Professor Rômulo Bolivar, que apresenta o 'Como se Escreve' - Reprodução
Professor Rômulo Bolivar, que apresenta o 'Como se Escreve'Reprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Quem nunca ficou com dúvida na hora de escrever uma palavra que atire a primeira pedra. Foi pensando em esclarecer dúvidas que assolam a mente de todo brasileiro que o canal TV Escola, desde ontem, exibe o 'Como se Escreve', com o professor Rômulo Bolivar. No total são 48 episódios de três minutos cada.

"Vamos tratar sobretudo daquelas palavras que o corretor ortográfico geralmente não resolve, como descriminar e discriminar, afim (junto) e a fim (separado)", explica o carioca, de 36 anos, que tem 16 anos como professor e faz sua estreia na TV.

"Vamos discutir alguns desvios de escrita motivados pela fala informal como a supressão do 'r', que na oralidade não faz falta, mas pode causar transtorno na escrita pela ambiguidade. 'Curtir' (ação) e 'Curti' (ação no passado) são pronunciadas de forma igual na maior parte do país, entretanto, se escrevermos igual pode ser uma catástrofe", ensina Bolivar, que ensina no canal do YouTube, ProEnem, com 671 mil inscritos.

Para o professor, o corretor ortográfico é um aliado na hora da escrita. Ele defende que o mais importante são a clareza das ideias expressas e o raciocínio em relação às informações. "O problema é quando o falante não conhece a escrita padrão e o corretor aceita formas diferentes como em 'seção', 'cessão' e 'sessão'. Não há corretor que resolva. Neste caso, a opção é do usuário da língua, que além de saber que todas as formas estão certas, vai precisar eleger aquela adequada à sua intenção discursiva", explica Bolivar, que vê o WhatsApp e outras ferramentas como amigos da língua portuguesa. "As redes sociais têm motivado cada vez mais a prática da escrita. E isso é ótimo! O problema é o indivíduo querer escrever numa redação como escreve no celular. Neste caso, o problema é falta de adequação e não a existência de determinado recurso ou outro", diz.

Como encara os memes com erros de ortografia? "Às vezes, acho que com os erros fica até mais engraçado ainda. A língua culta evoca um contexto de formalidade que não tem nada a ver com o objetivo dos memes, que é divertir da forma mais descontraída possível. Só aviso aos meus alunos que, se escrever igual no ENEM, não passa porque lá a finalidade da língua é outra", ensina ele, bem-humorado, que sonha em ter um programa de maior duração na TV. "Além de falar sobre questões de escrita formal, poder expor a história das palavras na nossa língua seria um outro sonho realizado. Vamos torcer. Quem sabe?!", deseja.

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