Por luana.benedito

Rio - “Tem apresentador que faz programa popular e tem vergonha de dizer que faz. Eu faço e fico muito orgulhoso, por isso tento fazer o melhor possível, me entrego e não faço tipo”, confessa João Kléber, que está de volta desde o início de abril com o ‘Você na TV’, na RedeTV!. Para quem não se lembra, a atração era aquela em que o apresentador tinha convidados no palco com revelações “surpreendentes” e antes de contar os segredos falava: “para, para, para”. “Surgiu na época do ‘Teste de Fidelidade’ e então virou bordão não só aqui como em outros países também”, lembra.

João KléberDivulgação

SENSACIONALISMO

Entre os casos típicos abordados pelo programa, já teve uma tia que arrumou emprego para a sobrinha de cheiradora de pum, uma filha que revelou para a mãe que comia maquiagem para ficar bonita por dentro e uma esposa que revela ao marido que ela só toma banho aos sábados. “O sensacionalismo é subjetivo. O que para uns pode ser sensacionalista, para outros pode ser uma forma de mostrar a realidade. Meus programas de hoje são, na verdade, mais de humor do que qualquer outra coisa. O ‘Você na TV’ tem alguns casos sérios e outros que tem que levar para o humor. Tento levar o programa para um lado mais irreverente”, defende.

NADA DE ATORES

Desde a estreia do ‘Você na TV’, em 2013 — ficou no ar por três anos —, surgiram notícias de que os participantes eram atores contratados. João refuta a teoria. “Se fossem atores, colocaríamos todos para fazer novela na Globo, não é mesmo? Porque são bons demais (risos). Deve ter umas pessoas que vêm para sacanear, e eu também não sou nenhum imbecil, tanto que eu mesmo pergunto se aquilo é verdade. A pessoa se inscreve e revela o segredo. Já chegou no meu ouvido que pessoas já estiveram em outros programas também, mas aí quem se inscreveu no outro programa se inscreveu aqui também. A inscrição é livre”, esclarece.

O programa ‘Você na TV’ saiu da grade da RedeTV! em maio de 2016. “Ele nunca foi descartado, saiu do ar porque eu queria me dedicar ao ‘João Kléber Show’”, garante. Boatos dão conta de que o retorno do programa diário à grade é para alavancar a audiência do ‘RedeTV! News’, telejornal comandado por Bóris Casoy, mas Kléber desconversa. “As questões estratégicas de programação devem ser todas esclarecidas com o superintendente artístico ou com o diretor de programação da emissora”, afirma.

PIADA PRONTA

Paulistano de 58 anos, João conta que sempre foi polêmico. Até mesmo quando era humorista, quando fazia sátiras de políticos. “Poucas pessoas sabem disso, mas fui um dos humoristas que fez mais sátiras políticas da minha geração. Depois de Chico Anysio, Agildo Ribeiro, fui o humorista que ficou 10 anos ininterruptos com sua peça em cartaz no Rio de Janeiro. Na época, o presidente era José Sarney e em São Paulo o prefeito era Jânio Quadros. E nada mudou. Só mudou o nome dos políticos”, compara. “É sempre bom para o humorista que o país esteja nessa situação em que o Brasil está, por exemplo. Difícil deve ser fazer humor na Suíça, na Noruega. Mas no Brasil é mole, a piada já vem pronta”, completa.

No ar de segunda a domingo, com exceção de sábado, João não tem medo do público se cansar de vê-lo praticamente todos os dias na TV. Ele até consideraria ir ao ar aos sábados também. “Dependendo do que for, do formato do programa, sem problemas. Não tenho medo de trabalhar, sou um cara ativo”, diz.

João KléberDivulgação

BIQUÍNI E TRAIÇÃO

João diz que mulher de biquíni na TV não é garantia de audiência. “Depende. Não basta colocar a mulher de biquíni. Tem que ver o que ela vai fazer, senão a gente colocaria um monte de assistente de palco de biquíni”, observa. O apresentador lembra que todos os formatos criados por ele são sempre pensados no cotidiano do telespectador e no seu poder de identificação rápida. “O próprio ‘Teste de Fidelidade’, todo mundo trai e, se não trai, já foi traído ou conhece alguém que já traiu, então é um assunto que prende. Tanto que o programa (‘Teste de Fidelidade’) é sucesso em mais de 20 países e não é à toa”, explica.

TROFÉU IMPRENSA

Apesar do sucesso, João tem uma frustração. Nunca recebeu um Troféu Imprensa, prêmio concedido por Silvio Santos aos destaques na TV do ano anterior escolhidos pelo público e depois por jurados. Você se acha vítima de preconceito? “Pode ser, mas também brinco bastante com isso e admiro muito o Silvio (Santos). Sei que ele gosta muito de mim porque já me disse isso pessoalmente. Mas o Troféu não depende dele. Brinco, pedindo o Troféu não como apresentador e sim por revelar os segredos mais loucos do mundo. Se tivesse essa categoria, queria ver se eu não ia ganhar”, torce.

É no diretor Alfred Hitchcock que o comunicador se espelha para prender a atenção do espectador até o último segundo. “Se ele que era um gênio fez, por que não posso me inspirar nele?”, questiona. 

Você pode gostar