Por karilayn.areias
Andréia Horta caracterizada de Elis Regina Divulgação

Rio - São 34 anos sem Elis Regina. Aquela que foi considerada a maior cantora do Brasil ganha uma cinebiografia que será lançada no próximo semestre, com Andréia Horta no papel título e direção de Hugo Prata. O filme ‘Elis’ narra a vida da cantora desde os tempos de sua chegada ao Rio até sua morte em 19 de janeiro de 1982.

Andréia, que hoje interpreta a Joaquina de ‘Liberdade, Liberdade’, diz acreditar na força dos sonhos. Desde os 19 anos, quando leu a biografia da cantora , desejou isso. “Foi uma cabeçada. Fiquei completamente apaixonada e comecei a desejar fazê-la um dia”. A atriz, que estava prevista na produção desde o início, conta que quase perdeu a oportunidade: “Quando saiu a grana do projeto, fui chamada para fazer uma novela e não teria condições de me preparar. Tive que sair, mas acabei voltando. Acho que a Elis não deixou. Ela foi lá e me trouxe de volta”. A artista passou por uma intensa rotina de preparação vocal e corporal. “No filme é a voz dela, porque quando você a ouve, o coração balança. Fizemos um filme justamente porque ela canta como ela canta. O trabalho de canto foi exaustivo porque eu tinha que ‘encostar’ nela. A voz é da Elis, mas minha veia tem que saltar quando a dela salta, minha respiração tem que ser a mesma.”

Quando fala sobre Elis Regina, ela é puro arrebatamento: “Era uma mulher fiel aos seus impulsos, com uma capacidade de elaboração das coisas incrível. Um ouvido brilhante, os músicos diziam que ela era um instrumento, porque era um absurdo de escuta musical. Tinha também um lado caseiro, que eu desconhecia.Tudo nela me interessa”. A atriz narra como um dos momentos mais tocantes nas filmagens, quando gravou ‘O Bêbado e o Equilibrista’, que naquele momento de ditadura no país virou um hino da anistia. Além disso, destaca como foi comovente cantar ‘Fascinação’. “Era como se eu estivesse cantando para ela”.

Algumas cenas da vida real não estarão no longa, como, por exemplo, quando João Marcello Bôscoli, aos 11 anos, recebe a ligação de um jornalista querendo a confirmação da morte da mãe. “Estava em casa e recebi a ligação de uma rádio perguntando se era da casa da Elis e se era verdade que ela tinha morrido. Foi o primeiro contato que eu tive com o episódio”, lembra João, que está amadurecendo a ideia de escrever um livro sobre a cantora com suas memórias “pelo coração e olhos de uma criança”. Já sobre o uso de drogas, ele conta que Elis tinha fama de ser ‘polícia’ dos amigos, já que não curtia: “Nunca vi droga na minha casa. Ela até podia ter escondido que usava, mas não combinaria. Acho que o uso é de livre arbítrio, mas é interessante ver que a vida toda aquela pessoa que estava no palco, era dominada pela música mesmo”.

Irmão dos cantores Pedro Mariano e Maria Rita, do casamento de Elis Regina com o pianista César Camargo Mariano, João se diz satisfeito com os trechos que assistiu do longa. Ressalta ainda que, nos últimos anos, muitas pessoas se interessaram em levar a vida dela para a telona, mas nada foi adiante. O grande mérito é do diretor Hugo Prata, que realizou o projeto de uma forma autoral. “O Hugo disse que ia fazer e fez. É seu primeiro filme e as pessoas estão surpresas com o resultado”.

Andréia Horta e Elis ReginaDivulgação

O diretor, se declara um apaixonado por música, e portanto, seu primeiro longa-metragem, não poderia fugir ao tema. “Essa história precisava ser contada. Elis reune todas as características de um bom personagem. É forte, controversa, apaixonada, brava, profunda, polêmica e, além de tudo, uma artista excepcional. Colocava muita paixão em tudo, sempre. E isso é fundamental”.

Comentando a eleita Andréia Horta para o papel da cantora, Hugo enxerga a escolha pela sensibilidade: “Ela teve a compreensão da personagem e a força dramática. Foi difícil traduzir essa mulher tão complexa, grande e forte. Andréia trabalhou o tempo todo no limite da emoção, assim como a Elis. Tentamos levar isso para a tela. E acho que conseguimos. Mas foi com muito sangue, suor e paixão”.

Segundo Bôscoli, ele e os irmãos não fizeram nenhum tipo de interferência no roteiro. O desejo dos filhos é que as pessoas continuem fazendo projetos sobre a cantora. “Elis e censura não combinam”, analisa João.

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