Por daniela.lima

Belém - Ele entrou na casa de milhares de brasileiros quase que diariamente durante meses, embora grande parte de nós não saiba disso. Ex-guitarrista de Gaby Amarantos e produtor do primeiro disco da cantora, o paraense Félix Robatto toca no hit ‘Ex-My Love’, tema de abertura da novela ‘Cheias de Charme’ (2012). Depois de deixar a banda da artista, em julho de 2013, ele se prepara para lançar o primeiro disco solo, ‘Equatorial, Quente e Úmido’, que chega às lojas em abril e promete ser uma das melhores novidades da atual cena do Pará. 

O guitarrista e vocalista Félix Robatto%2C de Belém do Pará%3A seu primeiro álbum solo tem linguagem pop Divulgação


“Eu ficava em casa: ‘Olha o meu acorde’ (risos)!”, lembra Félix, sobre a música na novela. “Nesses três anos em que fiquei tocando com a Gaby, aprendi muita coisa. De malandragem do mercado pop. Tem coisa que olhei e falei: ‘Isso eu não quero.’ Eu posso escolher, agora que eu sei como é, posso fazer por outro caminho. Foi muito legal, somou muito.”

Ele começou a idealizar o trabalho solo antes mesmo de ter sido chamado para a banda da cantora. Robatto, de 32 anos, já era conhecido no circuito alternativo por conta da banda La Pupuña, que existiu de 2004 a 2010. E, de lá para cá, não foi só o visual do músico que mudou — hoje ele ostenta uma longa e chamativa barba ‘ombré’, como diz (“Foi minha sogra que pintou”, ri, sobre os tons em degradê dos fios). Se o som do seu antigo grupo, uma espécie de ‘surf music de rio’, é uma das influências do disco solo do guitarrista e vocalista, ele agora dá um passo adiante.

“A surf music é a música instrumental de guitarra da beira do mar, e a guitarrada é a música instrumental de guitarra da beira do rio”, diz, concordando com o rótulo. “E o disco tem uma linguagem mais pop, que o La Pupuña não tinha.”

Mesmo antes de ser lançado, o álbum já conta com um sucesso local: ‘Eu Quero Cerveja’, transformada em hit na Quintarrada, festa semanal produzida por Robatto em Belém há um ano. A música ainda ganhou um divertido clipe através de financiamento coletivo.

“A galera gosta da bagaceira, não dá pra fugir. ‘Ah, a música alternativa não pode ser muito pop.’ Não tem dessa. Eu tô tocando pro público, não pra me rotularem. Se o público está curtindo e pede...”, defende. “Tenho certeza de que ainda vou enjoar de tocar essa música (risos), mas eu gosto muito dela.”

‘Equatorial, Quente e Úmido’ traz 12 faixas, sendo nove de autoria de Robatto. As outras são: o tema de abertura da série de TV ‘Havaí 5.0’, de Morton Stevens; ‘Baiuca’s Bar’, de Paulo André Barata (importante compositor paraense, autor de sucessos de Fafá de Belém), com a participação do próprio, e uma versão de ‘Eu Quero Cerveja’ em espanhol.

A cantora Lia Sophia, outro nome de destaque da cena paraense, fez a preparação vocal e os backings vocals do CD. Já o rapper carioca radicado em Nova York Josby canta em ‘Funkia’, que ganhou letra dele.

“O nome do disco é o clima da nossa região, e acho que a nossa música tem o nosso clima. Equatorial por causa da influência dos países da linha do Equador, que estão próximos. Quente por causa do som. E úmido porque é pra dançar, pra suar”, diverte-se.

Em maio, ele começa o circuito Sesc Amazônia das Artes, com shows em dez estados, a maioria deles na região Norte. E em breve mais duas músicas vão ganhar clipe: ‘Baiuca’s Bar’ e ‘Cabeça Relax e Fígado Total Flex’.

“Tô muito empolgado, porque são lugares onde muitos artistas não têm demanda. Posso divulgar meu trabalho por lá e depois me mandar pro Sudeste, algo que é mais viável, por incrível que pareça.” Só nos resta, então, esperar. Com a cerveja a postos.

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