João Cavalcanti e Marcelo Caldi..Foto: Eduardo Martino / Zuppa Filmes.06.04.2018 - fotos EDUARDO MARTINO
João Cavalcanti e Marcelo Caldi..Foto: Eduardo Martino / Zuppa Filmes.06.04.2018fotos EDUARDO MARTINO
Por RICARDO SCHOTT

Rio - João Cavalcanti saiu do grupo de samba Casuarina, mas prefere nem falar em carreira solo. "Nem é o começo de minha carreira e nem existe carreira solo propriamente dita. Estarei sempre associado a gente que admiro e em quem confio, e só por isso é possível viver de música no Brasil", conta ele, que lança agora um CD ao lado do acordeonista Marcelo Caldi, 'Garimpo'. Em 2012, ainda em sua ex-banda, lançou um CD sozinho, 'Placebo', que não conseguiu trabalhar direito. "Estava num grupo, com suas próprias dinâmicas, questões. Sob essa ótica, é um recomeçar", conta.

Por que a decisão de sair do Casuarina? "Há algum tempo que eu me reconheço primordialmente compositor. Me enxergo um veículo de mim mesmo, minha voz é um instrumento do que eu tenho a dizer. O Casuarina dava indícios de que estava abrindo mão do repertório próprio para reforçar um repertório de baile que já não me interessava cantar", conta. "Foi um processo gradual, que foi afastando os meus anseios dos demais integrantes. Justamente por isso a decisão, quando tomada, pareceu tão óbvia. Eu nunca tive intenção de me manter atado a um coletivo apenas por conveniência e medo do porvir".

O grupo lançou o disco ' 100', só com material inédito, mas não autoral.

PARCERIAS

O disco partiu da dupla. "A gente se procurou", conta João, parceiro de Caldi há bastante tempo. "Somos muito amigos e temos uma gigantesca confiança mútua". Fruto da união dos dois, o álbum ainda é repleto de outras parcerias. 'Consumido', com letra em espanhol, foi feita ao lado do uruguaio Jorge Drexler. Joyce Moreno divide a autoria de 'Dia Lindo'. 'Domingos' é parceria com Zé Renato. 'A Causa e o Pó' é de João com o pai, Lenine e tem o português António Zambujo em participação vocal, gravada em Lisboa.

Caldi, que ainda fez duas com João para o disco, contribui com 'Serpentina', parceria com Edu Krieger. Já 'O Nego e Eu', só de João, foi criada a partir de uma ideia de Roberta Sá. 'Pêndulo' foi feita ao lado do sambista Claudio Jorge. "A parceria foi pedida durante uma entrevista de rádio. Ele me entrevistou e me perguntou sobre os meus parceiros. Falei, brincando: 'Só falta você!'", conta João, que foi avisado no ar pelo futuro parceiro que receberia uma melodia.

Já 'Na Varanda' foi feita com Tiê e Plínio Profeta, numa época em que João e a cantora estavam tendo seus discos produzidos por Plínio. "O disco dela estava mais adiantado que o meu e faltava uma letra. O Plínio gosta das coisas que eu escrevo e me pediu pra fazer uma letra, que virou 'Na Varanda'", recorda João, que vem desenvolvendo seu lado de letrista há algum tempo. "Desenvolver um bom argumento é um trabalho que também gosto muito de fazer. Não há regra, a bem da verdade, cada canção tem sua própria história. Leio mais romances, biografias e filosofia do que poemas. Pra compor é preciso algum nível de desconforto".

ATOR

O disco rendeu um clipe, de 'Indivídua', dirigido pelo ator Alexandre Nero, no qual João contracena com Camila Pitanga. "Eu comecei as filmagens em pânico e terminei assustadoramente tranquilo e feliz, embora exausto! Não tinha nenhuma experiência como ator e, quem sabe, faço de novo!".

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