Cena da série 'Rio Heroes', com Priscila Fantin - Pablo de Sousa/Divulgação
Cena da série 'Rio Heroes', com Priscila FantinPablo de Sousa/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Rio - A expressão "dar o sangue pelo trabalho" é levada ao pé da letra por Priscila Fantin na série baseada em fatos reais 'Rio Heroes', da Fox Premium. Nos bastidores, a intérprete da lutadora Claudinha Pitbull rasgou a mão ao dar um golpe no saco de pancada. "Estava muito empolgada. Me machuquei porque cheguei ao set e fiquei na pilha de que precisava treinar, fazer alguma coisa. Aí, resolvi bater no saco, mas fui bater no saco sem luva e rasguei a mão. E o produtor falou: 'Só não se machuca, por favor'. Eu rasguei a mão e fiquei bem quieta, só contei pra ele meses depois de gravar", lembra a atriz, aos risos.

A produção

Na série de cinco episódios, o último vai ao ar dia 24, Claudinha (Priscila) é a única mulher que está entre os "kamikazes" recrutados por Jorge Pereira (Murilo Rosa), um ex-lutador que quer resgatar a época em que se brigava sem regras ou luvas. O campeonato clandestino de vale-tudo acontece em um galpão, em Osasco (SP). A luta é transmitida ao vivo para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde o sinal é distribuído pela internet. As apostas são feitas por sites americanos.

Como as lutas não ocorrem nos Estados Unidos, apenas as apostas, o evento não é ilegal por lá. Como as apostas são feitas nos Estados Unidos, não no Brasil, o evento não é ilegal aqui. "A minha personagem tem uma fala que é: 'Os homens têm certeza de que vão ganhar de mim. No primeiro minuto, eles vão perder a certeza e os dentes. Eu sou a Pit'", cita, orgulhosa.

Cena da série 'Rio Heroes', com Priscila Fantin - Pablo de Sousa/Divulgação

Elenco

Além de Priscila Fantin e Murilo Rosa, estão no elenco André Ramiro, Duda Nagle, Giovanni Gallo, Miguel Nader, Charles Paraventi, Bruno Bellarmino, Giovanni Gallo, Luiz Guilherme, Rafael Losso, Ronny Kriwat e Ingrid Gaigher. "Os bastidores eram bem gostosos. Todo mundo estava muito a fim de estar ali, com raça, entregue", derrete-se.

Quando chegou o convite, Priscila Fantin não pensou duas vezes - a personagem foi escrita especialmente para ela. "Quando assistia ao UFC, já tinha vontade de estar no ringue. Acompanho e gosto muito de fazer personagens diferentes. Foi um prato cheio e aceitei na hora", lembra. Para a atriz, não foi muito difícil entrar no clima da personagem. "Já tinha feito na minha vida muay thai, boxe, capoeira e taekwondo. E para fazer a Pit, eu precisava perder a aflição de receber um golpe e o medo de bater e machucar. Trabalhei bastante isso com o meu professor, Gustavo Ximu", explica.

Na história, Claudinha, ou Pit como também é chamada, vive para provar que pode bater em qualquer homem. Ela não aceita desaforos e é facilmente irritável. É mestre em muay thai. Seu chute é absurdamente forte. Nunca perdeu uma luta.

Treinamento

A preparação para a personagem ainda incluiu aprender mais a fazer quedas de wrestling - luta profissional - e golpes no chão de jiu-jitsu. "Foi um treinamento de uns oito dias e três horas diárias", conta. E quais mudanças no corpo você sentiu? "O corpo ficou mais inchado. Os músculos incham, ficam mais pesados. Não tenho muito essa vaidade com o corpo. Sempre moldo o meu corpo de acordo com o personagem. Era o que a Pitty precisava e fiquei superfeliz com o resultado. E foi só aquilo, passou e já estou fazendo outra coisa", diz ela, que interpreta uma personagem homossexual na peça 'Além do Que os Olhos Registram', em São Paulo.

Teatro

No espetáculo, Priscila vive Sofia, uma jovem que enfrenta o preconceito da mãe, Violeta (Letícia Birkheuer), ao assumir que gosta de garotas. A jovem encontra apoio na avó, Delfina (Luiza Thomé), que é uma mulher independente e livre de preconceitos. "A peça fala de homofobia, preconceito racial, principalmente do respeito que a gente não tem pelas escolhas do outro", define Priscila.

A atriz frisa que é muito gratificante participar desse projeto principalmente por ser um tema necessário. "Como o assunto é pesado e denso, quando a gente trata de uma forma mais leve, todo mundo se diverte muito e a mensagem vai penetrando. No final, tem uma lição sobre amor que todo mundo sai de lá dizendo que se transformou, que parou para pensar, refletiu. Acho que a principal função do teatro, que é transformar conceitos já pré-estabelecidos pela sociedade, está sendo cumprido", atesta.

Novelas

Longe das novelas desde 2016, ao interpretar Diana em 'Êta Mundo Bom!' - ela também fez uma participação no mesmo ano em 'Haja Coração', ambas na Globo -, Priscila Fantin revela que é sempre cobrada pelos fãs para retornar à TV aberta. "Todo mundo fala: 'volta a fazer novela, volta'. Eu curto muito fazer séries e obras menores porque consigo conciliar com minha vida pessoal, que é algo que eu não abro mão", justifica ela, que também é lembrada pela protagonista Serena, de 'Alma Gêmea', em 2005.

Romeu

O tempo livre a que Priscila se refere é para curtir e cuidar do filho Romeu, de 6 anos - fruto do antigo relacionamento com o também ator Renan Abreu. "A formação do caráter vai até sete anos de idade. Mas desde sempre, até quando ele nem falava ainda, eu já conversava com ele e explicava tudo como funciona. Ele está se transformando em uma pessoa muito íntegra, com senso de justiça, generosidade, caráter", baba a mãe coruja, que assumiu no começo do ano o namoro com ator Bruno Lopes.

Maternidade

Desde que a maternidade chegou, Priscila explica que suas prioridades, responsabilidades e rotinas mudaram completamente. "Não tinha muitas expectativas de como seria como mãe. Só sentia muita vontade de ter um filho. Na gravidez, todo mundo falava: 'Faz curso disso, daquilo'. Eu não fiz curso nenhum porque acho que cada uma é de um jeito, cada corpo é de um jeito, cada filho vai ser de um jeito. Temos que estar aberta com todo amor e paciência do mundo para saber o que fazer e como lidar com as diversas situações que a gente enfrenta como mãe", conta. Priscila fala que sempre teve muito respeito pelo filho. "Sou muito sincera e realista com as perguntas que ele me faz, e sempre me preocupei mais com a educação, formar um ser humano de caráter em um mundo tão perdido que a gente está. Ele tem que ser íntegro porque o mundo está corrompido", frisa.

Causas sociais

Paralelamente à carreira de atriz e à vida de mãe, Priscila segue engajada às causas sociais. Ela continua como conselheira da IKMR ('Eu Sei Meus Direitos', em inglês), única organização não governamental brasileira que se dedica especificamente às crianças que estão refugiadas no Brasil; é madrinha do Street River, a primeira galeria de arte a céu aberto da Amazônia e do Ballet Manguinhos, projeto de dança e leitura para jovens do Complexo de Manguinhos, na Zona Norte do Rio. "Estou projetando mais visitas para instalar filtros da 'Waves for Water' para minimizar as doenças causadas pela falta de água potável no mundo. Por enquanto, estive em Belém (PA) e na Selva Amazônica peruana. Pretendo ir à África neste ano", conta.

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