Por karilayn.areias

Rio - Você já ouviu falar de um sambista carioca chamado Laurindo? Bom, ele nunca existiu. Mas o personagem da peça de teatro ‘A Cuíca do Laurindo’, que estreia hoje no Centro Cultural Banco do Brasil, com idealização e dramaturgia do escritor Rodrigo Alzuguir, faz parte da história do samba e já foi cantado em versos por vários bambas do Rio. Entre eles Wilson Baptista, biografado por Alzuguir no livro ‘O Samba Foi Sua Glória’ (Casa da Palavra, 2013).

Nina (E)%2C Hugo%2C Alexandre Moreno%2C Alzuguir e Sacramento na ‘Cuíca’Divulgação

“Cheguei ao Laurindo quando pesquisava para o livro. Ele aparece no samba ‘Triste Cuíca’, de 1935, de Noel Rosa, que Aracy de Almeida gravou. Era o personagem de um triângulo amoroso. E ele ficou guardado ali, já que esse samba não foi um grande sucesso”, lembra Alzuguir. Depois Laurindo apareceria em músicas de Herivelto Martins, Wilson Baptista, Zé da Zilda, Haroldo Lobo e Heitor dos Prazeres, sempre exercendo papéis diferentes. “Num samba, ele morre. No outro, ele vai para a guerra lutar contra os nazistas. Em outro, ele termina seus dias em Niterói e inventou toda essa história da guerra. Os sambistas se encontravam no Café Nice e conversavam sobre o Laurindo, e criavam sambas com ele”.

Na peça de Alzuguir, Laurindo é um sambista dos anos 40 que comanda a Lira do Amor, escola de samba fictícia do morro da Mangueira. O elenco, formado por nomes como Nina Wirtti, Hugo Germano, Alexandre Moreno, Marcos Sacramento e o próprio Alzuguir (que é cantor e ator) canta mais de 40 sambas da época em meio às histórias de Laurindo, que misturam várias aparições dele em letras de músicas.
Os demais personagens têm também suas origens em sambas. Alzuguir interpreta o Zé da Conceição, que surge em ‘Mulato Calado’, de Wilson Batista, “e é envolvido em boatos sobre a morte do Laurindo”. Marcos Sacramento faz o Dodô, sambista cantado por Herivelto Martins em ‘Desperta Dodô’. “Ele e o Zé tomam conta da escola num afastamento do Laurindo e fazem mudanças. E depois eles e o Laurindo divergem”.

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