Rio - “Sou muito feliz e me considero privilegiado nesse mundo que é tão cruel com tantas pessoas. Sou focado na minha arte e procuro ver a vida pelo lado bom, rindo”, diz, em tom sério (uma raridade), o bem humorado Sérgio Neiva Cavalcanti, mais conhecido como Sérgio Mallandro.
O humorista completa 35 anos de carreira este ano e se prepara para voltar aos palcos cariocas com uma versão nova do seu stand up comedy, o show ‘Mallandramente com Sérgio Mallandro’, a partir 5 de novembro, no Teatro Grandes Atores, na Barra da Tijuca.
“São muitas histórias inéditas da carreira e da vida, e algumas clássicas, que o público sempre pede nos shows. Entre as novas, tem meu encontro com padre Marcelo Rossi no avião, imperdível”, revela Sérgio. E acrescenta: “Vai continuar tendo o quadro que criei para TV e foi para o teatro, ‘A Porta dos Desesperados’, com prêmios. O público volta a ser criança, adora participar. Dentro deste show também vai ter uma grande surpresa”, antecipa.
O humorista continua demonstrando a habitual energia e não revela a idade. “Estou com 33 anos, a idade de cristo”, diverte-se, e completa: “Não falo minha idade para fazer suspense, mas no Google está errado, não sei de onde tiraram 61 anos”, diz, fazendo piada sobre a informação que consta na internet, de que teria nascido no ano de 1955.
Além da estreia do espetáculo, ele também é jurado do ‘Prêmio Multishow de Humor’ e se prepara para filmar a sexta temporada do programa, que revela talentos do humor nacional e tem uma premiação para o melhor humorista da temporada.
“Acho muito bacana que no canal eles aproveitam para outras atrações os bons comediantes não premiados”, conta. Para Mallandro, a nova geração do humor tem muitos talentos, e o que falta são oportunidades para mostrar o trabalho. “Destacar é difícil, são muitos. Mas tem o Fabio Porchat, o (Marcelo) Adnet, o Danilo Gentili. Vou trabalhar num projeto com o Diogo Portugal e o Renato Rabello que são ótimos. Tem muita gente boa querendo um lugar ao sol”, conclui.
O ícone dos anos 1980 também participou no último sábado do antológico show de Xuxa Meneghel, o ‘XuChá’, no Vivo Rio, a convite da apresentadora. Ele confessa que mesmo com tantos anos de ‘estrada’, a emoção foi indescritível, e que esse sentimento é um dos combustíveis primordiais para o artista.
“O show foi um ato de gratidão ao público dela. Ali estavam as crianças que cresceram. Temos públicos fiéis. O meu tem uma galera que vai dos 25 aos 40 anos. Lá encarnei o príncipe que fiz com ela no filme ‘Lua de Cristal’. E claro, acabei fazendo uma ‘pegadinha do Mallandro’”, relembra.
Sérgio conta que entrou no palco, vestido de príncipe, e montado em um cavalo de brinquedo. Após o número previsto no show, ele diz que convocou para subir no palco o verdadeiro ‘príncipe’ da eterna ‘rainha dos baixinhos’. “Chamei o Junno, que estava nos bastidores. E ele veio muito tímido, mas foi incrível. São as coisas que surgem na minha cabeça na hora”, diz, referindo-se ao cantor e namorado de Xuxa. Sobre a apresentadora, ele declara amizade e admiração eternas e classifica a relação dos dois como “de irmãos”.
Em 35 anos fazendo rir, Sérgio não lembra de ter arrependimentos, se considera um cara do bem, e diz não guardar mágoas. Confessa, que uma das melhores lições que aprendeu até aqui, com um amigo, se resumem em duas palavras: ‘Então, tá”, que poderia ser traduzido por um ‘tudo bem’, diante das situações da vida.
“Às vezes nos estressamos com coisas que não vamos nem lembrar depois. Tem que ser malandro pra viver. A verdade é que a única coisa que combate o mau humor é a leveza, buscar a alegria”. Ele admite que não tem ‘vocação’ para sofrer e para ‘alimentar’ a tristeza.“Falo sobre isso no meu espetáculo. Na vida temos ‘missões’ e escolhemos como vamos encará-las’. O humor salva”, reflete.
‘Hiperativo’, ele diz que tem uma cabeça criativa, que produz na maior parte do tempo, coisas que vão muito além do famoso bordão ‘Glu Glu Ié Ié’. Entre as recentes criações, está o argumento do filme da sua vida, com filmagens previstas para março de 2017.
“Não canto nada, mas vendi um milhão de discos. Tem sido uma carreira maravilhosa, levando alegria para as pessoas. Nem penso em me aposentar, desconheço essa palavra. Talvez desacelerar. O filme é biográfico, mas tem ficção. Começa em uma cena na maternidade, com crianças chorando, e uma delas chora assim: Ié Ié”, entrega o ‘Mallandro’, descoberto por Silvio Santos em 1980, e apelidado pelos amigos pelo jeito ‘descolado’.