Por thiago.antunes

Rio - Tem batuque afro-brasileiro e batuque japonês, tudo junto e misturado, neste domingo no Parque Madureira. O tradicional grupo de percussão japonesa Kodo, em minitemporeada no Rio, encerra suas datas cariocas levando o espetáculo ‘Dadan’ para a concha acústica do Parque Madureira, gratuitamente, às 19h. Pouco antes, às 15h, um século de samba ressurge no repertório da turma do projeto Criolice, também no Parque, mas na Arena Carioca Fernando Torres.

'É uma mistura legal%2C como acontece no próprio Parque'%2C diz Rose Maciel%2C fundadora do CrioliceDivulgação

Uma das criadoras do Criolice, Rose Maciel chegou a esbarrar com os rapazes do Kodo lá no Parque, quando os japoneses foram fazer uma gravação para TV. “Nem deu para vê-los tocando, infelizmente. Mas é uma mistura legal, como acontece no próprio Parque Madureira e na Arena. Ali é sempre uma pincelada, um pouco de cada coisa”, alegra-se Rose. Ambos os grupos, por sinal são celeiros de grandes nomes da arte.

O Kodo existe desde 1981 e notabilizou-se desde o começo, em meio a mudanças de formação por unir força nos tambores e eficiência cênica — hoje são 11 integrantes descendo a mão nas peles. O Criolice, montado há seis anos, hoje tem 13 nomes e muitos deles espalham-se por outras rodas da cidade, como são os casos do cantor e perucssionista Makley Matos e o músico, compositor e arranjador Abel Luiz, costumeiro participante das tardes e noites do Samba do Trabalhador.

Ambos os projetos cruzam diversão, história e cultura étnica em meio aos batuques. Os 100 anos do samba, comemorados em 2016, aumentam ainda mais as pesquisas da turma do Criolice. “E já foi um projeto montado para contar a história do sambas”, recorda Rose. “O foco é na valorização da cultura de matriz africana. Não temos nem um repertório fixo, porque chegando na hora, os meninos tocam o que vem à cabeça: Monarco, Pixinguinha, Nei Lopes, Nelson Sargento”, conta, citando como sambistas da “nova geração” nomes com 30 anos de carreira, como Zeca Pagodinho.

O espetáculo do Kodo, que passa hoje e amanhã pela Cidade das Artes antes de chegar ao Parque Madureira, foi concebido pelo diretor artístico do grupo Tamasaburo Bando em 2007 e levado ao palco pela primeira vez em 2009. O nome ‘Dadan’ significa “homens tocando tambor”.

Alguns dos onze integrantes do KodoDivulgação

“Naquela época, a gente nem imaginava que o que estávamos fazendo pudesse virar um espetáculo”, conta o diretor. “No entanto, a gente começou a se reunir para treinar, e tocávamos os tambores com toda a força. E com base naquela energia pura, começamos a conversar: ‘Seria incrível se isso que está acontecendo aqui pudesse ser transformado em uma peça para ser apresentada no futuro’”, lembra.

O nome ‘Dadan’, bastante simples, foi criado pelo grupo para facilitar a compreensão do trabalho no exterior. Ao contrário do que costuma acontecer nas apresentações do grupo, o Kodo dessa vez surge formado apenas por homens, em todos os papéis — e sempre testando os limites físicos e emocionais durante a encenação. Além dos tambores individuais, os integrantes revezam-se na utilização de um tambor gigante (O-daiko), posicionado no centro do palco, e exploram todas as suas possibilidades durante a apresentação.

O Criolice%3A resgate de sambas antigos%2C de nomes como Nei Lopes e Cartola Divulgação


KODO. CONCHA ACÚSTICA — PARQUE MADUREIRA. Rua Parque Madureira s/nº, Madureira. Domingo,
às 19h. Grátis. Livre.

PROJETO CRIOLICE. ARENA FERNANDO TORRES — PARQUE MADUREIRA. Rua Bernadino de Andrade 200, Parque Madureira (3495-3078). Domingo, das 15h (abertura dos portões) às 21h. R$ 10 (até 17h) e R$ 15 (após). Livre.

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