Rio - Aos 87 anos, ela esbanja energia e quer mesmo é viver. Famosa como garota-propaganda de uma grande rede de supermercados carioca, Cora Zobaran ainda se surpreende com o assédio e o sucesso. “São sete anos e meio fazendo. Recebo muito carinho nas ruas. Queriam uma senhora que desse credibilidade à propaganda, acho que conseguimos, e sempre me diverti fazendo”, diz a atriz.
Convidada pelo D MULHER para representar as mulheres que se reinventaram e desejam aproveitar essa fase com plenitude, Cora aprovou a proposta do ensaio com roupas que unem conforto e elegância, acompanhando tendências do verão: como os tons de vermelho e os quimonos, compondo os looks com bijus. Criativa, ela contribuiu com peças do seu acervo pessoal. “Adoro as calças flare, por exemplo. Sou baixinha, e elas alongam a silhueta quando usadas com salto”, ensina.
Cora lembra que o papel da dona de casa exigente, que quer ‘ó: preço!’ aconteceu por acaso na sua vida e num momento doloroso. “Fui casada por mais de 50 anos, e meu marido havia morrido há dois meses quando chamaram para o teste. Estava para baixo, mas o produtor insistiu”, revela. Selecionada entre 90 atrizes, ela viu sua vida mudar: “Trabalhar me ajudou. Fui à luta e aconselho todas as mulheres a fazer o mesmo”. E garante: “Depois dos 50, ainda temos muito pela frente”.
A garota-propaganda, que antes era professora, tornou-se atriz aos 52 anos, por meio do convite de uma amiga para fazer um curso de teatro, e desde então não parou mais: são peças, participações em novelas, comerciais e filmes no currículo. O último longa, ‘Polidoro’, em que contracena com José de Abreu e Danton Mello, tem previsão para o início de 2017. “Comecei a fazer cinema ano passado e gostei muito. Novela é outro ritmo, acho que hoje não faria mais”.
Uruguaia, de Rivera, Cora viveu no Rio Grande do Sul até os 14 anos. Hoje, com dois filhos, quatro netos e uma bisneta, ela até admite diminuir o ritmo, mas parar, não: “Quero trabalhar com mais moderação. Mas não deixo a preguiça tomar conta, me movimento. Alegria, minha gente, que a vida é uma só”.