Rio - Fruto de um encontro alternativo dos amantes do cinema na Fundição Progresso em 2000, a Mostra do Filme Livre completa 16 anos de existência fiel à sua proposta de reunir produções independentes que fogem do tradicionalismo e feitas sem patrocínio. Prestando homenagem à cineasta Paula Gaitán nesta edição, o evento começa hoje, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com a exibição do filme ‘Com o Terceiro Olho na Terra da Profanação’, de Catu Rizo. A entrada é gratuita.
Produtor e idealizador da mostra, Guilherme Whitaker conta que mais de 1.050 filmes foram inscritos este ano, dos quais 210 foram selecionadas para exibição.
“Somos hoje a maior mostra do Rio de Janeiro em quantidade de filme e duração. É a maior ação cineclubista do Brasil, atingindo 66 cidades em todo país. Lugares que não têm cinema, mas recebem nossa programação e exibem pela televisão ou computador. Queremos continuar fortalecendo os filmes nacionais e independentes, sem verba pública, produção mais focada no cenário não necessariamente do entretenimento”, explica Guilherme.
DEBATES APÓS SESSÕES
A grande novidade deste ano é a realização de sessões comentadas e debates, todos os dias, após a exibição das obras. O processo de criação da mostra é encarado como arte. “Já existe uma identidade da mostra”, diz.
Gabriel Sanna, curador do evento desde 2010. “É conjugar o interesse coletivo e o pessoal sobre os filmes. Desde 2013, existe uma urgência de filmes que debatam o movimento político brasileiro, todas as lutas e contradições. Mas nossa busca é sempre por novos nomes, jovens que estejam produzindo. Exibimos originalidade. Cada exibição é pensando em como os filmes dialogam entre si”, completa.
No final da Mostra, os próprios curadores assumem o papel de jurados dos melhores filmes. “É mais justo, porque vimos todas as obras”, conta Gabriel.
MULHERES E CONTEÚDO
Homenageada este ano, Paula Gaitán ressalta que o valor intrínseco de uma obra não está ligado ao gênero. Para ela, mulheres sofrem desvantagens em diversos aspectos dentro do mundo cinematográfico, mas não em relação à produção do conteúdo.
“Sempre imprimimos nossa subjetividade, nosso ‘estar mulher no mundo’”, diz a cineasta, que também será responsável pela realização da oficina ‘Quadrado Negro’, aberta ao público, em que será discutida as tendências em diversas áreas artísticas como fotografia, pintura e, claro, cinema.
A Mostra do Filme Livre vai ficar até 24 de abril no CCBB e depois ganha o mundo — passará por Belo Horizonte, São Paulo e chegará a Boston (EUA). A programação, com os filmes e horários, pode ser consultada no site http://mostradofilmelivre.com/. As senhas são distribuídas uma hora antes das exibições.