Jorge: mais
Jorge: mais "conteúdo novo" no r&b Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Comentadíssimo nas redes sociais por ter assumido um relacionamento com um rapaz, Lulu Santos tem outras facetas pouco citadas e mais artísticas. Uma delas é a de produtor: ele cuidou de discos de um número considerável de artistas (Titãs e Premeditando o Breque entre eles). E sempre fez questão de incentivar músicos que tocavam em sua banda e tinham trabalhos solo. Um dos beneficiados foi o baixista Jorge Ailton, que acaba de lançar seu terceiro disco solo, 'Arembi', com uma parceria com o patrão na faixa-título.

Mais: Ailton, que apresenta o repertórtio do álbum hoje, às 17h30, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, tem cantado seu novo single, 'Isso Que Não Tem Nome', nos shows do cantor. "Lulu sempre fez isso. Ele botou Nico Rezende pra cantar, Milton Guedes. Sempre deu essa moral! Arthur Maia cantava o hit 'Condição' com ele!", entusiasma-se Jorge. "E as pessoas não têm o costume de se ligar nos instrumentistas, né?".

Não por acaso, Jorge aproveitou para gravar no disco uma música sua chamada 'Coadjuvante', dedicada justamente àquelas pessoas em que poucos reparam - mas que estão lá.

"É um tema que martela na minha cabeça tem uns cinco anos, porque existe a pessoa que está lá para brilhar, mas tem também o cara que ajuda essa pessoa. Viu agora na greve dos caminhoneiros? As pessoas mal sabiam a cara dos caminhoneiros, mas de fato eles pararam o Brasil", conta Ailton, que vive a situação mais de perto ainda por ser baixista - baixo, afinal, é um instrumento que faz bem menos barulho dentro de uma banda.

"Minha mãe até me perguntava: 'Por que você quis ser baixista? O baixo nem aparece!'. Resolvi isso ligando meu computador e mostrando a ela a uma música, e depois tirando o som do baixo. Ela respondeu: 'Ih, ficou estranho! Agora eu entendi o som do baixo!'. Muita gente não presta atenção, porque apesar de ser um instrumento importante, ele realmente não aparece".

CONTEÚDO NOVO

'Arembi', uma brincadeira sugerida também por Lulu, é um aportuguesamento de r&b (rhythm and blues, rótulo genérico usado para definir o pop de raízes negras e o soul). No Brasil, o funk tem tomado mais espaço no pop do que o próprio r&b.

"Mas há muitos artistas de qualidade sem produção fonográfica constante. O Fanzine (banda estourada nos anos 1990, com 'Uma História de Amor') tá voltando, tá gravando material novo. O Edmon (hit na mesma época com 'Coração de Gelo') tem uma banda. Falta a galera desse estilo fazer mais show e lançar conteúdo novo. Tem as músicas maravilhosas do Tim Maia, do Hyldon, mas não adianta só tocar os sucessos", conta o músico, que por acaso é parceiro do autor de 'Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda' - compôs com ele 'Caroço', do disco novo.

PARCERIAS

Outros parceiros apareceram, como Fernanda Abreu (em 'Deliciosamente', com Alexandre Vaz), Ronaldo Bastos (em 'Sansara'), Mila Bartilotti (em 'Sine Qua Non') e o produtor Fael Mondego (em 'O Início', com Lourenço Monteiro). Jorge é letrista e escreve desde cedo ("eu participava de concurso de redação na escola", lembra) e diz que letra e música vêm juntas.

"Sai rápido, mas quando empaca, eu mando para os especialistas", brinca. "Eu sou bem crítico. Muitas vezes eu mesmo vetava as letras, falava: 'Isso aqui não tá legal'. Mas quando mando para algum amigo, vou vendo o que tem mais a cara dele. O Lulu curte beats, e mandei a melodia que virou 'Arembi' para ele", recorda.

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