Camila Morgado, a Gabriela de 'Malhação: Vidas Brasileiras' - João Cotta/TV Globo
Camila Morgado, a Gabriela de 'Malhação: Vidas Brasileiras'João Cotta/TV Globo
Por texto gabriel sobreira

Rio - Camila Morgado, 42 anos, é sempre instigada por personagens marcantes. O próximo desafio da atriz é viver Gabriela, a protagonista de 'Malhação: Vidas Brasileiras', que estreia quarta-feira, na Globo. "Ela (Gabriela) rompe o muro da escola e vai até o adolescente para entender o que acontece com ele", defende a atriz. A novela vai mergulhar na vida de cada um dos 17 alunos do primeiro ano do ensino médio da fictícia Escola Sapiência para tratar de questões como drogas, machismo, desemprego, idealização do corpo, racismo, assédio, intolerância religiosa e maternidade precoce, entre outros temas. "Sim, eu já fui vítima de assédio. Acho que como a maioria das mulheres já teve alguma história com esse tema", revela a atriz. E qual foi a sua reação? "Já reagi de várias formas. Já tive situações em que eu fiquei acuada e achei que a culpa fosse minha, até entender que não era. Já fiquei com raiva e consegui falar e conversar com a pessoa", responde.

MAIS ESCLARECIMENTO

Como a novela trata de temas extremamente necessários, como intolerância religiosa e gordofobia - que afetam adolescentes e adultos -, o assédio é mais um que terá luz no folhetim. "Acho que isso é um papel muito importante: poder conversar, estar aberto ao diálogo para falar sobre essas questões que várias pessoas podem se identificar e, a partir disso, chamar o público para compreender as coisas", observa.

Camila diz que ainda somos uma sociedade que não respeita as diferenças e a diversidade. "Ainda somos uma sociedade machista e extremamente racista", frisa. Mas a atriz não perde as esperanças na humanidade. A heroína da história da Globo acredita que caminhamos para um esclarecimento cada vez maior. "E também caminhamos para ter uma abertura ao diálogo. Mas também acho que esse caminho está sendo com muito esforço; essa abertura ao diálogo ainda acontece com esforço, assim como o esclarecimento que a gente está tendo - tudo com muito esforço", pondera.

TRAMA

Na novela escrita por Patricia Moretzsohn, a personagem de Camila é uma professora de Português e Literatura, moradora de Botafogo, na Zona Sul do Rio, que faz da escola onde leciona uma extensão da sua vida. "A Gabriela pensa no outro mais do que nela mesmo, é assim com os alunos, família. Isso é muito legal", comemora ela, ainda muito lembrada por suas personagens Manuela, na minissérie 'A Casa das Sete Mulheres', em 2003, e no filme 'Olga', no ano seguinte. "As pessoas me reconhecem muito por Olga, um papel que tive muito orgulho de fazer. Já a minissérie completa 15 anos agora", brinca.

TRIÂNGULO AMOROSO

Casada com Paulo (Felipe Rocha) e mãe dos gêmeos Alex (Daniel Rangel) e Flora (Jeniffer Oliveira), e da caçula Mel (Maria Rita), Gabriela ficará balançada quando seu ex aparecer. Ele é o fundador de uma ONG, que fecha uma parceria com o colégio onde Gabriela trabalha e ficará ainda mais perto dela. "O Paulo é uma pessoa que não consegue dividir muito. Ele quer a Gabriela só para ele. Acho que ele vai ter que aprender a lidar com isso melhor. E o Rafael, sei que vai mexer bastante na minha relação familiar com meu marido. Não sei onde vai chegar isso. São 300 episódios", desconversa.

SEM FILHOS E GOLPE

Camila conta que não tem pressa para ser mãe e que esse é um direito da mulher. "O de escolher se quer ou não ter filhos", explica. Para a atriz, essa decisão não está atrelada à onda de violência, mas a um desejo pessoal. "Acho que o mundo sempre foi violento, mas o que me assusta é viver em um país onde o cidadão não tem seus direitos. Ele não tem direito à educação, não tem direito à saúde, nem à cultura e à segurança. Isso, sim, me assusta: você fazer parte de um governo que age dessa forma", frisa. E qual sua opinião sobre o atual governo? "Não compactuo com o governo que está aí. Para mim, ele é ilegítimo. Acho que a gente enfrentou um golpe, continua passando pelo golpe. Vamos torcer para as eleições", desabafa.

SEM REDE SOCIAL

O fato de as mulheres serem julgadas o tempo todo, seja pela roupa que usam, com quem dormem, o que falam, o que deixam de falar, ainda incomoda Camila. "Mas acho que a gente também está avançando para desconstruir essas questões", reforça a atriz, que não tem nenhuma rede social. "Mas porque eu escolhi não ter por questão de tempo e também pela privacidade - por manter mais a minha privacidade. Mas eu acho que isso, hoje em dia, está mudando muito. Estou mudando muito a respeito e estou querendo abrir um Instagram", diz. "É uma coisa que eu já estava pensando e que cada dia está ficando mais urgente. Eu vou realmente parar uma horinha aqui e abrir uma conta no Instagram", acrescenta ela, que sempre quis trabalhar para o público jovem. "Era uma coisa que eu não parava para pensar. Às vezes, a gente como atriz acaba escolhendo os papéis pelos personagens. No meu caso, o personagem é incrível. Mas eu também tenho um público com quem eu gostaria muito de me comunicar. Talvez não teria tido outra oportunidade se não fosse pela 'Malhação'", destaca.

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