Por bferreira
Rio - Eis que chega mais um Carnaval na cidade maravilhosa cheia de encantos mil. Ah, o Rio do ame-o ou deixe-o... de Instagram, de hashtags, de euforia, de blocos e de mar. Rio de Carnaval — quando um anestésico coletivo se espalha por entre lares e bares. Ninguém quer pensar em trabalho, contas ou compromissos. Problemas? Só depois que o Carnaval passar, o negócio é pular.
Agenda? Só pro dia 15 de fevereiro. quando o Ano Novo começar. Ganhar dinheiro? Só com os negócios de Carnaval. Em véspera de Carnaval pessoas se despedem nos escritórios, escolas e famílias desejando um bom Carnaval num tom de Réveillon como-se-não-houvesse-amanhã.
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Camelôs e televisão reforçam o clima de um quê distópico, onde a extrema excitação se entremeia com o temor sutil e disfarçado do outro lado da moeda e dos efeitos colaterais de toda a felicidade extrema. A notícia possível é o Carnaval do Brasil e especialmente do Rio. O apocalipse da alegria. Mas o êxtase da beleza tríade de céu, sol e mar (podemos trocar o mar pelos blocos e desfiles) não é unânime.
E se você por acaso estiver nublado, quase chuvoso, não se iniba com a pressão do verão e a percussão dos blocos: tenha coragem de discordar, ligar o ar-condicionado, se meter num cinema gelado, botar as séries de TV em dia e ouvir menos batuque.
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É o Rio do calor, do suor, da cerveja e da democracia. Abra um vinho branco gelado, feche as janelas, silencie o som das ruas e tire da TV aberta. Leia. Se quiser, suba a serra ou vá pro mato. Fique à vontade, não se oprima nem se reprima. Você pode se esbaldar na sua felicidade low profile sem se abalar com o fuzuê carioca.