Por daniela.lima
Paulo José celebra 50 anos de carreiraDivulgação

Rio - Ao conferir a programação da mostra ‘Paulo José: Meio Século de Cinema’ — que começa hoje, na Caixa Cultural — o ator homenageado revisita não só sua carreira, mas também velhos amigos, lembranças, erros e acertos que viveu por cinco décadas. “A sensação que eu tenho é a do prazer de ter feito os filmes que me interessaram por suas qualidades autorais”, avalia ele. 

“Trabalhei com os diretores que me agradavam e com uma equipe que sabia o que significava fazer cinema no Brasil”, lembra-se o ator gaúcho, fisgado pela sétima arte desde 1965, quando atuou em ‘O Padre e a Moça’. Já quando se trata do que tem visto ultimamente no telão, o ator não demonstra tanto entusiasmo.

“Estamos no Brasil, onde não há uma correnteza do mercado. Aqui é só uma aguinha que corre num riacho pobre e sem muita grana”, classifica Paulo José, que diz ter baseado suas escolhas de trabalho não pelo cachê. “Não é o dinheiro que faz decidir entre esse ou aquele filme, mas as qualidades de uma bela história, bom elenco e diretor competente. Hoje faltam bons roteiros e diretores mais audaciosos”, completa.

Preocupado com o futuro, Paulo José dá um conselho à nova geração de atores: “Fuja do monte de palpites que cairá sobre sua cabeça. Acredite na sua intuição e lembre-se: cinema é indústria, mas o filme é arte.” Para ele, o que realmente importa é estar sempre atento aos acontecimentos. “Desde o meu primeiro filme, há 50 anos, estou sempre vendo, e gostando de ver, filmes como ‘Como Vai, Vai bem?’, ‘Policarpo Quaresma’, ‘Vida Provisória’”, lista o ator, citando alguns entre os 21 títulos que serão exibidos na Caixa Cultural.

“Juntar filmes de 50 anos de cinema é tarefa pra maluco. A minha sensação é que a gente é quem aproveita mais essa retrospectiva, revendo amigos, conhecendo novos colegas de ofício, conferindo tudo o que já se fez de bom nesses 50 anos, e tanta besteira, tanta bola fora, tanta esperança que se frustrou, e os que morreram ou ficaram pelo caminho”, conclui Paulo José. 

Efeitos do Parkinson

Vinte e três anos depois do diagnóstico de Parkinson, Paulo José diz que usa todos os recursos médicos à disposição. “Eu posso ter certeza de que amanhã estarei pior do que hoje. Mas não se sabe de quanto é a piora. O negócio é defender-se com bom acompanhamento”, diz o ator.

“Trabalho dentro das atuais possibilidades do corpo. Não tento jogar futebol, nem grandes gestos teatrais. Se já era econômico, sinto-me muito bem no papel de morto”, brinca ele. “Foi essa a única razão que levou o diretor Sergio Machado a me convidar para o papel de Quincas Berro D’Água, que morre na primeira cena do filme (de 2010).”

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