Rio - Muito tempo antes de aparecer um funkeiro fazendo você imaginar “tá favorável” após ouvir “tá tranquilo”, havia Hyldon lembrando que depois de “na rua” vinha “na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê”. O soulman baiano — radicado há décadas no Rio — lança novo CD, ‘As Coisas Simples da Vida’, tem um número respeitável de sucessos e costuma ser bastante lembrado pelo seu primeiro e clássico álbum, de 1975 — cuja faixa-título, justamente o hit ‘Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê)’, já foi cantada espontaneamente até por participantes de edições do ‘Big Brother Brasil’.
O êxito é tão grande que até ofusca outras canções do autor, tão boas quanto. Mas Hyldon não está nem aí e agradece a preferência. “Acho ótimo ter um hit. ‘Na Rua...’ é sucesso em todas as faixas etárias, e hoje é tudo dividido em nichos. E ainda tem ‘Na Sombra de Uma Árvore’, ‘As Dores do Mundo’... Não sei se hoje eu conseguiria fazer uma música que nunca envelhece”, conta Hyldon, de 65 anos. Recentemente, ele fez um show ao ar livre, de voz e violão, na Praia de Copacabana, e se surpreendeu quando foi abordado por um russo que assistia à apresentação e ficou seu fã. “O cara nunca tinha me visto, nem sabia falar português, mas gostou do som e quis tirar uma foto comigo. Eu enrolo no inglês, mas falei um pouco com ele”.
‘As Coisas Simples da Vida’ tem uma balada, cujos vocais são divididos por Hyldon com parte da sua banda (Guinho Tavares, guitarra; Felipe Marques, bateria; Arthur de Palla, baixo; Marcio Pombo, teclados) chamada ‘Música Bonita’. Não é à toa: o desejo do cantor era de um disco só com músicas bonitas. “Não se faz mais música como antigamente. Hoje em dia, é só jabá”, conta Hyldon, que lança souls e baladas como a faixa-título, ‘O Raio do Amor’, ‘Não Molhe Os Olhos’. Muito do clima do disco veio da parceria do veterano com um músico jovem, Luiz Otávio, de 26 anos, tecladista que também toca no programa ‘Adnight’, de Marcelo Adnet.
BATENDO BOLA COM CHICO