Por karilayn.areias

Rio - Houve um tempo em que as locadoras de vídeo ocupavam vários cantos da cidade e eram a única forma de os cinéfilos se atualizarem sobre as novidades do cinema. Pouco a pouco, os serviços de streaming pela internet, a TV a cabo e a pirataria acabaram se tornando principais vilões e responsáveis pelo fechamento de inúmeras casas. Mas um espaço dedicado ao que passa nas telonas vem resistindo a tudo isso: a Cavideo, uma das últimas locadoras da cidade, na Cobal do Humaitá.

Locadora Cavideo foi aberta em 1997 e chamou a atenção de cinéfilos%2C estudantes de cinema e artistasDivulgação

"Nós somos uma resistência cultural. Se antes a locadora era o nosso lucro, hoje criamos outras alternativas para manter a Cavideo viva", conta o proprietário Cavi Borges, ex-lutador de judô, que hoje trava novas batalhas.

Em 1997, Cavi sofreu uma lesão no quadril e ficou fora do tatame, sua então paixão. O sonho do Pan-Americano se encerrava e, para matar um pouco a saudade do esporte, assistia a diversos filmes sobre lutas e artes marciais. Foi ali um grande encontro que gerou o "filhote", Cavideo. O espaço abriu e foi colocando nas prateleiras clássicos difíceis de encontrar. Coleções completas de nomes consagrados como Felini, Chaplin, Hitchcock, Stanley Kubrick e muitos outros.

A locadora ganhou a atenção não apenas de estudantes de cinema e cinéfilos, mas também de artistas como Selton Mello, Wagner Moura, Paulo José e Adriana Esteves. "As pessoas nos procuram porque sabem onde encontrar filmes que nem na internet seriam fácil de achar", conta Sandra, gerente da Cavideo há 15 anos.

CINEASTA

Em 2015, completamente absorvido pela arte, Cavi entrou na faculdade de cinema e abriu sua produtora. Produtor, diretor, roteirista, ele fez diversos filmes com baixíssimo orçamento (mais de 30 longas e 96 curtas). Sua capacidade de transformar pouco investimento em filmes premiados, o agora cineasta promove em palestras em diversas escolas de cinema pelo país. Grande entusiasta, ajudou a abrir mais de 20 cineclubes pela cidade, principalmente em lugares periféricos onde só há acesso à cultura de massa.

"Arte é educação", afirma Cavi, que pretende continuar a não só produzir filmes, como distribuir através de sua distribuidora. Enquanto isso, a locadora Cavideo continua fazendo a alegria de seus fãs.

Reportagem da estagiária Bruna Motta

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