith) para conseguir sabotar o seu adversário. Santoro viu no filme a oportunidade de retornar à parceria com os diretores de ‘O Golpista do Ano’ (Glenn Ficarra e John Requa), além de poder lidar com questões interessantes para ele. “O meu personagem é um camarada muito preocupado com a sua imagem e reputação. Acho que é muito pertinente no mundo em que a gente vive hoje. Está todo mundo muito preocupado com isso”, justifica.
Inserido no universo das celebridades, onde a imagem e reputação também estão sempre em jogo, o ator conta que faz exercícios constantes para manter os pés sempre no chão. “É importante estar muito atento ao ego. Um pouquinho de vaidade é bom, mas, quando ela passa do ponto, se torna nociva. Como outras coisas a que devemos estar alertas”, avalia ele. “Estamos expostos o tempo todo. As pessoas têm opiniões sobre a nossa vida, sobre quem a gente é... Procuro estar conectado com quem eu sou, praticar a minha ioga e o surfe, para tentar estar sempre buscando um equilíbrio interno e não me perder no meio disso tudo.”
Se equilíbrio é a palavra de ordem para o futuro de Santoro, ele assume que pretende incluir alguns itens em sua balança. “Com essa série (‘Westworld’), que é uma coisa mais longa e definida, acho que minha vida ganha uma dinâmica diferente. Porque sei quando ela começa. E, até recomeçar uma temporada e outra, posso me planejar. Penso em continuar fazendo as minhas coisas, mas estou pensando em projetos pessoais também”, explica o ator, que namora a atriz Mel Fronckowiak. Ela já declarou, inclusive, que quer se casar e ter filhos.
Nessa lista dos planos, está a filmagem do remake de ‘Ben-Hur’, de Timur Bekmambetov, em que fará Jesus Cristo, e o desejo de se dedicar mais ao teatro. “Já estou lendo e pensando projetos para o teatro”, revela ele, que se apaixonou ainda mais pelo palco após ouvir as histórias que Paulo Autran (1922-2007) lhe contava nos bastidores de ‘Hilda Furacão’, minissérie na qual trabalharam em 1998. “Entendia aquilo como uma coisa longa, que você ensaia dois meses e fica um ano em temporada. Mas comecei a perceber que era possível fazer temporadas mais curtas. Então, agora abri as portas para isso”, revela.
NOVO FÃ DO AUTOMOBILISMO
Para interpretar Garríga em ‘Golpe Duplo’, Rodrigo Santoro quis entender melhor como são os bastidores das competições de corrida. Em Houston (Texas, EUA), foi ao encontro do piloto brasileiro Hélio Castroneves e passou um dia inteiro no boxe com ele. “É um mundo que eu conhecia pouco. Fiquei impressionado. São milhões de dólares para uma tecnologia, para uma diferença de milésimos de segundos que pode levar à vitória”, confessa o ator, que também teve a oportunidade de andar em um carro de Fórmula Indy.
“Foi em um daqueles que têm dois lugares e o piloto vai na frente. Nossa Senhora! Foi uma experiência de 360 km/h. Eu já tinha saltado de paraquedas e, dessa vez, foi a mesma sensação, mas sobre rodas. Fiquei grudado na cadeira, não dava para me mexer. Que admiração que eu tenho agora pelos pilotos”, diz ele. “E olha que o piloto ainda me disse que foi bem mais devagar do que o de costume. Só de lembrar já me dá uma coisa no peito. Foi uma experiência incrível”, lembra.