Rio - Marcos Palmeira é engajado politicamente, amigo do meio ambiente, produtor rural — ele tem uma fazenda e um armazém de produtos orgânicos — e é daqueles caras que se preocupam com um mundo melhor. Prova disso é o documentário que o ator rodará depois de gravar a novela ‘Velho Chico’. “Farei o documentário ‘Manual da Sobrevivência no Século XXI’, com o João Amorim. O projeto vai mostrar exemplos de como melhorar a qualidade de vida da humanidade, com exemplos de atitudes interessantes para todos nós”, adianta o intérprete do Cícero, da trama das 21h da Globo.
Apesar da postura politicamente correta, se você tem a imagem de Palmeira como aquele cara sério, pode esquecer. “Sou esforçado, mas não sou um cara sério. Muitas pessoas não sabem, mas sou brincalhão, adoro colocar pilha nos outros. Não tenho vaidade, sou um cara de vida simples”, afirma. Um exemplo do seu jeito divertido é uma foto (abaixo) no Instagram do ator ao lado do ator Ivann Gomes, mais conhecido como Batoré, que também está na novela da Globo. “Fiquei muito feliz em conhecer o Batoré. Como ele é bom ator e é muito divertido. Ele está ótimo na trama”, elogia.
Na novela de Benedito Ruy Barbosa, o personagem de Palmeira é o braço direito de Afrânio (Antonio Fagundes) e extremamente apaixonado por Tereza (Camila Pitanga), que não quer nada com ele. O ator é realista e não coloca muita fé em um futuro relacionamento entre a dupla. “O espaço para Tereza gostar dele é quase inexistente. Mas Cícero é praticamente cego para essas coisas”.
Palmeira acredita que o país evoluiu pouco na questão do coronelismo e injustiças, como os mandos e desmandos representados na novela. “Os índios estão sofrendo massacre. Estamos muito atrasados, o ‘rei da soja’, Blairo Maggi, é o nosso ministro da Agricultura. Acho pertinente tratar agricultura como agronegócio, mostrar as questões dos agrotóxicos. O Brasil precisa acordar para isso”, alerta.
Filiado ao partido Rede, Marcos Palmeira faz parte dos artistas que falam abertamente sobre suas opiniões políticas. Em 2013, ele disse em reportagem que poderia se candidatar em 2018. Continua com esses planos? “Mas não tem a menor chance de eu me candidatar. Não é o meu perfil. Vivemos um momento complexo. Espero ver todos que tiverem culpa presos. Se não sobrar ninguém, que comecemos do zero. Não tem que reeleger ninguém. Muda a política e o cara continua lá. Não pode ficar 30, 40 anos na política, tem que trocar. Se o José Sarney fosse um exemplo, Maranhão seria um lugar do primeiro mundo”.
Poítica à parte e com uma carreira tão extensa, Palmeira nunca viveu um gay em novelas — apenas no humorístico ‘Chico Anysio Show’, como um auxiliar do personagem Painho (Chico Anysio, que era tio do ator) e no cinema, no filme ‘Como Ser Solteiro’. “Não tenho nenhum preconceito e nem problema em interpretar gay. Precisa avisar aos autores. Acho importante fugir dos padrões, as pessoas rotulam tanto. Isso é um tremendo erro”, decreta.
Aos 52 anos de idade e 48 de profissão, Marcos Palmeira faz um balanço positivo sobre a sua carreira. “Me sinto um privilegiado por me manter no mercado. A carreira de ator é de tantos altos e baixos. A gente não tem uma política cultural definida, depende de convites e o sucesso é relativo e fugaz. Aliás, nunca busquei o sucesso e sim, a qualidade no meu trabalho. Quando estou na TV, no teatro ou no cinema sou 100% de arte”, frisa.
Reportagem Gabriel Sobreira